“A partilha salvará a gente nesta pandemia”, afirma missionário italiano no Acre

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Um missionário italiano tem procurado ajudar as famílias mais pobres da diocese de Rio Branco, no Acre, na evangelização e com a solidariedade, há mais de 45 anos. Atualmente, Pe. Massimo Lombardi, natural de Luca, na Itália, tem se dedicado exclusivamente ao bairro “Cidade do Povo” com várias iniciativas para atender cerca de 20 mil pessoas em situação de pobreza e com alto índice de desemprego que moram no local:

“Só que as pessoas que moram aqui na Cidade do Povo vieram do barranco do rio (os barrancos são considerados as favelas do norte da Amazônia). E quando as famílias moravam naqueles barrancos tinham um quebra-galho todo dia: subiam o barranco e tinham aquele serviço, aquele bico que ajudava a sobreviver. Aqui, na Cidade do Povo, precisa-se fazer 10 km; é muito longe e praticamente não tem mais aquela possibilidade de se fazer aquele bico para sobreviver. Então, o desemprego é muito grande, sobretudo agora nesta pandemia, a situação se tornou muito difícil.”

Almoço Solidário

Antes da pandemia, a Ação Missionária dentro do bairro organizava toda quarta-feira o Almoço Solidário para cerca de 100 pessoas no Centro Comunitário São Marcos, onde tem cozinha disponível às voluntárias que, junto com o apoio do Mesa Brasil, preparavam as refeições.

“O trabalho do Almoço Solidário começou quando o Papa Francisco pediu o Domingo dos Pobres. E nós achamos que não deveria ser só uma vez por ano, mas, uma vez por semana.”

 

Supermercado “Pegue e Não Pague”

Com as aglomerações proibidas durante esta fase de crise sanitária, a opção foi criar uma nova modalidade para ajudar os moradores do bairro, com o supermercado solidário “Pegue e Não Pague” que chega a beneficiar 3.300 famílias que vivem no local. Pe. Massimo, junto com o apoio da Irmã Izelba, coordena os moradores no dia de mercado, que usam máscaras e respeitam o distanciamento social na fila à espera das cestas básicas.

“Só tem um detalhe: tudo isso funciona quando nós recebemos as doações. Quando não recebemos nada, a gente com muita humildade diz às pessoas: não temos mais nada.”

A força da solidariedade

O missionário lembra, porém, das boas fases da iniciativa, de uma semana que inclusive receberam frangos vivos e ovos para doar a 50 famílias.

“O pessoal vem na quinta-feira, faz a fila e pega a sua cesta básica – ou como a gente costuma chamar aqui, o sacolão – e vai pra casa. Tudo com uma educação muito grande. A Cidade do Povo sempre foi considerada um bairro muito violento, inclusive, pelo que eu conheço mesmo, temos 50 famílias com presos. Eu visitava os presos na penal e agora a gente faz um trabalho com as famílias: fabricamos 2.500 máscaras que distribuímos para todo mundo, inclusive para as famílias dos presos que devem levar para os seus familiares no presídio. Mesmo que seja um bairro reconhecido como violento, o pessoal se mostra muito educado e também percebe a boa vontade da gente: quando não tem mais aquele sacolão, não tem tumulto e nem revolta. Muito pelo contrário, o pessoal entende e pede a Deus que a próxima vez tenha mais condições para eles levarem pra casa a cesta básica para matar a fome dos seus familiares. Então, eu agradeço a solidariedade de muita gente, porque isso só é possível quando tem a solidariedade.”

“As pessoas que têm condições devem saber que a partilha salvará a gente desta pandemia.”

Fonte: Vatican News

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