30 anos da Rio-92: o legado da ‘maior conferência ecológica de todos os tempos’

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Em resposta à carta enviada pelo Papa Francisco na última terça-feira, 7, os participantes do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, reunidos em Santarém, divulgaram hoje, quinta-feira, 9, uma carta que enviaram ao Santo Padre. Na mensagem enviada no início do encontro, o Papa Francisco exortou o cerca de 100 participantes a serem “corajosos e audaciosos, abrindo-se confiadamente à ação de Deus”.

De acordo com Luis Modino, da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), os “participantes do encontro, reunidos em clima sinodal, expressaram ao Santo Padre a renovação de seu compromisso “de ser uma Igreja encarnada promovendo a evangelização libertadora”. No marco do Dia Mundial do Meio Ambiente, na linha do que foi dito 50 anos atrás, os participantes do encontro mostram seu compromisso de tornarem-se, “cada dia mais, protagonistas de uma evangelização que contemple os sonhos e os cuidados com a nossa Casa Comum”.

Os participantes agradeceram pela mensagem enviada ao Encontro e ao interesse do Santo Padre pela Amazônia, algo que está presente, segundo a carta, desde o início de seu pontificado quando ele expressou, no encontro com o episcopado brasileiro por ocasião do Dia Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013,  que: “a Amazônia é um teste decisivo, um banco de prova para a Igreja e para a sociedade brasileira”.

Um interesse, como diz a carta, que continuou nos anos seguintes, que “culmina na realização do Sínodo para a Amazônia e na Querida Amazônia”, um texto que para a Igreja da Amazônia ” é de fato uma Carta de Sonhos de Amor à Amazônia e à Igreja, rumo a uma ecologia integral e a uma evangelização inculturada”. No documento, os participantes também destacaram como sinal de carinho e proximidade do Santo Padre as ajudas econômicas enviadas por ele anualmente, pelas quais manifestaram gratidão.

Os participantes destacaram a presença do presidente da Conferência Episcopal da Amazônia (CEAMA) e arcebispo de  arcebispo de Huancayo, Peru, o  cardeal Pedro Ricardo Barreto Jimeno. A CEAMA, foi apontada pelos participantes, como organismo que consideram como fruto do Sínodo para a Amazônia e instrumento para viver a sinodalidade. A mensagem também destaca ‘a boa nova da escolha de dom Leonardo Ulrich Steiner, como o primeiro cardeal da Amazônia brasileira”.

Conheça íntegra da Carta dos Participantes ao Papa abaixo:

 

 

Participantes dão graças ao caminho percorrido e apontam para o futuro da Igreja no bioma

 

No final da manhã desta quinta-feira, 9, foi realizada a última Coletiva de Imprensa do IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal. O IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, evento que teve início na segunda-feira, 6, e encerramento nesta quinta-feira, 9, celebra e faz memória do Documento de Santarém, fruto do primeiro encontro eclesial na região, que foi realizado há 50 anos, em Santarém, no Pará.

Para a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Maria Inês Ribeiro, para os consagrados e consagradas é um momento de ação de graças pelo fato de a Igreja ter feito este caminho na Amazônia de cinquenta anos de busca de uma inserção e de uma evangelização libertadora.

“Hoje podemos dizer que estamos retomando e reforçando as opções feitas há 50 anos mas hoje com rosto diferentes. Há 50 anos não tínhamos leigos, leigas e religiosas participando. Isto mostra o caminho que a Igreja vem fazendo e um encontro como este entra dentro de um grande processo. Nós nos reunimos e projetamos o futuro que vai pautar a caminhada da Igreja na Amazônia”, disse.

A ecóloga e membro da REPAM-Brasil, Ima Vieira, que tem colaborado com a Igreja Católica desde o Sínodo da Amazônia, no qual foi perita, também participou da Coletiva de Imprensa. “Como leiga, atuando no território temos visto como nossas comunidades estão aqui na região Amazônica com tantos desafios, tantos problemas e ameaças. Situação e conjuntura que têm levado, muitas vezes, à uma certa desorganização e desânimo das comunidades”.

De acordo com ela, o encontro, dá um novo ânimo e mostra as preocupações da Igreja novamente com o bioma. “A Igreja tem vários rostos e está no chão, no território e nós aqui estamos construindo os novos caminhos para a Igreja na Amazônia com uma agenda socioambiental de atuação”, disse.

O arcebispo de Manaus (AM), recém nomeado como cardeal pelo Papa Francisco, dom Leonardo Urich Steiner, disse que o encontro foi uma oportunidade de revisitar o passado e fazer memória, não como saudade, mas para perceber a ousadia e as palavras de Esperança de uma Igreja que buscar há 50 anos entender onde ela se encontrava e como levar o Evangelho às realidades daquele tempo.

“Cinquenta anos depois é uma gratidão poder celebrar a ousadia destes irmãos e revisitar o documento para que a partir dele, do processo do Sínodo para a Amazônia e da Encíclica ‘Querida Amazônia’ do Papa Francisco, pensar o futuro e a presença da Igreja na Amazônia”, disse.

Dom Leonardo destacou que o encontro foi realizado em caráter sinodal com participação de leigos, leigas, religiosas e dos ministérios que enriquecem a vida da Igreja e apontou que o documento aprovado pelo encontro é “cheio de esperança”.  “É um documento que parte da realidade e pensa o futuro de nossa Igreja”, ressaltou.

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