Caminhada Penitencial chega à 30ª edição

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Pela 30ª vez, no próximo domingo, dia 8 de março, os devotos de Frei Bruno Linden sairão às ruas de Joaçaba para a Caminhada Penitencial Frei Bruno, numa demonstração de fé e penitência como já se tornou tradição nesta cidade, sempre no segundo domingo da Quaresma. A Caminhada tem início às 8 horas e os penitentes percorrerão cerca de 3,5 quilômetros até o Cemitério Frei Edgar, onde está o túmulo do frade desta Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil.

Esta Caminhada será um momento forte de Ação de Graças: 30 anos da Caminhada, 60 anos da morte de Frei Bruno e a aprovação dos documentos da Causa de Frei Bruno pela Congregação para as Causas dos Santos, presidida atualmente por Dom Giovanni Angelo Becciu. Devido a essas celebrações, espera-se uma das maiores concentrações de peregrinos nesta Caminhada Penitencial.

A concentração para a Romaria acontece em frente à Catedral Santa Terezinha e depois segue pela rua 15 de Novembro e pela rua Caetano Branco até chegar no Cemitério Municipal Frei Edgar, onde está o jazigo do frade. Ali será celebrada a Santa Missa. O frade peregrino, que viveu e pregou a penitência, continua sua missão depois de morto, repetindo à multidão a admoestação de Jesus: ‘Convertei-vos e crede no Evangelho!’ (cf. Mc 1,15).

A Romaria começou por iniciativa popular. Segundo o então deputado estadual Iraí Zílio, depois que Frei Bruno morreu muito se falava dos fatos e milagres que eram a ele atribuídos. “Isso aumentou a minha fé e minha admiração. Então, comecei a pensar que algo precisava ser feito por ele, para aquela alma tão bondosa. Pensava que precisava ser feita uma capela, uma romaria, e eu associava isso ao povo”. Com ajuda do seu primo, da família Weiss e apoio de amigos, Zílio viu nascer a primeira romaria, que contou com a participação de cerca de 10 mil pessoas em fevereiro de 87.

A Romaria, contudo, não continuou no ano seguinte porque o Vigário da Paróquia de Joaçaba entendia que ela não deveria ser realizada todos os anos. “O povo aderiu e foi uma manifestação espontânea de fé. Não saiu de mim. Passaram-se dois anos e voltou-se a fazer as romarias ao jazigo de Frei Bruno, agora dentro do calendário religioso da comunidade”, explica Zílio.

O processo da Causa de Frei Bruno recebeu o “nihil obstat” (nada contrário) no dia 7 de maio de 2013, quando o Cardeal Angelo Amato, então prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, enviou documento a D. Mário Marquez informando não existir impedimento para iniciar oficialmente o processo de beatificação do frade franciscano da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. No mesmo ano, no dia 30 de outubro, foi instalado o Tribunal Eclesiástico da Diocese, formado por: Pe. Davi Lenor Ribeiro dos Santos, delegado do bispo, Pe. Clair José Lovera, promotor de justiça; Michelle Selig, notária (secretária); e Cláudio Orço, notário auxiliar. Trabalhou neste processo também uma Comissão histórica formada por Frei Clarêncio Neotti e a historiadora Iraci Lopes, que teve a missão de recolher toda a documentação sobre Frei Bruno, tudo o que se escreveu sobre ele e todas as referências à vida e santidade de Frei Bruno. Também é vice-postulador desta causa Frei Alex Sandro Ciarnoscki, hoje residindo na Fraternidade de Pato Branco (PR).

A Romaria de 2013 contou com a participação do bispo diocesano Dom Frei Mário Marques, do então Vigário Provincial Frei Estêvão Ottenbreit e do postulador franciscano da causa dos santos que reside em Roma, Frei Giovangiuseppe Califano, que pôde testemunhar essa devoção popular em vista da Causa de Frei Bruno.

O Processo está na Fase Romana

A Congregação para as Causas dos Santos, presidida atualmente por Dom Giovanni Angelo Becciu, deu parecer positivo à causa de Frei Bruno em dezembro do ano passado. Esse parecer está sendo submetido a votações de uma comissão teológica e, depois, passará por uma comissão dos bispos e cardeais membros da Congregação. Se eles decidirem pela continuidade da causa, enviarão ao Papa o pedido para um decreto de reconhecimento das virtudes heroicas. Se o Papa aceitar a solicitação, o candidato passará a ser chamado “venerável”.

Para ser beato, ou bem-aventurado, que significa representar um modelo de vida para a comunidade, será necessário o reconhecimento de um milagre realizado por intercessão do Servo de Deus. No caso de Frei Bruno, já existem relatos de graças e eventuais curas que serão analisadas pelo Tribunal da Diocese de Joaçaba. “Deve-se, portanto, incentivar o povo cristão a pedir um milagre pela intercessão de Frei Bruno”, enfatiza o vice-postulador Frei Estêvão Ottenbreit, que é guardião na Fraternidade do Antonianum em Roma.

Depois, ainda é preciso passar por mais uma fase: a canonização. Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de outro milagre, que deve ocorrer após seu reconhecimento como beato.

Frei Estêvão lembra que é importante rezar e comunicar as graças alcançadas. Além disso, destaca a importância de se documentar o antes, o durante e depois desse momento. “A nossa esperança é muito grande. Frei Bruno, na pobreza e na simplicidade em que viveu, visitando as famílias, como um incansável missionário, é exatamente o que o Papa Francisco quer: uma Igreja que não fica dentro da sacristia mas que sai para as ruas, visita as famílias, tem contato com o povo. E isso dá uma grande esperança quando tomar tomar conhecimento. Ele vai se reconhecer em Frei Bruno”, acredita.

Outro ponto que Frei Estêvão lembra são os custos de todo o processo. “Até agora, vamos a dizer assim, a Diocese, a Província da Imaculada e a Paróquia de Xaxim custearam as despesas, mas chegou o momento de pedir ao povo por essa ajuda”, avalia.

Por Moacir Beggo

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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