Mártires da China

1747

Santos Gregório Grassi, Francisco Fogolla, bispos, Elias Facchini, Teodorico Balat, sacerdotes, Andrés Bauer, irmão leigo, mártires em Shansi (+ 9 de julho de 1900). Beatificados por Pio XII no dia 24 de novembro de 1946. Canonizados por São João Paulo II em 1º de outubro de 2000.

No fim do século XIX, a China entrou numa crise grave. Não tendo querido receber a civilização moderna, não podia manter o seu lugar no mundo. O jovem imperador Kouang-Sin experimentou reformas; a velha imperatriz retomou, porém, à autoridade, e recomeçou a política reacionária. Vendo-se incapaz de abrir guerra contra as grandes potências, excitou no povo chinês a xenofobia, ou ódio aos estrangeiros, servindo-se duma sociedade secreta já antiga, cujos membros vieram a ser chamados “boxers” ou pugilistas, porque se exercitavam fisicamente dando socos entre si.

Em 1900, ela julgou ter chegado o momento de lançar os amotinadores contra os europeus, dando àqueles o apoio dos soldados. Os cristãos foram naturalmente considerados como traidores à velha China e os “boxers” perseguiram-nos com o seu ódio. Felizmente, muitos vice-reis recusaram seguir as ordens de Pequim e a perseguição não se estendeu para além das províncias da capital. Graças à intervenção das potências, durou menos de dois meses, mas foi muito sangrenta: avaliou-se o número das vítimas em 20.000, das quais 2418 nos vicariatos apostólicos confiados aos franciscanos. Foram beatificados, em 1946, vinte e nove, como vanguarda de tal legião de mártires. Três dentre eles sofreram o martírio em Heng-Chou-Fou e os restantes vinte e seis em Tai- Yuan-Fou, no Chan-Si.

O bispo Gregório Grassi muito desenvolvera a missão do Chan-Si setentrional. Tinha ao seu lado outro prelado, Dom Francisco Fogolla. Trabalhavam também no vicariato apostólico os Padres Elias Facchini e Teodorico Balat, e o irmão André, alsaciano de grandes qualidades, em particular duma força hercúlea. Em Heng-Chou-Fou residia o vigário apostólico Dom António Fantosati, com os Padres Cesídio Giacomantoni e José Maria Gambaro.

Sete Missionárias de Maria tinham vindo também da Europa para fundar a missão de Tai-Yuan-Fou. Era superiora a Madre Maria Hermínia de Jesus.

A este número juntaram-se ainda, todos de nacionalidade chinesa: 6 seminaristas e 8 empregados das casas dos missionários.

No dia 9 de Julho de 1900, estão todos os futuros mártires reunidos e presos em Tai-Yuan-Fou. Ouve-se um ruído de gente que chega. D. Gregório Grassi diz simplesmente: «A hora da morte chegou. Vou lhes dar a absolvição». Os “boxers” estão presentes. Batem na cabeça das vítimas para deixa-las atordoadas e assim lhes prender as mãos atrás das costas. O Irmão André dirige-se a um deles: “Nunca me prostrei diante de nenhum chinês, vou-o fazer agora porque me vais abrir as portas do céu”. E indo para a morte canta: ‘Louvai ao Senhor todos os povos.’

D. Francisco Fogolla, ferido gravemente na testa e num ombro, reclama um pouco de deferência: «Deixai que nos levantemos, depois seguiremos sem resistência». Mas os algozes instam as vítimas dando-lhes punhadas e pauladas; algemam-nas duas a duas e levam-nas para o palácio do vice-rei, enquanto o povo grita: «À morte os diabos europeus». As religiosas cantam o Te Deum.

Mais de 3.000 “boxers” os esperavam. Este singular processo decorreu sem testemunhas nem advogados. Yu-Hsien, o vice-rei, aparece e dirige-se a D. Francisco:

― Há quanto tempo está na China?

― Há mais de 30 anos.

― Porque prejudicastes o meu povo e com que fim propagais a vossa fé?

― Não prejudicamos ninguém, mas beneficiamos a muitos. Vivemos aqui para salvar almas.

― Não é verdade, fizestes muito mal e vou matar-vos a todos ― grita o vice-rei, lançando-se contra o bispo, ao qual fere duas vezes no meio do peito, berrando aos “boxers”: «Matai, matai».

Dá-se então o ataque e matança. Os mártires são decapitados e mutilados e, enquanto as Franciscanas Missionárias de Maria levantam os véus para estender os pescoços, são trucidados o seminarista de dezesseis anos João Wang e o velho Padre Elias, recebendo o primeiro uma espadeirada na testa e o outro no peito. Arrancam-lhes o coração e acabam por lhes cortar a cabeça.

Yu-Hsien mandou lançar os corpos na fossa comum. Mas no fim do ano de 1900, o vice-rei que lhe sucedeu, temendo uma expedição militar europeia, mandou desenterrar ― na presença de dois chineses, um católico e outro protestante ― os restos dos mártires e meteu-os em caixas, das quais uma parte foi dada a um padre que a depositou no cemitério dos Franciscanos.

A 9 de Julho de 1902 foi celebrada Missa no pátio do tribunal e a 24 de Março de 1903 houve uma cerimônia de reparação, mandando as autoridades chinesas colocar duas lápides no sobredito pátio. E a 9 de Julho de 1903, realizou-se o funeral solene à custa do governo.

A causa de beatificação de 1418 cristãos da China mortos pela fé foi introduzida em 1926. Para fazer chegar o processo o mais depressa possível a termo, foram escolhidos 29 nomes. Estes campeões da fé foram beatificados no dia 24 de novembro de 1946 por Pio XII.

As sete Franciscanas Missionárias de Maria são as primeiras beatas da Congregação, fundada em 1877, pela Madre Maria da Paixão.

Referência: “Santos franciscanos para cada dia”, edizioni Porziuncola.

Fonte: Província Franciscana

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