FRANCISCLAREANDO – Admirável humildade, estupenda pobreza

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Novo ano litúrgico! Uma convocação à espera ativa do Salvador que vem com poder para libertar seu povo. Uma chamada a nos debruçar sobre o Mistério do amor que move o coração de Deus a descer à humana condição, à condição do pobre, para elevar-nos a sua divina condição, fazer-nos partícipes de sua incomensurável riqueza.

Clara olha e nos convida a olhar todos os dias no Espelho-Jesus, especialmente para seu despojamento, sua pobreza: “Preste atenção no princípio do espelho: a pobreza daquele que, envolto em panos, foi posto no presépio! Admirável humildade, estupenda pobreza! O Rei dos anjos, o Senhor do céu e da terra repousa numa manjedoura” (4In 19-21). Clara quer que do presépio, aprendamos a lição do “descer, do abaixar-se” para compartilhar as alegrias e as esperanças, as dores e os sofrimentos dos pobres a quem somos enviadas.

Conhecemos como o mistério da encarnação absorvia o espírito de Francisco e sabemos que ele foi o “inventor” do presépio conforme encontramos na primeira biografia escrita por Tomás de Celano: “Precisamos recordar com todo respeito e admiração o que fez no dia de Natal, no povoado de Grécio, três anos antes de sua gloriosa morte. Havia nesse lugar um homem chamado João … Uns quinze dias antes do Natal, São Francisco mandou chamá-lo, como costumava fazer, e disse: “Se você quiser que celebremos o Natal em Grécio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e contemplar com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro”. Ouvindo isso, o homem bom e fiel correu imediatamente e preparou no lugar indicado o que o santo tinha pedido. …(cf. 1Cel 84, 4-9).

“E veio o dia da alegria… De muitos lugares foram chamados os irmãos. Homens e mulheres do lugar, coração em festa, prepararam como puderam tochas e archotes para iluminar a noite que tinha iluminado todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito. Fizeram um presépio, trouxeram palha, um boi e um burro. Grécio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade. A noite ficou iluminada como o dia: era um encanto para os homens e para os animais. O povo foi chegando e se alegrou com o mistério renovado em uma alegria toda nova…” (1Cel 85,1-7).

O presépio, infelizmente, também se transformou em comércio, em atração turística, em objeto de competições. Que para nós, conhecedoras do espírito que o concebeu, seja fonte de renovação da vida, de transformação seja impulso para retomar cada dia, com renovado vigor, a vivência do seguimento de Jesus Cristo, segui-lo em sua “admirável humildade, em sua estupenda pobreza”.

Por Irmã Maria Fachini

Fonte: CICAF

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