Padre Jean Poul fala sobre como superar os desafios da educação no Brasil

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A educação formal no Brasil possui avanços significativos nas últimas décadas, mas ainda enfrenta desafios estruturais. Segundo o texto-base da Campanha da Fraternidade 2022, organizar um sistema educacional considerando a extensão geográfica e a diversidade regional do nosso país é um dos grandes desafios. “O nosso tamanho, nossa capilaridade e diversidade constituem um desafio estrutural que deve ser considerado, em especial, quando se pensam as políticas públicas da educação”.

Outro desafio, citado no texto-base, é a superação da dívida histórica de escolarização da população, em especial, dos setores mais populares da sociedade. “Esse é um dever de casa que a educação brasileira ainda não conseguiu concluir”.

Para além do desafio do acesso, outro aspecto que marca o projeto inconcluso de escolarização e a dívida histórica do país é a qualidade da educação ofertada. “A desigualdade na qualidade da oferta e seus parcos resultados na aprendizagem dos estudantes, além de não superar o fosso da desigualdade social, alimentam justificativas que naturalizam essa mesma desigualdade apontando que o problema do acesso teria sido enfrentado”.

“É importante destacar que acesso sem qualidade é um simulacro de acesso. Os avanços vivos nas últimas décadas na educação brasileira são visíveis, porém insuficientes e vagarosos, em especial, para os segmentos da população que esperam da educação de seus filhos uma oportunidade singular de melhoria de vida e justiça social”, diz o texto-base.

E como superar os desafios?

Em entrevista ao portal da CNBB, o padre Jean Poul Hansen, assessor do Setor Campanhas da CNBB, disse acreditar que para superar os desafios que a educação propõe é necessário o comprometimento de todos, de toda a sociedade, “desde os pais que são os primeiros educadores até os governantes, passando pelas comunidades, pelas igrejas, pelas associações de moradores”.

Padre Jean disse ser preciso nos convencer de que para educar uma criança é necessário uma aldeia inteira. “Não são só os pais sozinhos que vão educar uma criança, não é uma escola sozinha que vai educar uma criança, não é só o governo sozinho, nós conseguiremos uma educação de qualidade na necessária quantidade e abarcando toda a extensão do nosso território quando conseguirmos nos comprometer todos nesse grande mutirão da educação”, salientou o padre.

E quais são os objetivos da CF 2022?

Padre Jean salienta que o foco geral da Campanha da Fraternidade é criar diálogos acerca da realidade educadora do Brasil à luz da fé cristã. “A Igreja quer trazer a temática e torná-la objeto de diálogo, por causa da realidade desafiadora”, diz.

“Se olharmos o texto-base, ele é dividido em três partes – escutar, discernir e agir -, mas o agir é a menor parte, porque cada comunidade é desafiada a fazer o seu agir. Nós identificamos os desafios, jogamos a luz do Evangelho e essa comunidade será responsável por discernir qual será sua ação para que concretize sua oração, sua conversão que é o que queremos na Quaresma”, disse.

E qual o papel das Escolas Católicas no processo educativo?

Padre Jean disse que o papel das escolas católicas no processo educativo é fundamental. “A escola católica tem que ser celeiro do novo humanismo que é a grande proposta do texto-base; de uma educação integral que abarque o ser humano em todas as suas dimensões, mas que seja também solidária e inclusiva”, disse.

Para ele, a escola católica tem o papel de ser “aquilo que nós desejamos; aquilo que queremos ver no mundo”.

“A Escola Católica é o celeiro dessa educação que nós sonhamos com a Campanha da Fraternidade, e aí a Campanha se torna uma grande oportunidade de revisão de vida das próprias escolas católicas – de reverem suas metodologias de ensino. Ela é chamada a formar homens e mulheres para a humanidade, esse novo humanismo proposto pela CF.

A CF em audiência pública

A CF também fez parte do centro dos debates na audiência pública que a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia realizou nesta quarta-feira, 16 de março. A reunião aconteceu no Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Entre os convidados para a audiência pública estavam o secretário-executivo das Campanhas da Fraternidade da CNBB, padre Patriky Samuel Batista.

 

Fonte: CNBB

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