A relação de respeito entre as Irmãs

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A relação de respeito é algo importante e imprescindível em todo e qualquer momento e ambiente: na família, na Igreja, no trabalho, na rua, na escola, entre amigos, com a natureza, a “Casa Comum”… Respeitar é suportar, não no sentido de aturar, mas sim de ser suporte para o outro, como vemos o belo exemplo de Francisco que foi um grande suporte para a Igreja. “Na verdade, é por meio desse homem piedoso e santo que a Igreja de Deus será restabelecida nas suas bases!” (Papa Inocêncio III).

Quando alguém começa a viver com verdade e radicalidade o Evangelho, como fez Francisco e Clara de Assis, o respeito cresce de maneira incalculável, isso porque regido pelo AMOR.

Sabemos que tanto para Francisco, como para Clara, a primeira palavra da sua regra, ou forma de vida é: “A forma de vida da Ordem das Irmãs Pobres, que S. Francisco instituiu, é esta: Observar o Santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo…” (Regra de Santa Clara, Cap. I).

São bem poucos os escritos de Santa Clara que conhecemos, mas são bem claros e convincentes de que sua boa conduta, sua fineza ética de uma filha da nobreza da Idade Média, a partir do seu seguimento de Cristo, segundo o exemplo de São Francisco se transformaram em um relacionamento totalmente mais profundo porque cheio dos valores evangélicos.

Toda nossa vocação se desenvolve na vida de Comunidade. (CCGG Art.90,1). Por isso como Clara, acreditamos na força que se irradia para a Igreja quando testemunhamos com nossa vida silenciosa, a busca da vivência da Palavra, do amor, do pedir perdão rápido e recomeçar sempre. “Era sempre a 1ª a servir, compreender as limitações humanas de suas Irmãs, exortá-las, com toda humildade, a buscar o caminho da perfeição.(PrCan. nº 12). “E assim procuramos viver como as primeiras comunidades cristãs que eram “um só coração e uma só alma” (At 4;32 VDQ Nº24).

Diariamente escolhemos uma palavra do Evangelho do dia para viver em comunidade e isso nos estimula a um relacionamento de amor, compreensão, perdão recomeço… pois assim como nas famílias e na sociedade, vivenciamos conflitos, divergências, discussões. O orgulho de pensar que o outro é que tem a culpa nos faz endurecer o coração e não querer ir até a pessoa pedir perdão. Porém o evangelho nos ensina que devemos perdoar; não apenas uma vez, mas sempre. “quantas vezes devo perdoar, até sete vezes? Não, digo vos, até setenta vezes” (Mt17;21-22).

Em uma comunidade onde recomeçar sempre e depressa é algo importante e levado a sério, as Irmãs se renovam sempre na criatividade e no amor recíproco. Quando uma Irmã percebe que fez algo que desagradou e/ou ofendeu a outra de alguma forma, logo vai a procura dela, pede perdão, humildemente, esclarece as coisas e recomeça com um ato de amor. Lembrando das palavras do apóstolo “Amai-vos mutuamente com afeição terna e fraternal. Adiantai-vos em honrar uns aos outros.” (Rm 12, 10) entende-se que a fraternidade é o espaço da caridade fraterna, do perdoar-se mutuamente e viver buscando sempre o bem comum, nunca buscando a individualidade.

A ajuda mútua no dia a dia é algo que faz crescer e enriquecer o relacionamento na comunidade, pois ninguém precisa sofrer e estar sobrecarregada sozinha, pois logo uma Irmã vai ao seu encontro para ajudá-la, seja nas tarefas e trabalhos do dia a dia, seja nos momentos de dor, dúvida, aflição… Como acontecia no Mosteiro de Santa Clara, que estava sempre muito atenta às dores, preocupações, doenças e crises espirituais ou psicológicas de suas Irmãs.  “No tempo de inverno Clara cobria as irmãs uma a uma, com as próprias mãos enquanto dormiam. Não amava só as almas das filhas, servia também seus corpos.” (LegCl 38); (cf também PrCan.nº 12).

Francisco e Clara tiveram sempre um grande amor e respeito à natureza e hoje, mais do que nunca, desenvolvemos esse respeito e amor de maneira bem prática e concreta economizando água, separando o lixo do reciclável, reaproveitando tudo o que pode ainda ser usado, mesmo que custe um pouco mais de tempo e esforço de nossa parte, se fazemos por amor, mesmo que seja bem pouca a nossa contribuição, ela não pode faltar. “Quando falamos em cuidar da casa comum, que é o planeta, fazemos apelo àquele mínimo de consciência universal e de preocupação pelo cuidado mútuo que ainda possa existir nas pessoas… Requer-se este mesmo comportamento para reconhecer os direitos de todo o ser humano, incluindo os nascidos fora das nossas próprias fronteiras.” (Fratelli tutti, 117).

É grande a alegria da comunidade quando vai entendendo e vivendo sempre mais o respeito na convivência diária. Nota-se grande satisfação, criatividade, entusiasmo e a vida se torna muito agradável e feliz, mesmo quando chegam as dificuldades e problemas inerentes a qualquer estado de vida humana.

24 de maio de 2021

Elaborado por: Ir. M. Ângela da Apresentação, osc. – Ir. Margarida Maria do S. Coração de Jesus, osc. – Ir. Maria Inês do Bom Pastor, osc. – Ir. Maria Yohanna Bakhita da Misericórdia, osc. – Ir. Myriam Luce da Mãe Aparecida, osc. – Ir. Maria Stella da Trindade, n.osc. – Ir. Maria Paulina de Jesus Menino, n.osc. – Ir. Maria Ancila de Jesus Crucificado, n.osc. – Ir. Ana Teresa de Maria, n.osc. e Ir. Maria Cristiane da Eucaristia, osc.

(Sigla: osc=Ordem de Santa Clara. n= noviça da Ordem de S. Clara).

Escrito pelas Clarissas do Mosteiro Mater Christi, Guaratinguetá – SP para o Boletim Irmão Sol nº 03 de 2021.

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