Cardeal Grech: O Sínodo é um processo que envolve toda Igreja

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A reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acolheu na manhã de quinta, 17 de junho, os membros da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos para uma conversa sobre o processo convocado pelo Papa Francisco até a assembleia sinodal marcada para outubro de 2023.

O tema proposto pelo Papa Francisco para esta que será a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos é “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Direto de Roma, contataram os bispos o secretário geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, e os subsecretários monsenhor Luis Marìn de San Martin e irmã Nathalie Becquart. Eles explicaram sobre as motivações para a assembleia sinodal, reconheceram o processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e incentivaram a contribuição do Brasil.

O encontro virtual fez parte de uma série de videoconferências que a Secretaria do Sínodo realizou durante esta semana com conferências episcopais do mundo inteiro para ouvir os bispos e partilhar indicações sobre o caminho sinodal que será inaugurado pelo Papa Francisco nos dias 9 e 10 de outubro próximos.

O cardeal Mario Grech ressaltou que o Sínodo é uma experiência de um caminho de escuta.

“Nós vamos caminhar com vocês, escutar essa experiência porque sabemos que todos tem muito a falar. O sínodo não é apenas um evento celebrado em Roma, mas um processo que envolve toda a Igreja. É por esse motivo que abrimos a primeira fase da consulta do povo de Deus nas Igrejas particulares, esta será a primeira fase”, explicou.

Pandemia no Brasil

No início da videoconferência, monsenhor Luis Marìn quis saber da realidade do Brasil, no contexto da pandemia. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, partilhou sobre a situação de dificuldade do país, do ponto de vista sanitário, “exatamente pela morosidade da vacina e de outras providências, com incidências muito sérias no campo político e no campo econômico”.

A realidade da pobreza e da fome também foi citada por dom Walmor: “Nós temos muitas pessoas com carência alimentar, exigindo de toda a sociedade civil um trabalho maior e nós, como Igreja, estamos nos comprometendo muito”.

Monsenhor Marìn desejou que o processo do sínodo dos bispos ajude “a dar caminho” para a Igreja dar uma resposta “nesse momento complicado que estamos vivendo”.

Assembleia Eclesial na América Latina

O processo do Sínodo terá início enquanto no final da preparação para a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que também é composta de um período de escuta. Tal experiência, de acordo com a Secretaria do Sínodo, pode ajudar também na caminhada em vista do Sínodo.

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, explicou que no Brasil procurou-se animar e envolver as diversas realidades eclesiais no processo de escuta da Assembleia Eclesial. “Temos uma comissão nacional, conforme o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam) nos solicitou. O que temos feito é animar as consultas, inclusive dialogando com espaços externos à Igreja”, explicou.

A presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, Sônia Gomes de Oliveira, e a assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, irmã Valéria Leal, partilharam os processos de animação com as instâncias regionais de seus grupos. Da parte do CNLB, há um processo de capacitação com os presidentes dos Conselhos Regionais e envolvimento dos movimentos sociais, sindicatos e associações.

No âmbito da juventude, a preparação para a Assembleia Eclesial conta com encontros com as expressões juvenis e com os regionais. A Comissão para a Juventude da CNBB também participa da articulação do Cone Sul e levará a consulta para um encontro nacional sobre a Economia de Francisco.

Monsenhor Marìn ressaltou o desejo de que as escutas cheguem às fronteiras e periferias, para que o sínodo tenha a participação daqueles que não costumam ser ouvidos. Outra indicação é que haja a seguinte reflexão: “de que maneira a experiência do Brasil pode ajudar a Igreja universal?”.

Dúvidas e indicações

Após a exposição da Secretaria, os bispos puderam tirar dúvidas e também dar indicações a respeito da Assembleia. As manifestações foram de agradecimento e alegria pelo processo que o Papa Francisco motiva, de escutar as Igrejas particulares na preparação para a Assembleia, mas há uma preocupação em como conciliar duas consultas em sequência, para a Assembleia da América Latina e a outra para a Igreja em âmbito universal. Segundo monsenhor Marìn, a ideia não é repetir, mas aprofundar as reflexões por meio de um texto de trabalho conciso.

O bispo de Garanhuns (PE) e presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, dom Paulo Jakson, sugeriu uma orientação metodológica que mantenha as contribuições dos leigos da forma mais natural possível, sem muitas interferência dos teólogos. “Filtra-se em nível diocesano, filtra-se em nível nacional, depois os teólogos filtram novamente. Depois, não sobra nada do que os leigos disseram”, pontou dom Paulo. A promessa da Secretaria é tentar “ser os mais diretos possíveis para escurar o povo de Deus em todas suas faces”.

O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, chamou atenção para não destacar somente o processo, mas também do objetivo de um sínodo: “Obter a unidade, que a Igreja seja mais unida. Possamos ser mais unidos e mais missionários. ‘Que todos sejam um, ó pai, como somos um, ide e evangelizai’”.

Na mesma linha, o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Scherer, quis aprofundar as intenções do Papa com a convocação do Sínodo.

Monsenhor Marìn explicou:

“O Papa está convocando como uma forma de unir o povo de Deus, para caminharmos em frente, escutar o Espírito e refletir qual o estilo eclesial o Espírito nos dá hoje. Uma evangelização não só do Papa, dos bispos, dos padres, mas de todo o povo de Deus”, ressaltou.

O sínodo, continuou, “não deve ser para celebrar e chegar a um documento, mas é uma experiência de mudança da nossa Igreja. Temos respostas muito sérias para serem dadas. Não apenas a escuta teórica sobre o que é sinodalidade, mas um levantamento de experiências sinodais na nossa Igreja”.

Equipe de animação

Na parte da tarde, dom Joel Amado apresentou a equipe de animação do Sínodo, que deverá recolher contribuições das dioceses e produzir um material nacional. O grupo é composto por dom Joel; dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão para a Vida e a Família; o subsecretário adjunto-geral da CNBB, padre Dirceu de Oliveira Medeiros; o subsecretário adjunto de Pastoral, padre Marcus Barbosa Guimarães; o assessor do Setor Educação, padre Júlio César Resende; os secretários executivos de Regionais Sandra Zambon, padre Valdecir Badzinski e Luciano dos Santos; Mariana Venâncio, doutoranda em Estudos Literários pela UFJF; e representantes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB): irmã Raquel Colleti, irmã Teresinha Del’Acqua e padre João da Silva Filho.

Fonte: CNBB

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