Vê, estão voltando as flores…
Vê, nesta manhã tão linda,
Vê, como é bonita a vida.
Vê, há esperança ainda!
Vê, as nuvens vão passando…
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo!
Ah… Paulo Soledade!
Quando a vida já não te trazia expectativas e quando os sonhos já não eram alimentados, quando a vida estava por um fio… doente e desenganado dos médicos, tu talvez só aguardasses a morte. Mas… “numa manhã tão linda…” de 1961, enquanto pela janela contemplavas o sol, veio a notícia: tu estás curado! E então, em meio a alegria e a esperança, brotou a canção: Estão voltando as flores!
É precisamente na hora da dor, quando aparentemente não resta esperança, que o sopro fecundo da VIDA chega e recria, restaura e recompõe. É como se repetisse a divina ordem: “Faça-se a Luz”!
Assim estamos. Entre sombras e luzes, aguardando a Primavera. Ela vem! E então, não poderemos renunciar ao direito de sonhar com novas flores, mais alegres sons, outros passos e novos abraços. Não deixemos de regar nossos jardins com esperança para que floresça cada dor vivida neste tempo!
VAMOS PRIMAVERAR! Esta é a ordem do momento!
Como congregação, vivemos imersas num rico processo de reorganização. Em atitude de escuta e contemplação vemos pelas janelas da nossa história, os cenários que nos chamam, clamam e nos desafiam. Ora vemos as nuvens escuras do clamor dos pobres sem direitos e sem dignidade, o genocídio das populações tradicionais, a casa comum adoecida e chagada pelo desrespeito e depredação, o desmatamento da vida amazônica… ora vemos as queimadas assassinas, a necropolitica, a crise econômica- sanitária, o descaso dos governos… e nos sentimos completamente frágeis e impotentes.
Ainda assim, em meio a tanta dor, sabemos que “a primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la” (Cecília Meirelles). Ainda assim, estamos na janela, ouvidos e alma atentos para escutar a vida que pulsa sem trégua e nos chama à ação. Estamos na janela e vislumbramos as flores que desabrocham teimosas e nos sorriem como se dissessem: A vida está! A Vida é acima de tudo!
E num passo de dança nos lançamos. Ali fora, de mãos dadas, estamos nós, Catequistas Franciscanas, ensaiando novos passos da ciranda da irmandade. Ali estamos nós, anunciando a esperança de novos tempos e novas possibilidades. É Primavera! E então…
PRIMAVEREMO-NOS… porque, aí fora, “Estão voltando as flores”!
Por Irmã Dalvina Maria Pedrini
Fonte: CICAF