DOM FREI SAMUEL FERREIRA DE LIMA, OFM
Sou natural do Rio de Janeiro – RJ, com Licenciatura em Filosofia pela USF, Bacharel em Teologia pelo ITF e Pós-Graduação em Formação Humana pela Faculdade Vicentina-Curitiba, atualmente estou a serviço da Arquidiocese de Manaus como Bispo auxiliar.
1. Qual a principal mensagem da Campanha da Fraternidade 2025 e como ela se relaciona com o Cântico das Criaturas e a Laudato Si’?
Vejo que a principal mensagem que a CF 25 trás para todos nós é um despertar para uma conversão ecológica e um comprometimento mais efetivo no papel de sermos todos guardiões da Criação e de despertamos para as grandes ameaças que afetam a dignidade do ser humano e a integralidade da Casa Comum. A sua relação com o Cântico das Criaturas e a Laudato Si nos remete a ter uma relação de cuidado, integração e acompanhamento de cada criatura como um sinal do Amor de Deus.
2. Como a celebração dos 800 anos do Cântico das Criaturas no marco do Ano santo, Jubileu da Esperança, pode ser um orvalho de esperança em nossa vida e missão?
A espiritualidade franciscana tem já em sua caminhada uma estreita ligação com a natureza e a casa comum. A Celebração dos 800 anos do Cântico das Criaturas nos relembra que todos nós seguidores da espiritualidade franciscana temos um compromisso de fé e vida, que nos remete a sermos um sinal de testemunho e comunhão com a causa ambiental e a dignidade da pessoa humana, por Amor ao Criador que se revela em suas criaturas. Esta compreensão transcendente nos provoca a ir além de uma visão naturalista e simplesmente ideológica, mas nos move a ter uma postura que procura permanentemente buscar ser um com toda a Criação e estar em permanente busca de conversão.
3. De que forma a Igreja no Brasil, por meio da Vida Religiosa Consagrada, e em especial dos franciscanos/as, aborda a crise socioambiental?
Creio que a Igreja como um todo tem percorrido vários caminhos: Como Reconhecer os caminhos feitos até o momento como a Encíclica Laudato Si (LS), o Sínodo da Amazônia, as várias iniciativas para aprofundando a questão ambiental e de Direitos Humanos; Executando denúncias de violação contra o equilíbrio socioambiental, fomentando grupos organizados para atuar no âmbito jurídico, social e eclesial; Aprofundando a reflexão e a divulgação do “Evangelho da Criação”, de forma a comprometer todos os cristãos com a visão bíblica da Aliança Universal que engloba todas as criaturas. Propondo a Ecologia Integral como perspectiva de conversão, desenvolvendo ações que tenham abrangência nas dimensões catequéticas, litúrgicas e sociotransformadoras. Incentivando e promovendo as pastorais e os movimentos socioambientais, se articulando com outras igrejas, religiões, sociedade civil, povos originários, comunidades tradicionais promovendo a luta por uma justiça socioambiental e de uma educação socioeducativa.
4. Quais dicas de um consumo consciente e saudável as Dioceses e todos nós poderíamos adotar, em virtude da crise climática?
Primeiro ir gradativamente substituindo o uso de descartáveis em nosso cotidiano, nas festas e celebrações por outros materiais não tão agressivos ao meio ambiente;
Buscar fazer um rastreamento dos produtos que consumimos para saber de que forma são produzidos, se as empresas que produzem tem um compromisso com a responsabilidade ambiental e social.
Primar por um consumo mais consciente do que realmente é necessário e pautado pela sobriedade, sem desperdícios e acúmulos.
Valorizar os produtos que são produzidos localmente pelos pequenos negócios do bairro que vivemos e produtos naturais da produção familiar.
Reciclar, reutilizar e reaproveitar o máximo possível de tudo que consumimos.
Boicotar marcas e produtos que estão ligados à degradação, poluição e destruição do meio ambiente e violação das leis trabalhistas e sociais.
5. A Amazônia recebeu um bispo auxiliar. E com ele, o que ela recebe?
Um Servo peregrino que veio para aprender, partilhar e caminhar junto se inserindo na caminhada e nas lutas do Povo de Deus desta Igreja Particular.
