Alverne: espiritualidade franciscana como caminho

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Entre os dias 15 e 17 de novembro, o Estado do Rio de Janeiro, pela primeira vez, acolheu o Alverne – Encontro de Formação e Aprofundamento da Espiritualidade Franciscana – na cidade de Tanguá. Mais de 60 jovens do Espírito Santo e do Rio de Janeiro se reuniram para a formação franciscana, sob assessoria de Frei Vitório Mazzuco, mestre em espiritualidade franciscana. Frei César Külkamp, Ministro Provincial, estando a caminho de Quissamã, RJ, para um encontro da OFS, aproveitou o ensejo e se fez presente no encontro.

O Encontro teve início em Santa Catarina e faz parte do Itinerário Franciscano criado pelo Conselho Provincial de Juventudes, da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Visto a grande participação em outros eventos provinciais voltados aos jovens, que tomaram proporções cada vez maiores, foi organizado pelo Conselho as atividades com as juventudes, surgindo assim o Itinerário. Desta forma, o Alverne está inserido nesse caminho de trabalho com as juventudes, com o objetivo de aprofundar-se no carisma franciscano, sendo um encontro de formação realizado por regiões da Província.

Frei Vitório Mazzuco, coordenador de Pastoral da Universidade São Francisco (USF), em Bragança Paulista, durante a formação que teve como tema “A Espiritualidade Franciscana como Caminho”, provocou a juventude a se perguntar: Não seria este o caminho? Em sua fala, Frei Vitório afirmou que ter fé significa ter uma trilha de certezas e que na verdade não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, e sim seres espirituais vivendo uma experiência humana. A juventude ficou muito envolvida durante a formação e saiu esperançosa em manter-se fiel ao carisma, “transmitindo ao outro aquilo que realmente é”.

No sábado, 16, durante a formação, o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, dirigiu algumas palavras aos jovens e também visitou a cidade de Quissamã, no Rio de Janeiro, cuja a Fraternidade da Ordem Franciscana Secular está presente há 120 anos, marcada com a forte atuação dos franciscanos na região, celebrando a gratidão pelo tempo que os frades estiveram presentes e pela continuação do carisma franciscano e também, o diálogo do encontro com o Sultão – temática refletida pela Ordem Franciscana durante o ano de 2019. Frei César também lembrou aos jovens que o Alverne é um momento de profundo encontro entre Francisco e Jesus crucificado, marcado pela renovação espiritual, fraternidade e encontro com o outro. Frei Gabriel Dellandrea também esteve presente.

A jovem Andressa da Fonseca Luiz, de 24 anos, da Paróquia São João Batista, em São João de Meriti (RJ), contou que quando soube que haveria o Alverne no Rio de Janeiro ficou muito entusiasmada e feliz, pois, foi a primeira vez que a formação seria realizada na Região Sudeste. Nesta edição, além de participar, Andressa foi convidada para coordenar o encontro. “Fiquei como coordenadora geral e as preocupações de estar sempre fazendo com que os outros amigos da coordenação pudessem encaminhar suas funções contando com o meu auxílio, eram enormes, mas graças a Deus creio que tenha conseguido colaborar na função”, comemorou a jovem.

“Vou carregar pra sempre comigo essa experiência, esse fim de semana, esse encontro e todas as pessoas envolvidas. Mas um momento que que me marcou demais, pois eu não imaginava que tomaria uma proporção tão grande e significativa, foi a encenação realizada junto aos meus amigos da Paróquia, onde eu interpretava uma usuária de drogas que era rejeitada ao buscar ajuda. Dentre tantas rejeições, recebia um olhar e esse olhar se multiplicava em outros olhares e, por fim, abraços. Houve uma interação de todos os participantes, a emoção tomou conta, chorei, senti-me abraçada, abracei e foi aí que mais uma vez percebi que devemos ser seres, devemos ser franciscanos, entregar-nos, doar-nos pelo nosso irmão, principalmente o mais marginalizado, que às vezes só precisa de um olhar!”, destacou Andressa sobre as atividades do Encontro.

Já para Izabela Pellegrini, 27 anos, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Vila Velha (ES), “para decidir dar mais um passo nesse caminho e ir ao Alverne, era preciso respirar, inspirar e transpirar. Era preciso sair do comodismo e do óbvio! Mas Francisco não quer de nós o fácil, ele quer o que nos transforma, o que nos inquieta! Então eu fui!”. O acolhimento das juventudes presentes no encontro chamou a atenção da jovem: “mais que conhecer o Francisco de Assis, o Alverne me fez conhecer e reconhecer os Franciscos de hoje: os Franciscos de São João do Meriti que acolheram e alimentaram os “estrangeiros”. Os Franciscos de Nilópolis que levam cuidado e amor aos mais necessitados e aqueles que usam seus dons para cantar a paz e o bem. Os Franciscos de Niterói que, como a gente, também tem que respirar e transpirar para não se esquecerem que também são responsáveis por reconstruir nossa Igreja. E tantos outros Franciscos, que tanto nos ensinaram! Obrigada!”. Por fim, Izabela deixou uma mensagem sobre os ensinamentos do Alverne: “o Alverne me lembrou que ao meu lado pode estar alguém precisa de mim e que, às vezes, essa pessoa está mais próxima do que imagino. E isso faz a gente repensar, ter ânimo novo, abrir os olhos! É preciso reconstruir nossos corações na paz e no bem, para olhar com sensibilidade o irmão do nosso lado”.

Já para Shayana Baptista, da Comunidade Santa Rita de Cássia, que pertence a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Nilópolis (RJ), “o Alverne foi uma experiência maravilhosa que nos permitiu conhecer um pouco mais do carisma franciscano e esse carisma representa pra mim um amor profundo, simples, verdadeiro e necessário. Quanto mais eu conheço, mais quero conhecer. Precisamos subir a montanha, buscar novos horizontes, enxergar a beleza da vida, tirar as sandálias, ir ao encontro dos irmãos. São Francisco tinha opções claras e fortes. Ele nos ensina a importância de mergulhar no mistério, a sacralidade do encontro, ser sensível a essência humana e isso inclui a natureza, porque nós fazemos parte da natureza. Francisco nos mostra que quando silenciamos o mundo ouvimos a voz de Deus falando no nosso interior, mas que às vezes é necessário gritar por justiça e pelos menos favorecidos. Ele nos ensina diariamente a não perder de vista o nosso ponto de partida, nos inspira a abraçar a vida com coragem, a viver com profundidade, a pregar o evangelho através das atitudes e que na dúvida devemos ficar sempre ao lado dos pobres.”

Animados com tudo que viveram no Alverne, os jovens seguem para suas comunidades com a missão de compartilhar todo conhecimento adquirido com suas pastorais e movimentos. Seguindo o itinerário, a preparação dos jovens agora é para as Missões Franciscanas da Juventude 2020, em Xaxim/SC.

Equipe de Comunicação do Alverne

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