A Primeira Assembleia Plenária da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), realizada nos dias 26 e 27 de outubro do corrente ano, felizmente coincidiu com o primeiro aniversário do encerramento do Sínodo para a Amazônia e constituiu-se em marco muito importante na caminhada da nossa igreja na Amazônia.
Sentiu-se forte a sinodalidade e o sopro do Espírito de Deus que se derrama insistente sobre esta vasta região. Participaram da assembleia 250 pessoas, representando as diferentes instituições eclesiais, povos e comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos, lideranças das comunidades, vida religiosa, padres, bispos e cardeais que vivem e atuam no território amazônico.
Fez parte da Pauta da assembleia o estudo e reflexão sobre sua identidade e missão, bem como os gritos de dores e os sinais de vida e esperança que vivem os povos da Amazônia neste tempo em que se sentem assolados pela pandemia da COVID-19.
Neste contexto da pandemia, a Igreja tem respondido às emergências do território, com uma presença de igreja Samaritana. Aquela que cuida, acolhe e sara os que estão as margens. Mostra-se também como igreja Madalena, que apesar dos sinais de morte, anuncia a vida, a esperança e a solidariedade, na fé do ressuscitado.
A assembleia da CEAMA aconteceu de modo virtual, e foi o primeiro passo para acolher a diversidade de rostos e culturas da Igreja na Amazônia. Entre os objetivos da CEAMA está encontrar novas e concretas formas de dar vida e implementar alguns dos compromissos prioritários e mais urgentes discernidos no Sínodo, bem como iniciar um processo de formulação de um Plano Pastoral, a partir dos sonhos presentes na Exortação Querida Amazônia e do Documento Final do Sínodo Amazônia: novos caminhos para a igreja e para uma ecologia integral, que por sua vez refletem as várias conversões do Documento Final da Assembleia Sinodal.
Sonho Social: foram trabalhadas as alternativas ao atual modelo de desenvolvimento, o acompanhamento, a defesa e a articulação dos povos originais, a saúde intercultural e o observatório eclesiástico-pastoral e socioambiental.
Sonho Cultural: a inculturação da fé, a Universidade Católica da Amazônia, a Rede Eclesial de Comunicação para a Amazônia e a Rede Bilingue de Educação Intercultural da Amazônia.
Sonho Ecológico: a criação do ministério para o cuidado do lar comum, o pecado ecológico, a visão espiritual para o cuidado da Amazônia, e a necessidade de criar consciência sobre o papel da Amazônia para o equilíbrio do clima e a estabilidade planetária.
Sonho Eclesial: o estudo para criar um rito amazônico, uma presença pastoral que supere modelos colonizadores, a promoção de uma cultura eclesial marcadamente laical, a força e o dom da mulher, a vida missionária consagrada, os novos caminhos de formação do clero e para a promoção do diaconato permanente, a comunidade celebrante a partir da centralidade da Eucaristia, a convivência ecumênica e o diálogo inter-religioso.
É preciso e urgente que a igreja na Amazônia, através da CEAMA promova a articulação da ação pastoral de conjunto das dioceses presentes no território amazônico e encorajar a vivenciar sempre mais a inculturação da fé, insistindo no seu caráter sinodal, uma vez que conta com a presença de bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas. A sua missão será ajudar a construir o rosto amazônico da Igreja, por meio de um programa pastoral abrangente com prioridades diferenciadas e em articulação profunda e permanente com os outros órgãos da Igreja e as respectivas Conferências Episcopais.
Nesta busca de vivenciar uma pastoral de conjunto na região da Pan Amazônia, a igreja reafirma o seu compromisso de ser aliada dos povos originários e amazônicos.
A assembleia foi marcada pela escuta sincera das pessoas presentes no território, para assim definir sua ação pastoral de anunciar a boa notícia do Evangelho e denunciar as ameaças a vida, a terra e aos direitos.
Por: Irmã Laura Vicuña Pereira Manso
Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil