Mártires da Etiópia

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Sacerdotes missionários na Etiópia, mártires da Primeira Ordem.

São João Paulo II os proclamou bem-aventurados na Basílica Vaticana,
no dia 20 de novembro de 1998, solenidade de Cristo Rei.

Liberato Lourenzo Weiss: nasceu em Konnersreuth, Baviera, a 4 de janeiro de 1675. Aos 18 anos tornou-se franciscano. Ordenado sacerdote foi enviado como missionário a Etiópia.

Samuel Antonio Francisco Marzorati: nascido em Biuno Superior, perto de Varese, a 10 de setembro de 1670, tornou-se franciscano aos 22 anos a 5 de março de 1792, em Lugano, Suíça. Ordenado sacerdote, depois de um período de apostolado em sua pátria, foi enviado como missionário a Etiópia, onde sofreu o martírio.

Miguel Pio Fasoli: nasceu em Zerbo, perto da Parvia, a 3 de maio de 1676. Feito franciscano e sacerdote, exerceu seu apostolado em sua pátria por algum tempo e depois partiu como missionário para a Etiópia. Sofreu o martírio com os outros dois companheiros.

Três vidas semelhantes e diferentes, três franciscanos que teriam percorrido caminhos diferentes se a Providência Divina não os tivesse unido para sempre no caminho do martírio.

Há muito tempo a Igreja Católica se esforçava para restabelecer a comunhão plena e a união com a Igreja Copta, sem sucesso. Em 20 de janeiro de 1697, a Santa Sé abriu de novo a missão na Etiópia e encomendou-a aos franciscanos. O Ministro Geral da Ordem fez então um chamado aos frades, buscando voluntários para a missão e muitos se ofereceram, entre eles os três beatos. A missão tinha como objetivo unificar a Igreja Copta do Egito com a Igreja de Roma.

Os freis Liberato e Miguel Pio foram destinados a Etiópia; o Frei Samuel a Ilha de Socotra, no Oceano Índico, mas não atingiu o objetivo, regressando ao Cairo, onde se uniu a expedição dos outros companheiros.

No ano de 1705, um grupo de franciscanos saiu do Egito, junto a uma caravana de mercadores. Chegaram ao Sudão e presenciaram uma revolta militar contra o rei de Sennar. Não puderam prosseguir o caminho e se estabeleceram em Allefun, cidade respeitada por seu famoso santuário muçulmano. Em 1708, o rei, que havia vencido os rebeldes, chamou os missionários a Sennar. Pouco a pouco, dos oito franciscanos que haviam saído do Cairo só restavam dois, Frei Liberato e Frei Miguel. Os demais voltaram ao ponto de partida ou morreram. Os dois beatos regressaram ao Cairo em 1710, sem conseguir chegar a Etiópia.

Frei Samuel, com outros companheiros, não sabendo nada sobre os cristãos da ilha do Oceano Índico, evangelizada por São Francisco Xavier, foram em direção ao Cairo.

A Santa Sé decidiu então que tentaria novamente a viagem apostólica a Etiópia, desta vez seguindo pela rota do Mar Vermelho e, em 20 de abril de 1711, encarregou os freis Liberato como Prefeito Apostólico, Miguel Pio e Samuel, que colocaram-se a caminho para cumprir a missão encomendada. Saíram do Cairo em 3 de novembro de 1711. Chegaram a Gondar, então capital da Etiópia, em julho de 1712. O rei Justus os acolheu amistosamente, mas a situação do reino não era pacífica, os europeus não eram gratos à população e a oposição ao rei era forte. Por isso, pediu aos missionários que esperassem a situação melhorar e passassem despercebidos, sem discutir com os coptas sobre as questões religiosas, nem se declarassem romanos. O rei temia por sua continuidade no trono.

Os frades levavam uma vida simples e pobre, viviam da profissão que haviam aprendido, ajudavam os doentes e aprendiam os dialetos locais. Contudo, a população local começou a difundir mentiras contra os missionários, o que dificultou a convivência. O rei Justus, para evitar males maiores, enviou os franciscanos a outra Província, Tigré.

Entretanto, a crise política se agravou, o rei Justus ficou doente e seus adversários aproveitaram a situação para destroná-lo e coroar um novo rei, David, filho de outro rei. Os missionários foram localizados e enviados a Gondar para o tribunal. Foram acusados de heresia contra a Igreja Copta da Etiópia, declararam abertamente que eram cristãos e que tinham sido enviados pelo Sumo Pontífice para ensinar a verdadeira fé cristã. Contra as crenças dos coptas, proclamaram, entre outras coisas, a natureza divina e humana de Cristo e afirmaram a presença real de Cristo na Eucaristia. Os coptas não conseguiram que os franciscanos renunciassem a fé católica. Por isso, foram condenados a morte, trasladados a um lugar chamado Amba-Abo e apedrejados em 3 de março de 1716.

A notícia do martírio chegou imediatamente a Europa, por escritos de testemunhas presenciais dos fatos. Contudo, o processo de beatificação atrasou consideravelmente por diversas circunstâncias. São João Paulo II os beatificou em 20 de novembro de 1988.

Na ocasião, São João Paulo II afirmou: “Profundamente convencidos de não serem donos do que possuíam, os mártires beatificados se viam como administradores e mensageiros dos dons que haviam recebido de Cristo. Entendiam que tinham sido enviados por Ele às tribos do povo da Etiópia. Com espírito de disponibilidade e diálogo fraterno, mas com firmeza e absoluta fidelidade de consciência, anunciaram a fé católica. Com amor admirável e entrega total, converteram-se em testemunhas vivas da Igreja e de Jesus Cristo. Em sua atividade missionária em sua paixão e morte, os mártires Liberato, Samuel e Miguel Pio são um esplêndido exemplo de como se pode anunciar e viver a verdade”.

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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