Voltar à Terra, a Assis e às Galileias…

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No último dia 26 de novembro, fomos agraciadas com a realização de mais um ENCONTRO congregacional online. O tema “Irmãs Catequistas Franciscanas nos caminhos da Ecologia Integral” foi um convite a cultivar nosso olhar de ternura, gratidão e cuidado para com nossa Casa Comum e buscar nossa sustentabilidade sem agressão, sem exclusão, com justiça, na solidariedade. A escuta das vivências compartilhadas pelas irmãs Gabriela Noj Nij e Alzira Munhoz, de Guatemala; Laura Vicuña, de Porto Velho, Rondônia; Edilúcia de Freitas, de Fátima de São Lourenço, Mato Grosso; enriquecida pela reflexão de Moema Miranda e a mensagem da irmã Ana Pereira de Macedo, fez arder o coração!

Sentimo-nos seres aprendentes! Valeu a pena o esforço para participar utilizando meios e recursos que não faziam parte de nosso cotidiano. Isso nos possibilitou uma linda conexão: apesar das distâncias geográficas e dos fuso-horários diferentes, sentimos palpitar a comunhão! Com esse momento significativo, damos um passo a mais no processo de reorganização da congregação. Ao reinventar caminhos, queremos caminhar com os pobres, comprometidas com a ecologia integral.

Sentimo-nos IMPULSIONADAS A UM MOVIMENTO DE VOLTA às raízes da própria existência, da nossa essência: terra-húmus-humanidade. Voltar à Terra, é voltar a Assis, às Galileias existenciais que nos vinculam ao outro, à criação, à transcendência. É deixar-se conduzir pela cultura do ENCONTRO, da saída de si e da bolha de segurança e de indiferença imposta pelos tempos sombrios que atravessamos.

Voltar à Terra, para resgatar nossa identidade, nossas raízes, como afirma a carta encíclica Fratelli Tutti: “uma terra será fecunda, um povo dará frutos e será capaz de gerar o amanhã apenas à medida que der vida a relações de pertença entre os seus membros, à medida que criar laços de integração entre as gerações” (FT, 53). Somente assim poderemos fortalecer os vínculos de benquerença entre nós e com o Outro, criar alianças improváveis, costurar entre diferentes espiritualidades, tecer a trama de uma rede e acertar o passo na ciranda da diversidade.

Voltar a Assis é nutrir-se da fonte do Carisma Francisclariano, da inspiração fundante que plasmou o SER DA IRMÃ CATEQUISTA FRANCISCANA e lhe deu pleno significado. Queremos adentrar por esse caminho misterioso e fascinante de Francisco e Clara; ressignificar nosso jeito francisclariano de ser e estar com os pequeninos e com a Criação, como mulheres consagradas, Madalenas de ontem e de hoje, cuidadoras, que carregam o perfume, o vinho novo, capaz de devolver à humanidade a esperança, a alegria, o sentido da vida.

Voltar às Galileias é assumir as urgências socioambientais que forjam novos saberes e novas aprendizagens e assim descobrirmos novos caminhos de uma ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA, como educadoras e aprendizes abertas a novas experiências. Nossa mestra é a Mãe Criação, que nos revela o Deus da gratuidade e da abundância. Ainda temos um longo caminho a percorrer para saborear o gosto das novas aprendizagens, pois a vida é plena de sabedoria, nós somos uma com a natureza, e cada criatura tem valor em si mesma! Em todas as coisas Deus fala de Si! Imbuídas desse Espírito, na certeza de que educamos e somos educadas, ousamos acreditar e apostar em projetos que promovem o CUIDADO E A SUSTENTABILIDADE, a economia de Francisco e Clara, promotora da solidariedade, da cooperação e de uma produção sustentável.

Os caminhos de volta à Terra, a Assis e às Galileias nos conduzirão ao Encontro, lá onde a vida clama pela nossa presença e, como mulheres consagradas, MADALENAS cuidadoras e parteiras, com “outras Madalenas”, continuaremos a lutar por políticas públicas, pelos direitos violados dos nossos povos, pela justiça socioambiental, pelo bem viver, fortalecendo a resistência comunitária na defesa e proteção da Mãe Terra, na busca da soberania alimentar. Então, a vida florescerá, e da Mãe Terra ecoará um canto novo de alegria, o Deus da Vida aqui está…

Por Irmã Zélia Maria Batista

Fonte: CICAF

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