Coletando lixo e cuidando da vida
Comunidades da Área Costa Fronteira Paróquia de Santana Diocese de Óbidos no oeste do Pará, realiza ação concreta em comemoração os 10 anos da Laudato Si.
Ronielson Nunes Azevedo
Filho de Pescador
Acadêmico de Pedagogia na Universidade
Federal do Oeste do Pará, UFOPA
1. Introdução
No dia 24 de maio de 2024 em comemoração à semana “Laudato Si” as comunidades ribeirinhas que compõe a área Costa Fronteira na Paroquia de Santana Diocese de Óbidos localizada no oeste do Estado do Pará, realizaram, uma ação concreta que motivou todas as comunidades pertencentes a se mobilizar para a coleta de lixo que são descartados nas margens do majestoso Rio amazonas e nos igarapés que estão nas proximidades, momento de partilha e experiências compartilhadas pelo povo ribeirinho que se preocupa com a casa comum. A ação em questão foi fruto de um trabalho realizado em comunidade com lideranças comunitárias que tem o acompanhamento das Irmãs Carmem Lucia de Almeida e Juliana Aires da congregação das Irmãs de São Francisco da Providencia de Deus, que estão há 08 anos em missão nesta Igreja de Óbidos e armou sua tenda no coração da Amazônia a luz da palavra de Deus, semeando o evangelho e fazendo ecoar uma voz alta em defesa da vida, principalmente nos lugares onde a vida está ameaçada. Este momento também é de escuta do nosso povo que enfrenta grandes desafios, mas que resiste com coragem e ousadia, esse encontro é mais uma oportunidade da fortalecer o momento de cuidado diante das catástrofes naturais causada pela falta de consciência humana.
Escutar não é fácil, mas se faz necessário ouvir nosso povo ribeirinho e todos os povos por serem parte desta igreja na Amazônia que os convida a ser cada vez mais sinodal, e nos leva para os encontros dos povos, conhecer suas realidades que nos faz descobrir uma grande diversidade de cultura e sabedoria, nos motivando a fortalecer a luta e o clamor para que não sejamos vítimas dos fenômenos de terras caídas causada pelo desflorestamento e pela poluição de nossos rios e igarapés.
Esta ação pode ser vista como um verdadeiro encontro, não apenas para coletar o lixo, da mesma forma que podemos ver como alternativas de novos caminhos conhecendo os desafios e as expectativas de uma igreja que sonha por um mundo mais justo e igualitário, sendo profética por meio da sinodalidade. Um momento forte de nossa igreja de Óbidos que escuta o convite do Papa Francisco e se coloca em saída, se transformando em uma igreja enlameada coletando lixo e cuidando da vida.
2. Problema
A ação foi realizada após um momento de diálogo em rodas de conversa, no qual foi apresentada a grande questão do excesso de lixo que é despejado nos rios, lagos e igarapés, seja pela falta de consciência, local adequado para o descarte ou até mesmo das embarcações que navegam pelos rios da Amazônia. Essa situação tem causado um grande impacto na vida da população ribeirinha, que utiliza a água coletada do rio para o uso no seu dia a dia, ao mesmo tempo em que aumenta o número de pessoas que apresentam sintomas de diarreia ou outras doenças. Outrossim, destacamos o crescimento constante do fenômeno de terras caídas como impacto do desmatamento ocorrido nas margens dos rios, acometidos pelo plantio de pasto pelos grandes criadores da região. É um clamor não só aos Homens, e mulheres amazônidas, mas também ao nosso Deus.
“No tempo do meu favor eu te escutei, no dia da salvação te socorri”
(Is 49,8; 2Cor 6,2).
Dado que a Amazônia é um dos biomas responsáveis pelo ar que respiramos e que alimenta a fauna e a flora, devemos cuidar, pois os moradores das comunidades ribeirinhas do município de Óbidos também estão sofrendo grandes impactos que ameaçam a vida e seus territórios. A nossa preocupação está relacionada às grandes estiagens que nos impedem de ter agua potável e aos lagos que estão assoreando cada vez mais. Podemos citar o excesso de pescados de diversas espécies que morreram nos lagos, o que ocorreu no início de 2024. Da mesma forma, sofremos com as grandes enchentes que alagam nossas residências e nos obrigam a nos mudar para um local mais seguro. A escassez de água potável é um dos grandes impactos que nossas comunidades sofrem e o despejos de lixos nos rios, lagos e igarapés só contribui para que esse liquido se torne improprio para o uso. A poluição prejudica a agricultura familiar e reduz os números de peixes em nossos lagos, diante de tudo isso também podemos perceber a grande desigualdade social, com a falta de políticas publicas, que trabalhem essa conscientização, e a implantação do saneamento básico políticas essências que na ausência obriga a população a viver nessa situação a ação da igreja em coletar o lixo das margens do Rio amazonas e igarapés , é para que nossos irmãos e irmãs possam contribuir com a qualidade das aguas , que é de estrema importância , para o cuidado com a saúde, e uma qualidade de vida melhor para a população ribeirinha, é preciso frear a poluição e fortalecer a educação ambiental em todos os ambientes, para que possamos proteger nossos rios e cuidar da vida e do planeta, sã muitas as problemáticas e nós precisamos dar continuidade nessas as ações em nossas comunidades para que juntos possamos viver em uma ambiente mais saudável e seguir nesse caminho sinodal que a igreja nos apresenta , cuidando do povo da floresta e os que vivem nas margens dos rios lagos e igarapés, que nossa canoa possa navegar onde a coleta do lixo não existe e que no pá de nossos remos possamos coletar o lixo que polui e nos ameaça.
3. Justificativa
O povo que vive as margens de nossos rios da Amazônia, tem muito conhecimentos e tradições que possam ser transmitidos a todos nós que estamos nesta grande diversidade de povos. Queremos através desta grande ação, também reconhecer todo o trabalho de nossos irmãos ribeirinhos pelo cuidado com os rios, lagos e igarapés, a coleta de lixo realizada é uma forma de continuar preservando essa tão bela criação de Deus que habita na Amazonia, que fala conosco pelas ondas de águas barrentas.
A presença da igreja nas comunidades ribeirinhas da paroquia Santana que compõe a Area Costa Fronteira é um sinal da presença verdadeira do Cristo com um rosto amazônico que nos mostra uma rica experiencia evangelizadora a partir de suas realidades e culturas , nos mostrando um caminho para uma terra sem males, isso mostra que a igreja estar dando continuidade na busca pela inculturação e fortalecendo a missão diante dos desafios em nossas comunidades.
Essa ação que contou com a participação de alunos das escolas que estão nesses territórios, se torna um sinal de esperança para nossos comunitários e para a igreja, as organizações populares também compartilham seus anseios conosco, vivendo uma espiritualidade de resistência diante da poluição dos rios, se juntando neste grande puxirum para salvar a vida e o planeta por meio desta ação, respeitando a natureza e o povo ribeirinho.
Uma atitude de cuidado com o planeta impulsionada pela mensagem da “Laudato Si” a igreja de Óbidos, por meio das comunidades ribeirinhas nas margens do Rio Amazonas, quer aprender e praticar o diálogo, respondendo com esperança e alegria, sonhando com um mundo novo junto às comunidades que vivem nesses territórios livres de poluição e da falta de água necessária. É Deus quem nos convoca a cuidar da nossa casa comum e descobrir que estamos interligados à igreja e ao meio ambiente.
Uma igreja em saída, é aquela que escuta o clamor do povo, e vai ao seu encontro para conhecer suas realidades e criar proposta que favoreça uma ecologia integral, queremos dar continuidade nesse projeto para que possa impactar de forma positiva na vida de nosso povo, criando alternativas para essa ação permanente sobre a importância da preservação e o cuidado com a vida, pois ações como essa nos desafiam a responder o clamor em defesa da vida e da terra.
A poluição dos rios, lagos e igarapés ameaça a vida dos povos da Amazônia e é imperativo que tomemos atitudes imediatas diante desta grave questão. A falta de cuidado com a casa comum tem despertado o interesse por grandes projetos que matam e ferem o nosso povo, que, na maioria das vezes, são expulsos de seus territórios e sofrem grandes impactos ambientais e sociais. A poluição dos rios, lagos e igarapés afeta não somente a água, mas também a floresta e a qualidade de vida.
Com isso queremos criar rodas de conversas e encontros que possam dialogar o cuidado pela terra que nos acolhe e pela água que mata a nossa sede.
Ações como a que estamos vendo na imagem acima precisam ser frequentes e nossa preocupação só aumenta quando se trata de poluição da água, percebemos que precisamos fortalecer muito mais nossas ações e sobre a educação ambiental e rever imediatamente o mau uso e o descarte de embalagem plásticas e vidros que são despejados em nossos rios, necessitamos encontrar rumos para sermos enviados em missão ao um mundo sustentável.
Em nossas comunidades ribeirinhas há uma preocupação muito grande com relação ao uso de sacolas plásticas, e materiais que não podem ser reciclados, e isso nos mostra a importância de trabalhar essa temática nos ambientes escolares para que os professores também possam transmitir essa mensagem de cuidado com o meio ambiente e que possa chegar em todos essa importantíssima informação.
4. Considerações Finais
Com a coragem e determinação de fazer missão nesta igreja missionaria no Coração da Amazônia, podemos destacar aqui a grande importância do cuidado com a nossa casa comum, e com o povo vive em nossas comunidades ribeirinhas, que sofrem não a penas com a poluição dos rios, lagos e igarapés, mas também pela falta de cuidado com o seu território onde vive. O Papa Francisco na “Laudato S” já deixa bem claro que nós precisamos ser comprometidos com o cuidado com a nossa casa comum, e essa missão das comunidades Ribeirinhas da Paróquia Santana, que compõe a Area Costa Fronteira na diocese de Óbidos ela nos mostra que devemos acabar com as desigualdades, que vê a poluição como algo cultural, mas que infelizmente nos traz grandes impactos, poluição do meio ambiente ameaça a vida de todos.
Queremos continuar sendo essa igreja missionária cuidando da nossa casa comum, compreendendo que na essência da criação não está homem e mulheres com a poluição, mas o próprio Cristo, que criou o céu e a terra, e nos deu a responsabilidade do cuidado, para que possamos contemplar a beleza de sua obra.
A ação de nossas comunidades nos educa para descobrir que estamos interligados, reconhecendo que ser igreja é cuidar da vida e do nosso planeta, e precisamos iniciar esse processo pelos mais vulneráveis; e assumir uma luta combatendo todos os tipos de crimes que ameaçam a vida, implementando a missão evangelizadora a partir do cuidado. Essa iniciativa em nossa diocese nos traz uma reflexão sobre o nosso futuro e os impactos que podemos enfrentar se não agirmos depressa.
Rios, lagos, florestas e povos,
Bendizei ao Senhor na canção,
Bendizei ao Senhor na canção,
É canção que constrói tempos novos
Nossa vida e missão neste chão!
Nossa vida e missão neste chão!
(hino da CF.2007)
Óbidos, 26 de maio de 2024.