CIMI Presente no Conselho das Nações Unidas!

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“Como o ar que respiramos traz o sopro da saúde e da vida, justiça, terra e paz são fontes do Bem Viver para os povos indígenas”.

No dia 17 de março deste ano, aconteceu o debate “Intolerância Religiosa no Brasil: Direitos Humanos – Novos Fundamentalismos – Exclusão”. A iniciativa foi realizada como Evento Paralelo à 46ª Sessão Ordinária de Direitos Humanos das Nações Unidas, onde foram analisados os impactos das agendas fundamentalistas na vida das mulheres, povos originários e comunidades tradicionais.

Em nome do Conselho Indigenista Missionário saudamos a mesa e apresentamos elementos da conjuntura do Brasil no contexto da pandemia da Covid, sobretudo no que diz respeito aos Povos Indígenas, que aqui compartilhamos, sem perder de vista a esperança que anima nossos passos na irmandade solidária que nos une.

Prezadas amigas e amigos presentes a este Evento Paralelo da 46ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas com o tema: INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL – Direitos Humanos – novos fundamentalismos – exclusão.

Em nome do Conselho Indigenista Missionário saudamos as Mulheres que compõem a mesa deste importante Evento: Wania Santana – historiadora, da Coalizão Negra por Direitos; Adelaide Ñndesy – Pajé, do povo Guarani Kaiowá; Pastora Romi Márcia Bencke, Secretária Geral do CONIC e assessora da Campanha da Fraternidade Ecumênica – 2021; Magali do Nascimento Cunha – Pesquisadora da Comunicação e Religião da INTERCOM.

Agradecemos as organizações proponentes desse evento, que possibilitaram essa troca de saberes e partilha de experiências, no grande horizonte da sociedade do Bem Viver, que todas e todos nós buscamos.

Vivemos no Brasil tempos sombrios e dramáticos. A população tornou-se refém de um desgoverno que relativizou a pandemia da Covid-19. Os dados indicam que nos últimos dias, morre uma pessoa a cada 30 segundos, vítimas da pandemia.

A vacinação, que poderia conter o aumento do número de vítimas, vem sendo aplicada vagarosamente em função do descaso do Governo Federal.

O impacto da pandemia também se faz notar entre os povos indígenas, onde, até o último dia 15 deste mês, conforme dados da APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), 50.545 indígenas foram contaminados, 1.006 pessoas perderam a vida e 163 povos foram atingidos pelos vírus.

O descaso em relação a pandemia se soma a perspectiva de implementação da antipolítica indigenista. Desde a posse do atual governo, em janeiro de 2019, as ações relativas aos povos indígenas vinculam-se a uma intenção expressa de se promover a desconstituição dos direitos indígenas, assegurados no texto constitucional, artigos 231 e 232 de nossa Carta Magna; na perspectiva da desterritorialização dos povos, suspendendo as demarcações de áreas que estavam em andamento, inviabilizando novas demarcações, bem como restringindo o acesso e o usufruto das terras pelas comunidades indígenas, tornando-as disponíveis para a exploração madeireira, minerária, garimpeira, para criação de gado e plantio de soja transgênica.

E, além desses fatores, o governo federal propõe como única alternativa de sobrevivência dos indígenas, a sua integração à sociedade dominante, impondo, na administração pública federal, medidas que levam ao genocídio indígena, fato que vem sendo denunciado pelo movimento indígena brasileiro.

Diante deste contexto, percebeu-se ao longo dos últimos dois anos, o aumento assustador do desmatamento, das queimadas e das invasões possessórias nos territórios indígenas.

As violências físicas praticadas contra as pessoas, foi outro componente que se agravou a partir da antipolítica indigenista do governo de Jair Bolsonaro.

Num ambiente político de desconstrução de direitos, não se pode deixar de referir que a antipolítica mantém vínculos estreitos com as ações intransigentes e intolerantes de igrejas neo-pentecostais. Elas tornaram-se ferramentas acessórias para promover o descrédito à vacinação, a desestimular as comunidades que lutam por seus direitos fundamentais e a propagar o divisionismo interno, demonizando as religiões e crenças dos povos e comunidades originárias e tradicionais.

Aos povos indígenas, suas organizações, aos apoiadores e organismos internacionais cabe o dever de denunciar as violências e exigir medidas de proteção à vida, às terras e à Constituição Federal.

Acreditamos que espaços como esses, promovidos pela ONU, têm o potencial de articular as resistências dos povos e das sociedades contra as práticas de intolerância, racismo, discriminação e às mais variadas formas de violações aos direitos dos povos originários.

O Conselho Indigenista Missionário agradece por mais esta oportunidade e aproveita para reafirmar seu compromisso pela defesa dos direitos dos povos indígenas.

Aproveitamos ainda o espaço para alertar: o governo Bolsonaro não é apenas um risco para o nosso país. O governo Bolsonaro é um risco para a humanidade. Hoje o Brasil é um caldeirão de surgimento de novas variantes do coronavírus, cada vez mais agressivas e de maior poder de contaminação.

Seguimos na Esperança desejando luzes para este evento, em tempos desafiadores para toda a humanidade! Muito obrigada!

Por Irmã Lucia Gianesini

Fonte: CICAF

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