Francisco de Assis nos inspira a ouvir o Grito da Paz

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Neste dia 27 de outubro, a Igreja lembra o Dia de Oração pela Paz instituído por São João Paulo II a partir dos encontros em Assis com membros de várias religiões. Acompanhe abaixo uma reflexão acerca do tema da Paz na espiritualidade franciscana e um apelo para os nossos dias

Várias atitudes de São Francisco o colocam como o santo da Paz. O homem que pedia para que seus frades não portassem armas, pois geravam a guerra, que com todos que se encontrassem no caminho desejassem a Paz e trouxe ainda em sua vida grandes marcas de reconciliação, é evocado ainda hoje como um modelo de Paz para as adversidades enfrentadas diariamente.
Bem sabemos o espírito das Cruzadas, da ascensão social, da divisão de classes, presentes na sociedade de Francisco, mas foram justamente estas realidades que o levaram a cada vez mais, olhando para o Evangelho viver como todo o fervor como irmão de todos e todas. Todo o trabalho, evangelização dos primeiros irmãos e irmãs franciscanas tinham como base o testemunho da Paz, pois a penitência assumida por eles, era o caminho da misericórdia, de uma relação profunda com o Bom Senhor, o Sumo Bem de onde procede todo o bem.
As fontes franciscanas estão cheias de textos que narram a profunda forma de Francisco em anunciar a Paz. Encontramos neles por exemplo a forma como instruiu aos seus irmãos na Regra Bulada pedindo para que sendo mansos, pacíficos, modestos, afáveis, “ao entrarem em qualquer casa, digam antes: Paz a esta casa!”. Outro fato ainda contado nos Fioretti é a forma como ele aponta para um relação de Paz entre a Cidade e logo de Gúbio que sofria com a fome, 1 Celano 57 narra também o Encontro de Paz com  Sultão em Damieta onde de forma pacífica e motivado pelo próprio Evangelho, Francisco é abraçado por aquele homem que estava vivendo em constante guerra com a Igreja, o texto Compilação de Assis, traz ainda a forma como o santo provou a reconciliação entre o Bispo de Assis e um Podestá, motivando a cena até a complemento do Cântico do Irmão sol quando se dedica um verso por aqueles que Promovem a Paz pois o Altíssimo satisfaz.
A Paz presente no Carisma de Francisco está enraizada não por muitos acordos de paz cercados pelos interesses particulares que rondam cada época, A paz de Francisco era a Paz Evangélica. Qual seria essa paz presente no testemunho de Jesus? Antônio Pagola em um comentário vai nos dizer que: “A paz presente nas Sagradas Escrituras, não é só a ausência de conflitos, mas uma vida mais plena que nasce da total confiança em Deus e afeta o próprio centro da pessoa. Essa paz não depende apenas de circunstâncias externas. É uma paz que brota do coração, conquistando gradualmente a toda a pessoa e dela se estende aos outros”. Francisco de Assis, a partir de suas admoestações e ainda presente no famoso texto da Perfeita Alegria vai nos falar que “São verdadeiramente pacíficos os que, no meio de tudo quanto padecem neste mundo, se conservam em paz, interior e exteriormente, por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Em um mundo marcado na busca incessante pela Paz, o Santo de Assis nos convida a buscá-la, começando a olhar para nós mesmos, para nossa realidade e se comprometer com a Paz e o Bem. Em um tempo em que a mensagem de paz, muitas vezes perde sua credibilidade por conta do seu uso de forma interesseira tornando-a um termo ambíguo criados e problemático, se faz urgente um retorno para o essencial como nos é apontado pelo Papa Francisco na Mensagem para a Paz de 2019, uma necessidade de uma conversão do coração e da alma para comigo, para com o outro e para com a criação.
Dia de Oração pela Paz
Há 36 anos, São João Paulo II reunido em Assis, com líderes de várias religiões para um encontro de diálogo sobre a paz convidou a toda a Igreja para no dia 27 de outubro dedicar suas orações pela Paz. Recentemente, o Papa Francisco esteve no Coliseu, participando do Encontro “o grito pela Paz” junto com os representantes das Igrejas e Comunidades Cristãs e das Religiões mundiais, e lembrou de forma preocupado tantos conflitos vividos atualmente me várias partes do mundo e o quanto muitas vezes o grito da paz é silenciado pela indiferença, e pelo ódio que aumenta e diante de tantos conflitos do nosso tempo. O Papa lembrou ainda das religiões e que elas não podem ser usadas para a guerra. Somente a paz é santa e ninguém usa o nome de Deus para abençoar o terror e a violência. Se virem guerras ao seu redor, não desistam! Os povos desejam paz”. Ao final o sumo pontífice pediu “Não nos resignemos à guerra, cultivemos sementes de reconciliação”, e ainda lembrando São João XXIII ressaltou: “Que todos os povos da terra sejam irmãos e que a paz tão desejada floresça neles e reine sempre”

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