“Enquanto mulheres, lideranças e guerreiras, geradoras e protetoras da vida, iremos nos posicionar e lutar contra as questões e as violações que afrontam nossos corpos, nossos espíritos, nossos territórios. Difundindo nossas sementes, nossos rituais, nossa língua, nós iremos garantir a nossa existência.” (Documento final da Marcha das Mulheres Indígenas: “Território: nosso corpo, nosso espírito”, agosto 2019)
O Dia Internacional das Mulheres Indígenas foi instituído em 1983, durante o II Encontro de Organizações e Movimentos da América, em Tihuanacu, na Bolívia. A data foi escolhida por que no dia 5 de setembro de 1782, a líder indígena Bartolina Sisa, mulher guerreira do povo Aymara, foi brutalmente assassinada, quando lutava na defesa do seu povo contra o colonialismo.
Bartolina nasceu em 1750, na comunidade de Sullkawi del Ayllu, na atual Bolívia. Seus pais José Sisa e Josefa Vargas eram comerciantes de tecido e de coca que passavam pelos povoados bolivianos vendendo seus produtos artesanais. Aos dezenove anos Bartolina assumiu com profunda convicção o resgate do seu povo e as lutas pela emancipação definitiva das comunidades indígenas da Cordilheira dos Andes, contra a dominação e o etnocídio pelos conquistadores europeus desde o altiplano até os vales de La Paz.
Em 13 de maio de 1781, Bartolina liderou o exército dos Ayamara contra os espanhóis na cidade de La Paz; o cerco durou 109 dias. Traída por alguns dos seus guerreiros, foi entregue como prisioneira de guerra ao governo espanhol em troca de recompensa. Levada para a cidade de La Paz, foi recebida com pedras e encarcerada por um ano. Em 5 de setembro de 1782, Bartolina Sisa foi condenada à morte, levada nua ao centro de La Paz, arrastada por cavalos pela praça central até morrer; seu corpo foi esquartejado. Tinha só 32 anos de idade e sonhava a libertação dos povos indígenas da exploração do colonialismo.
Na memória dessa guerreira celebramos a força da resistência tão viva nas mulheres indígenas. Bartolina vive nas mulheres indígenas latino-americanas que continuam sua luta na defesa da vida, dos territórios, da cultura.
Ontem, celebramos também, o dia da Amazônia, um convite para reafirmarmos nosso compromisso com a causa dos pobres e da Casa Comum.
Parabéns para as mulheres indígenas, amazônidas e todas as que doam suas vidas na defesa da vida na Amazônia.
Irmanadas na luta abraçamos as mulheres indígenas, guerreiras latino-americanas, de modo especial, as que são Irmãs Catequistas Franciscanas e as jovens que desejam abraçar o mesmo projeto de vida. Parabéns!!!
“Somos sementes teimosas”, resistiremos sempre!
Por Irmã Ana Pereira de Macedo
Fonte: CICAF