“As Ciências Quânticas, a Pedagogia de Jesus e a Sinodalidade”, foi o tema da aula inaugural ministrada pelo doutor Frei Isidoro Mazzarolo, no Auditório do Centro de Formação Maromba, dando início ao ano letivo da Faculdade Católica do Amazonas (FCA). O evento é parte da programação do Ano Jubilar – Peregrinos da Esperança e contou com a presença os alunos e professores dos cursos de graduação Teologia e Filosofia, professores dos cursos de extensão de Libras, Ministros, Escola Litúrgica, Escola Teologia Pastoral e Curso de Especialização em Bíblia, além do arcebispo de Manaus e os bispo auxiliares Dom Zenildo Lima e D. Samuel de Lima.
A professora Dra. Elisângela Maciel, coordenadora de pesquisa e extensão da Faculdade Católica do Amazonas, afirmou que esta aula compõe a extensa programação da Arquidiocese de Manaus que visa fazer com que todos possam vivenciar com intensidade o Ano Santo 2025 – Peregrinos da Esperança, sendo o próximo evento o Jubileu da Educação, a ser realizado no dia 26 de abril, juntamente com os demais instituto de educação, e estudo dos cadernos do Concílio Vaticano II que acontecerá de 26 de junho a 18 de agosto de 2025.
Durante a mesa de abertura, padre Cândido Cocaveli, diretor administrativo da Faculdade Católica do Amazonas, apresentou a história de caminhada iniciada em 1970, quando a Igreja do Regional Norte 1 criou o Instituto de Pastoral da Amazônia (IPAM), que depois mudou de nome para Instituto de Teologia e Ciências do Comportamento Humano (ITECIC) e depois, Centro de Estudos do Comportamento Humano (CENESCH) – 1987 a 2005. Depois tornou-se Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES) até 2021, quando finalmente foi fundada a Faculdade Católica do Amazonas. Um caminho trilhado por 55 anos, evoluindo ano após ano até ser uma instituição da Igreja Católica, comprometida com a formação teológica integral, centrada no ensino, na pesquisa e na extensão no contexto multicultural amazônico, com o propósito de proporcionar e qualificar a formação teológica encarnada e inculturada no contexto amazônico.
“A Faculdade Católica não é apenas parte integrante de uma história que ultrapassa meio século, mas tem a missão de custodiar este patrimônio cultural, sendo que cada nova etapa de sua existência tem deixado marca pelo seu arrojo na atitude pioneira que tão bem soube sempre fazer. Na Católica do Amazonas, cria-se, produz-se e valoriza-se. Aos poucos, mas a passos firmes e sabendo para onde caminhar, a Faculdade Católica, em meio à multidisciplinariedade das valências de competências de saberes, ela alicerça seu itinerário calcado em qualidades e valores e sintonia com o Evangelho, com a casa comum, com as dores e as conturbações que nos tocam a todos”, afirmou Pe. Candido.
Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, em sua fala destacou que foi uma caminhada frutuosa, tendo vivenciado três jubileus. “Logo depois que o CENESCH foi afirmado, tivemos o jubileu de 75, depois o jubileu do ano 2000 e agora o terceiro jubileu, além dos dois anos, dos anos da Redenção (1983) e da Misericórdia (2015). E a própria história da instituição também teve os seus jubileus. Quando o CENESCH completou 25 anos e preocupação era nos perguntar: nós ainda estamos sendo fiéis à missão recebida na experiência original quando a Igreja da Amazônia fez uma opção de refletir a fé a partir dos seus próprios horizontes para formar os seus próprios agentes, independente do exercício ministerial que lhe viesse a exercer? Quando nós fizemos 50 anos, a pergunta era se havia força, se havia vigor nosso para uma fidelidade a novas exigências que se apresentavam para a missão do nosso Instituto, da nossa caminhada”, recordou o bispo auxiliar.
Também destacou a importância de conhecer o propósito a partir das necessidades atuais. “Hoje, me parece que há uma reivindicação nova de uma cidadania existencial. O saber, ele tem uma tarefa que é jubilar. Nós estamos estudando, refletindo, também do ponto de vista bíblico, como o ano jubilar tem uma importância no reequilíbrio das relações da vida humana. O saber tem uma tarefa que é jubilar e dentro disso particularmente a teologia tem uma tarefa que é jubilar”, destacou Dom Zenildo.
O arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner, que é presidente da Associação Amazônica para a Pesquisa e Educação Cristã (AAPEC), que é mantenedora da FCA, destacou a importância do propósito desta faculdade que busca pensar e contribuir para que a igreja seja presença de Deus, levando a boa notícia a todos.
“A tarefa da faculdade é sempre um desenrolar, um desenrolar das dificuldades, das tensões, das violências, mas também desenrolar das belezas, das culturas, das expressões religiosas, esse desenrolar para poder ver, para ser atingido, e ao ser atingido conseguir colocar nas palavras, no logos, as inspirações para o nosso tempo, para sermos uma presença da boa notícia cada vez maior e melhor [ …] É grande a vocação da faculdade. A missão da faculdade hoje é essencial para o nosso tempo. Se nós nos dedicarmos na alegria do pensar, na alegria de poder também poetar teologicamente, filosoficamente, nós daremos uma grande contribuição. Aí entenderíamos a alma do nosso povo, a religiosidade popular, as lutas escondidas, os sonhos acalentados mas não realizados do nosso povo. Mas sem pensar é muito difícil. Pensar a fé é uma exigência, mas deveria esse motivo de alegria poder pensar a fé. Para cada vez mais sermos tomados por esse caminho”, declarou o cardeal.
Ao agradecer à direção e a todos que lutam para que a faculdade e seus cursos tenham sempre reconhecimento e afirmou que muito esforço tem sido realizado especialmente para que a Igreja seja presença na sociedade. “Nós queremos ser, como igreja, uma presença, mas uma presença que pensa, que interroga, que discute, uma presença que não tem medo de mostrar a grandeza, a beleza, a profundidade e a altura do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. […] Essa é a faculdade tem como missão ser essa presença tão extraordinária que vem sendo já há tanto tempo. Então, mãos à obra, desenrolemos o livro e adiante! Porque nós queremos levar uma mensagem de esperança”, concluiu o Cardeal Steiner.
A Aula Inaugural
“As Ciências Quânticas, a Pedagogia de Jesus e a Sinodalidade”, foi o tema da aula inaugural. O palestrante Dr. Frei Isidoro Mazzarolo, explicou que a teoria da Física Quântica surge o conselho de responsabilidade e da co-responsabilidade, que cada célula tem sua estrutura, mas está interligada uma na outra em uma rede e por isso precisa trabalhar para manter a harmonia, o equilíbrio e restaurar o que está com problemas, relacionado a isso, está a pedagogia de Jesus que também nos dá a certeza de que vivemos em rede, onde tudo está interligado e caminham juntos, e precisamos restaurar as relações para a saúde da sociedade.
Afirmou que o pecado não depende de um conceito teológico, mas significa estar desconectado de Deus. “Estar conectado é conviver harmoniosamente com o meio. Estar desconectado é omitir a comunicação da energia vital para a rede. […] A fé move o poder da mente e o milagre depende da quantidade de energia que a fé consegue mover, no contexto espiritual, conforme Marcos 5,34[…] O milagre existe e depende apenas na força da fé”, explicou Frei Isidoro.
Tratou da diferença entre Religião e Espiritualidade, no campo da ciência quântica. A espiritualidade é o ‘spíritus’, ‘animus’. É a energia da fé, estando no gene, no íntimo. É inata e vem de Deus, perpassando inteligência e coração; É a sede das motivações e é a razão da ação”. E acrescentou que a espiritualidade “é a construção da justiça e da verdade; a edificação do perdão; a presença do Espírito; é o Deus que vê tudo, exerce diaconia e manifesta o amor”.
Por outro lado, Frei Isidoro afirmou que a religião é expressão do rito, uma fórmula; Expressão do dogma; está no externo da pessoa, nasce da cultura, da família; podendo ser manipulada e servir para galgar degraus de autoridade.
Sobre o conferencista
Frei Isidoro pertence a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM Cap), tendo cursado filosofia na Universidade de Caxias do Sul/RS (1976); bacharel em teologia na PUC-RS (1980); mestre em exegese bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (1986); doutor em teologia bíblica pela PUC-Rio (1992); PhD em exegese bíblica pela École Biblique et Archéologique de Jerusalém (1996). Foi professor na PUC-Rio, ITF, Instituto Franciscano de Petrópolis/RJ de 1993 a 2017. Membro da ABIB (Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica), parecerista científico de diversos periódicos nacionais de teologia e membro da Comissão do INEP que elabora o processo do ENAD, em teologia. É doutor em teologia bíblica, pela PUC-Rio, e foi professor de exegese bíblica na PUCRS (PUC de Porto Alegre) e assessor de cursos bíblicos a nível nacional, auxiliou na construção do Curso de Especialização em Bíblia, na Faculdade Católica do Amazonas (FAC).
Por: Ana Paula G. Lourenço
Fonte: Arquidiocese de Manaus