O AMOR DO FRANCISCANO PELA IGREJA

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(Frei Zilmar Augusto, OFM) – Tenho acompanhado pelas mídias alternativas vários ataques, muitos até violentos e ofensivos à nossa Igreja no Brasil, especificamente à CNBB e aos seus integrantes. Também o Papa Francisco, desde que assumiu a missão de conduzir a Igreja de Cristo, tem sofrido inúmeros ataques, ganhando o equívoco slogan de o “Papa mais político dos últimos tempos”.[1] Todos estes, na maioria dos casos, feitos por indivíduos considerados cristãos católicos. Confesso que tenho ficado angustiado ao me deparar com estes fatos que minam, mancham, dividem e destroem a unidade de nosso Corpo Eclesial.

São Francisco sempre nutriu um amor serviçal e obediente pela Igreja. Ao sentir-se chamado à uma vida evangélica e penitente, Francisco foi pedir à Igreja de seu tempo, a permissão para vive-la. Diferente dos tantos movimentos penitentes de seu tempo, que foram tidos como hereges por atacarem diretamente a opulência da Igreja, ele não a atacou, mas pediu licença para viver o Evangelho dentro da Igreja, com a Igreja e na Igreja. Ele não atacou a Igreja, mas foi cortês, dialogou, procurou pessoalmente o representante de Cristo, o Papa Inocêncio III. Esse foi o seu diferencial!

Ao escrever a Regra, a primeira observação que ele faz sobre os que querem abraçar este modo de vida, é que eles sejam católicos: “Os ministros os examinem diligentemente sobre a fé católica e os sacramentos da Igreja”.[2] Ao término da Regra, ele promete obediência ao Papa presente e a seus sucessores e, inclusive, pede um cardeal da santa Igreja para governar, proteger e corrigir a irmandade nascente: “[…] para que, sempre súditos e sujeitos aos pés da mesma santa Igreja, firmes na fé católica, guardemos a pobreza e a humildade e o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo como firmemente prometemos”.[3] Eis diante de nós o perfil do franciscano: ser católico, ter fé na Igreja, obedecer, servir e amar a Igreja.

Contudo, por estes dias tenho me deparado com um considerável número de “franciscanos e franciscanas”, isto é, “católicos”, que alimentam e propagam uma forte repulsa contra a nossa Igreja e sua opção preferencial pelos pobres, ao ponto de fazerem crescer o mal da secularização, da divisão e da calúnia dentro de nossa Igreja. Compactuam, curtem, comentam e compartilham vídeos e notícias falsas (“fake news”) que, perceptivelmente, não possuem nenhum embasamento histórico e conhecimento de nossa estrutura eclesial. São notícias que atacam a pessoa do presidente da CNBB, Dom Frei Leonardo Steiner, um irmão franciscano no episcopado; que atacam a Dom Angélico Sândalo, por mostrar seu rosto libertador; que atacam a Campanha da Fraternidade, a coleta da solidariedade, a Cáritas Brasileira; que atacam os organismos de nossa Igreja que, frente a nossa história, posicionam-se a favor dos mais pobres e da terra. Desenformados, assumem para si os ataques que vêm de fora. Não procuram atestar a veracidade dos fatos. Estes irmãos e irmãs precisam repensar, “examinar”, na linguagem franciscana, a sua catolicidade e fidelidade à Igreja, nossa Mãe.

Frente a isso, me alegro com os irmãos e irmãs que vivem plenamente o Evangelho na Igreja e no mundo,[4] unindo fé e vida,[5] tendo por predileção os pobres e escutando o grito da terra[6]. Esses entenderam a proposta evangélica de Francisco de Assis e do Francisco de Roma, que preferem uma Igreja suja e ferida por ter saído e se envolvido nos dramas e situações do mundo atual, a uma Igreja fechada, limpinha e cheirosa, por que teve medo de se ferir ao sair.[7]

Irmãos e irmãs, queiramos permanecer sob a inspiração dos nossos dois Franciscos. Errando ou acertando, sofrendo angústia ou perseguição,[8] queiramos permanecer na Igreja, amá-la e servi-la. Pois a Igreja é Mãe milenar e Mestra misericordiosa. O filho jamais difama a sua mãe em praça pública. Do mesmo modo, o franciscano autêntico não expõe sua Mãe aos ataques de pessoas desenformadas. O Franciscano ama a sua Igreja, e nela quer permanecer até o fim. Rezemos.

Fonte: http://www.ofmscj.com.br/?p=8723

 

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