Lima – O terceiro dia da ALAC, em Lima, no Peru, teve início pela manhã com a celebração eucarística presidida pelo Ministro Provincial da Espanha, convidado para esta assembleia, Frei Benjamín Echevarría Martínez. Em sua homilia, disse que os capuchinhos precisam ser missionários da misericórdia: “um dos maiores favores que podemos fazer aos nossos povos e à nossa humanidade é transmitir a imagem e a experiência de um Deus que é misericordioso”.
Na América Latina, em 2017, havia aproximadamente 500 jovens capuchinhos que são considerados formandos, ou seja, estão em seus primeiros anos de formação (postulantes, noviços e pós-noviços). E foi justamente sobre este grupo que Frei Sérgio Dal Moro, conselheiro geral da Ordem para o Brasil, falou.
O PORQUÊ DAS SAÍDAS
Uma grande problemática para os frades de todo o mundo, que não se restringe apenas à Ordem Franciscana, mas a toda vida religiosa, é a falta de perseverança vocacional, as desistências, aqueles que deixam de ser frades para migrar rumo a uma nova realidade. Frei Sérgio apontou razões para essas saídas: externas (como uma sociedade líquida, onde tudo é provisório, em que as coisas precisam acontecer imediatamente e que os projetos pessoais estão à frente dos coletivos e institucionais) e internas (como a falta de coerência entre aquilo que se pede aos frades jovens e aquilo que é vivido pelos mais velhos; falta de um acompanhamento mais personalizado e de profundidade nas orações cotidianas, transformando-as em algo automático).
“NÃO SABEMOS VIVER COM LIBERDADE”
Houve um tempo que “bom formando era aquele que melhor se integrava na disciplina. A vida era toda prevista por horários rígidos de oração, estudo, trabalhos manuais, recreio, silêncio, tarefas bem definidas, estudos bem programados, regulamentos, espaços permitidos e não permitidos, maneiras de se vestir… tudo era previsto […] dava-se ênfase ao que não se devia fazer, descuidando do que se devia fazer e, sobretudo, o que se devia SER.” Esse tempo passou e, mesmo com os esforços em “deixar as janelas abertas ao novo”, ainda é difícil para as ordens religiosas descobrir qual a sua identidade, num mundo tão diverso. É uma via de duas mãos, pois, segundo Dal Moro, também é difícil para os formandos encontrar essa identidade (pessoal e das ordens religiosas) já que as normas não determinam mais essa identidade.
A VIDA RELIGIOSA TEM FUTURO
Difíceis realidades exigem mudanças. O conselheiro geral apontou algumas pistas para solucionar tantas problemáticas, algo que o Concilio Vaticano II, há mais de 50 anos, apontava: voltar às fontes! Se realmente os formadores quiserem manter seus formandos eles precisam viver de acordo com os valores franciscanos, no nosso caso, e descobrir uma maneira de comunicá-los para os dias de hoje. Alguns valores fundamentais que propôs foram a vida fraterna, oração, missão, fidelidade ao evangelho, entre outros…
FALANDO SOBRE FORMAÇÃO…
Frei Evandro Souza (Brasil) e Juan Pablo (Guatemala) aproveitaram a assembleia dos latino-americanos para apresentar os trabalhos do Conselho Geral de Formação, setor da Ordem responsável pela formação de frades de todo o mundo. Esse setor tem realizado encontros com formadores em cada continente, com a finalidade de criar uma “Ratio Formationis”, ou seja, uma orientação única que deixe claro quais são os valores que não podem faltar na formação de um frade em qualquer lugar no mundo. A partir deste documento, cada cultura pode adaptar esses valores a sua própria realidade.
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Primeiro dia da Assembleia dos Capuchinhos da América Latina
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