Papa Leão XIV: um chamado à paz e à evangelização no mundo conturbado

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Paulo C. Lino, OFS
Psicanalista clínico, terapeuta, teólogo, pós-graduado em
Ciências da Religião, professor de filosofia e catequista

RESUMO

O presente artigo propõe uma análise reflexiva sobre o posicionamento do Papa Leão XIV diante dos conflitos contemporâneos, especialmente no Oriente Médio, e sua convocação à evangelização enraizada no espírito franciscano. A partir de pronunciamentos recentes, o texto busca iluminar como a figura do pontífice atua como elo entre a tradição e os desafios da atualidade, promovendo uma diplomacia da esperança e um chamado à reconstrução espiritual e eclesial. O artigo dialoga com documentos do magistério da Igreja, o Catecismo e narrativas bíblicas para demonstrar como a paz pode ser reconstruída a partir da compaixão, da escuta e do testemunho evangélico.

Palavras-chave: Papa. Evangelização. Paz. Gaza. Igreja.

INTRODUÇÃO

O mundo contemporâneo segue mergulhado em disputas territoriais, guerras silenciosas e conflitos ideológicos que fragmentam povos, culturas e corações. É nesse cenário que o Papa Leão XIV tem se manifestado com clareza, coragem e mansidão convocando a Igreja a se redescobrir como instrumento de paz e reconciliação.

Este artigo tem como objetivo central refletir sobre os discursos do Papa Leão XIV à luz do Magistério da Igreja Católica, identificando sua influência pastoral e espiritual diante da crise humanitária no Oriente Médio. A proposta é apresentar como sua postura contribui para um novo modelo de evangelização e mediação, com forte inspiração franciscana.

Durante a Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias, o Papa declarou: “A promoção do zelo apostólico entre os povos continua sendo um aspecto essencial da renovação da Igreja prevista pelo Concílio Vaticano II, e é ainda mais urgente hoje” (PAPA LEÃO XIV, 2025).

DESENVOLVIMENTO

O Papa Leão XIV reafirma o desejo de uma Igreja aberta ao diálogo com o mundo contemporâneo. Em seu discurso, ele reforça que evangelizar significa descer ao encontro das pessoas, servir com humildade e amar primeiramente com gestos concretos, antes mesmo de palavras. Essa abordagem é um resgate profundo do modelo franciscano, no qual o amor pela humanidade supera barreiras políticas e ideológicas.

A crise humanitária em Gaza é um dos focos centrais do pontificado atual. Na homilia inaugural, Leão XIV demonstrou empatia profunda: “Crianças, famílias e idosos em Gaza estão sendo reduzidos à fome” (PAPA LEÃO XIV, 2025). Tal declaração não é uma postura política, mas humana, seguindo o exemplo bíblico de compaixão expresso em Marcos 8,2: “Tenho compaixão desta gente…”.

As palavras do Papa são ecoadas por outros grandes líderes da Igreja, como o Papa João Paulo II, que declarou enfaticamente: “Toda guerra é uma derrota da humanidade” (JOÃO PAULO II, 2002, p. 1). Em alinhamento, o Catecismo da Igreja Católica destaca que “a paz é a tranquilidade da ordem, obra da justiça e fruto da caridade” (CATECISMO, 2000, §2304).

A perspectiva franciscana do Papa Leão XIV propõe uma mediação pacífica, inspirada diretamente por São Francisco de Assis. Durante as Cruzadas, Francisco atravessou corajosamente as linhas inimigas para dialogar com o sultão do Egito. Tal ato simboliza a coragem evangélica e a disposição ao diálogo e à reconciliação, valores hoje reafirmados pelo Papa (FONTES FRANCISCANAS, s/d, p. 342).

O convite original de Cristo a São Francisco, “Reconstroi a minha Igreja”, ganha hoje uma dimensão ainda mais ampla. O Papa Leão XIV convoca os fiéis a reconstruírem o mundo a partir do cuidado individual com cada pessoa ferida pelo sofrimento, promovendo assim uma evangelização pautada no testemunho concreto de vida e no acolhimento sincero e fraterno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em tempos marcados pela violência, pela divisão e pela ausência de diálogo verdadeiro, o apelo feito por Leão XIV à compaixão franciscana se torna ainda mais necessário e urgente. Ele nos lembra que uma Igreja verdadeiramente ativa não é aquela que apenas discursa sobre paz, mas aquela que vive diariamente a reconciliação, cuidando dos marginalizados e daqueles que mais sofrem.

Assim, cada pessoa é convidada a assumir a tarefa cotidiana de se tornar um agente real da paz, vivendo plenamente a oração tão conhecida atribuída a São Francisco: “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz” (ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO, s/d).

REFERÊNCIAS

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Bíblia Sagrada. Nova ed. rev. ampl. São Paulo: Paulus, 2002.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 2000.

FONTES FRANCISCANAS. Fontes Biográficas Franciscanas. Disponível em: https://www.documentacatholicaomnia.eu/03d/sine-data,_AA_VV,_Fontes_Biograficas_Franciscanas,_PT.pdf. Acesso em: 22 maio 2025.

JOÃO PAULO II, Papa. Mensagem para a celebração do XXXVI Dia Mundial da Paz, 1° de janeiro de 2003: Pacem in Terris: um compromisso permanente. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 8 dez. 2002. Disponível em: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/messages/peace/documents/hf_jp-ii_mes_20021217_xxxvi-world-day-for-peace.html. Acesso em: 22 maio 2025.

ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO. Disponível em: https://www.franciscanos.org.br/?p=1164. Acesso em: 22 maio 2025.

PAPA LEÃO XIV. Discurso na Assembleia Geral das Pontifícias Obras Missionárias. Vatican News, Vaticano, 22 maio 2025. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news. Acesso em: 22 maio 2025.

 

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