Dia Internacional da Mulher

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Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulher

Pensar a mulher…Falar da mulher…

Descrever a mulher….

Sempre uma alegria e um desafio!

Sempre uma memória e uma esperança!

 

Na década de 80, a diocese de Rondonópolis/ MT, elegeu como uma das prioridades fortalecer as Comunidades Eclesiais de Base. Eram realizados anualmente encontros com representantes das comunidades, chegando a 180 participantes. Num desses encontros, que na maioria das vezes o número de mulheres era maior do que de homens, uma das mulheres perguntou: “ Por que em São Paulo as mulheres fazem passeatas batendo panelas e aqui as mulheres não fazem?

No momento ninguém respondeu, então eu pensei. Vou fazer outra pergunta: Vocês acham importante as mulheres se reunirem para falar sobre suas necessidades, suas vidas, seus problemas, seus sonhos?

Neste momento a semente se partiu e nasceria um broto que cresceu e começou uma nova pastoral no conjunto das pastorais sociais da diocese: a pastoral da mulher.

Era preciso agilizar para não deixar apagar a chama que começava a arder. Era o ano de 1982, mês de março. Neste mesmo dia houve conversa com algumas mulheres sobre o assunto e muito animadas iniciamos os primeiros encontros para clarear as ideias e definir alguns passos.

O grupo se fortaleceu pela novidade e pela necessidade que as mulheres sentiam de expressar suas buscas e sua realidade dentro das comunidades eclesiais e sobretudo partilhar suas vivências do cotidiano.

À medida que participavam, também nasciam pequenos grupos nas comunidades com os mesmos objetivos. Era importante falar e ouvir… O tempo passando e a caminhada se fazendo.

No dia 21 de julho de 1986, a Paróquia São José Operário sediou o primeiro encontro diocesano com a participação de 165 mulheres. O tema de estudo foi: As mulheres na Bíblia. Na época se falava em “Nova Sociedade” e as mulheres na Bíblia poderiam ser luz para a luta das mulheres em sua realidade.

Além do estudo, rodas de conversa para que surgissem ideias e propostas importantes para fortalecer a caminhada.

Um compromisso assumido foi organizar uma programação especial a cada ano no dia 08 de março para estudo, reflexão e troca de experiências. Desde então, o dia da mulher foi comemorado com a articulação da Pastoral da Mulher, até que nos anos 90 a secretaria municipal dos direitos da mulher assumiu esta programação e a pastoral continuou participando como convidada.

O que marcou a vida das mulheres na diocese foi a capacidade crescente de se organizar em pequenos grupos, em suas comunidades, e realizar atividades artesanais e outras que ajudassem no orçamento familiar, pois várias sustentavam sozinhas seus filhos.

Muitos desses grupos continuam vivos até hoje, porém, em função da pandemia, foi preciso repensar a sustentabilidade, criando alternativas para comercializar suas produções.

Um elemento que sustentou os grupos foi a participação em Assembleias anuais e Congressos, onde era avaliado o plano anual de atividades e elaborado o novo plano de ação. Estas atividades tinham força de unidade, criatividade e davam rumo para o novo ano.

Na década de 2000, já somavam 40 grupos, com uma rica história registrada. Impossível relatar aqui as maravilhas vivenciadas por estes grupos.

O tempo foi passando, a diocese mudou sua metodologia, as pastorais ficaram centralizadas nas paróquias e a pastoral da mulher seguiu o mesmo caminho. Os grandes encontros, as assembleias diocesanas e congressos passaram, mas os grupos de mulheres nas comunidades prosseguem animados.

Minha contribuição diocesana encerrou, mas não terminou meu ânimo para ajudar as mulheres. Em Jaciara, convidei um grupo com meninas, jovens e adultas para encontros semanais e, enquanto as mãos se ocupavam com artesanato, as mentes trabalhavam a consciência.

Sei com certeza que as mulheres que passaram por este caminho aprenderam a lidar com os poderes que diminuem a cada dia seus direitos e sua dignidade e, na resistência, acreditam que de cinzas pode sair uma crepitante chama. Sabem que para chegar na glória é preciso passar pela cruz.

Minha atuação de aproximadamente 40 anos junto as mulheres, ajudou-me na construção do meu ser mulher e por isso sou muito grata.

E viva todas as mulheres!

Por Irmã Irma Demarchi

Fonte: CICAF

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