Carta Oficial da CFFB em apoio e solidariedade aos militantes em Greve de Fome

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Carta Oficial de apoio e solidariedade da Conferência da Família Franciscana do Brasil aos militantes em Greve de Fome.

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Brasília, 13 de agosto de 2018

O Senhor vos dê a paz!

Carta em Solidariedade aos Irmãos e Irmãs em Greve de Fome

“Se estes se calarem, as pedras clamarão” Lc19,40

A Conferência da Família Franciscana do Brasil manifesta seu apoio e se solidariza com o Frei Sérgio Göergen Jaime Amorim, Vilmar Pacífico, Zonália Santos, Rafaela Alves, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Rodrigues que, em um gesto extremo, estão em “Greve de Fome”, desde o dia 31 de julho de 2018, em Brasília pelo respeito à Constituição Federal e à Democracia.

A situação a que foi levada a sociedade brasileira, desde 2016, pelo governo ilegítimo instaurado a partir do impeachment inconstitucional de uma presidenta legitimamente eleita, é de aumento da miséria, da fome, da violência, da perda de direitos e de desrespeito à Constituição.

Frei Sérgio Göergen é frade franciscano (Ordem dos Frades Menores), da Província de São Francisco, Rio Grande Sul, e tem uma vida toda dedicada às questões de Justiça, Paz e Integridade da Criação, particularmente no meio rural, junto aos sem terra e agricultores familiares.

Todos os sete que estão em greve de fome são de movimentos sociais. Junto a eles reafirmamos as motivações que os levaram a assumir este gesto e as transcrevemos aqui:

1. Denunciamos a volta da fome, o sofrimento e o abandono dos mais pobres, sobretudo as pessoas em situação de rua, das periferias, os negros, indígenas, camponeses, sem terra, assentados, quilombolas e desempregados;

2. Denunciamos o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs;

3. Denunciamos a situação dos doentes, da saúde pública, das pessoas com deficiência, a volta das epidemias e da mortalidade de crianças;

4. Denunciamos os ataques à educação pública, que deixam a juventude sem perspectiva de vida;

5. Denunciamos a volta da carestia, o aumento do preço do gás, da comida e dos combustíveis;

6. Denunciamos as tentativas de aniquilamento da soberania nacional, através da entrega de nossas riquezas ao capital estrangeiro: Amazônia, terra, petróleo, energia, biodiversidade, água, minérios e empresas públicas essenciais à geração de emprego e ao bem-estar do povo;

7. Nos indignamos e não aceitamos o sacrifício anunciado de duas gerações: as crianças e os jovens;

8. Defendemos o direito do povo escolher livremente, pelo voto, seu próprio destino, elegendo à Presidência o candidato de sua preferência;

9. Defendemos a volta da plenitude da democracia e a vigência integral dos direitos fundamentais presentes na Constituição Federal, hoje negada e pisoteada;

10. Apelamos ao Supremo Tribunal Federal pelo fim das condenações sem crime, das prisões ilegais sem amparo na Constituição e pela libertação imediata do Presidente Lula, para que possa ser votado pelo povo brasileiro

Em comunhão com esses nossos irmãos e irmãs, conclamamos os franciscanos e franciscanas a participar ativamente deste momento importante de nossa história.

Solicitamos aos Ministros do Supremo Tribunal Federal que atendam aos clamores da maioria do povo brasileiro, reinstaurem a justiça, o Estado de Direito e o respeito à Constituição Brasileira.

 

Frei Éderson Queiroz – OFMCap,
Presidente
Conferência da Família Franciscana do Brasil – CFFB

 

 

1 COMENTÁRIO

  1. Paz e bem!

    Caríssimos irmãos, como membro da familia franciscana gostaria de deixar expresso meu sentimento de repulsa a esta carta de apoio aos militantes em greve de fome. Primeiramente esta não é a opinião da maioria
    é sim de uma parte incalculada. Por segundo, entendo que por ser um órgão vinculado a Igreja Católica Romana, a FFB deve ser imparcial quanto ao partidarismo político no Brasil. Se estes ou alguns desejam apoiar o candidato X do partido Y, está é uma opinião particular e particulares não devem ser tomados como universais. O que vocês fizeram desrespeitou a adversidade e a particularide de opiniões dos membros da Familia Franciscana do Brasil, não sou favorável a soltura do criminoso condenado citado na carta e não sou favorável a sofrer represálias de grupos que possuem opinião diferente, ao menos não serei mártir por politico ou partido algum, mas sim por amor à Igreja, não desejo ao me declarar Franciscano ser relacionado a opinião explícita nesta carta. Este manifesto pode criar a confusão de achar que me posiciono favorável ao candidato x do partido y, o que não é o caso. Deixo para reflexão dois trechos extraidos do pronunciamento da CNBB após o sinido dos Bispos deste ano.

    “A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo” (56ª AG – Mensagem ao Povo de Deus).
    (…)
    “A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101)”

    Tomar posições assim se torna um pecado contra a comunhão e a unidade da Familia Franciscana do Brasil. Sendo assim, manifestem suas opiniões particulares apenas com suas identidades particulares e não como se isso fosse algo unânime em toda a familia franciscana do Brasil. Peço encarecidamente que retirem esta carta de apoio e façam uma retratação em respeito a todos os membros da FFB.

    Att.
    Guilherme Espíndola de Oliveira
    OFS – Fraternidade Nsa Sra de Fátima
    Campo Grande – MS

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