Bem-aventurada Maria Crescência Höss

1787

Virgem religiosa da Terceira Ordem Regular (1682-1744). Beatificada por Leão XIII no dia 7 de outubro de 1900.

Foi no humilde lar de um tecelão de Kaufbeuren, na Baviera, que Crescência Höss viu a luz pela primeira vez, em 1682, mas, se seus pais eram desprovidos de bens deste mundo, puderam dar à filha o exemplo de piedade singela que Crescência – ou Ana, como era seu nome de batismo seguiu prontamente. Em tenra idade, quando rezava, certo dia ajoelhada na capela do convento das freiras franciscanas locais, ouviu uma voz que vinha do crucifixo e lhe dizia: “Este será o lugar de tua habitação”.

Quando, porém, seu pai pediu que ela fosse admitida, disseram-lhe que a pobreza da casa exigia um dote – e um dote ele não podia oferecer. Crescência se contentou em esperar, enquanto trabalhava nos negócios da família, até aos 31 anos de idade. A promessa realizou-se então de maneira inesperada. Ao lado do convento havia uma taverna cujo barulho era motivo de constantes aborrecimentos para as freiras. Quando se dispunham a comprá-la, o dono exigiu um preço proibitivo. Por último, adquiriram-na graças à benevolência do burgomestre protestante, o qual, como único testemunho de gratidão, pediu que Crescência fosse admitida na comunidade, afirmando que seria uma lástima se uma ovelha tão inocente permanecesse no mundo. Seu desejo foi atendido, e ela entrou na Ordem Terceira Regular de São Francisco de Assis.

Sua vida durante os primeiros anos deveria ser de humilhações e perseguições, porque as superioras e as freiras não se esqueceram de que ela entrara no convento sem levar um centavo. Zombavam dela, como sendo uma mendiga; davam-lhe os trabalhos mais desagradáveis, e, por fim, chamavam-na de hipócrita. No início, ela tinha ainda uma pequena cela, mas esta lhe foi retirada e dada a uma noviça que tinha trazido dinheiro. Durante três anos ela pediu, ora a uma ora a outra das irmãs, que lhe permitisse dormir no assoalho de suas celas. Por fim, concederam-lhe um pequeno canto escuro e úmido da casa. Considerando como seu dever aceitar todas as humilhações, Crescência recusou a compaixão das freiras mais jovens que reclamavam contra o tratamento com que era tratada. Felizmente, foi nomeada uma nova superiora que demonstrou mais caridade e mais discernimento. Por fim, as freiras reconheceram que o tinham uma santa em seu meio e a escolheram como mestra de noviças e, por último, também como superiora. Ela tinha muitas visões e êxtases, além de uma experiência mística dos sofrimentos de Nosso Senhor que durava, cada sexta-feira, das 9 da manhã até às 15 horas, culminando muitas vezes num completo estado de inconsciência. Além disso, sofria muito com os assaltos das potências do mal.

Crescência reprimia sempre as críticas desapiedadas, defendendo invariavelmente as irmãs ausentes. Severa para consigo mesma, ela dizia às irmãs: “As práticas que mais agradam a Deus são as que ele mesmo nos impõe – ou seja, o suportar humilde e pacientemente as adversidades que ele nos manda ou que nosso próximo nos inflige”. Sua influência estendeu-se pouco a pouco para além dos muros do convento, e as pessoas que vinham consultá-la partiam impressionadas com sua sabedoria e falavam aos outros a seu respeito: chefes da Igreja e do Estado visitavam a filha do tecelão ou se correspondiam com ela, e até hoje seu túmulo é visitado por peregrinos. O Papa Leão XIII beatificou-a em 1900.

O decreto de beatificação, que dá um resumo da vida de Crescência Hõss, acha-se impresso em Analecta Ecclesiastica, vol. VIII (1900), p. 455-457.

Fonte: Franciscanos.org

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