“Altíssimo, Onipotente, Bom Senhor!
Teus são o louvor, a glória, a honra e a benção.
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas …
…
Louvai todos e bendizei ao meu Senhor,
dai-lhe graças e servi-o com grande humildade”.
Há oito séculos ressoa este hino. Há oitocentos anos, um Pequenino Arauto, o Poverello, conclama as criaturas alimento da vida, para louvar o Coração que os amou e quis, a Palavra que lhes deu concretude, lhes deu vida. Este canto vai ecoando hora trás hora, dia após dia em tantas vozes, em tão diversas línguas, sob tão variadas formas. A música, a poesia, a pintura, a dança e outras artes continuam dando-lhe forma, cor, som e movimento. De incontáveis maneiras este Cântico das Criaturas continua sendo inspiração e oração.
Hoje, te pedimos licença, Pai Francisco, para fazê-lo oração em favor de nosso planeta, de nossa vida.
Senhor Irmão Sol, apesar de nossas provocações, sê clemente com nosso planeta. Não incidas com tanta força teus raios para que não sofram mais as regiões mais expostas ao aquecimento global. Reconhecemos o fulgor de tua beleza, apreciamos teu calor tão necessário à vida, mas nossa pobre condição não suportaria aquecer-nos mais.
Irmã Lua, irmãs estrelas que piscam em nosso céu, obrigada por encher de luz e poesia nossas noites. Obrigada por terem mostrado caminhos ao longo da história. Obrigada por terem inclusive mostrado o caminho do Menino-Messias, tão frágil e pobre, que só um brilho de estrela poderia revelar sua força e grandeza.
Forte e dançante irmão Vento, que bálsamo é teu sopro nos dias e noites calorosos. Ele acalenta nosso sono e nossos sonhos. Mas nos apavoras quando vens em forma de ciclones e furacões que varrem nossas cidades, arrasam plantações e casas, sobretudo nas áreas onde a vida é mais vulnerável. Obedece outra vez à ordem do Mestre, irmão vento: acalma-te!
Ah! Preciosa irmã Água! Amada, buscada, desejada, querida e também temida quando em forma de chuva torrencial fazes os rios saltarem de seus leitos e espalhar-se pelas ruas, entrar nas casas… semeando pânico, estrago, morte… Água pura e casta defendida por nós até com a vida, quando ameaçada pelos metais pesados e resíduos da mineração. Água, tesouro nosso, sacia-nos, limpa-nos, alegra-nos com teu canto e teu frescor. E perdoa-nos quando a cobiça te transforma em pura mercadoria.
Quanta beleza desenhas, quanta alegria semeias, irmão Fogo, quanta partilha fomentas nas noites juninas brasileiras, quando nos terreiros danças mais que os que acenderam a fogueira. Que delicioso teu calor ao redor da lareira ou do fogão, nas frias manhãs e noites de inverno… Mas quanto lamentamos que tuas línguas vorazes hajam destruído e continuem destruindo matas e vegetações, matando até à extinção espécies vegetais e animais…devorando terras de povos originários e condenando-os à miséria nas periferias das cidades. Clemência, Irmão fogo. Não obedeças às mãos criminosas que te acendem nas beiras das estradas, nos roçados, nas clareiras das florestas.
Querida mãe e irmã Terra, que nos nutres com os frutos de teu ventre generoso, que guardas tanta riqueza, guardas nossa vida porque guardas nosso alimento, a água, todos os bens de que necessitamos. E quando chegamos ao fim de nossa peregrinação, guardas também nosso corpo, no teu seio. Porém, generosa mãe, há 10 anos te reconheceu o querido Papa Francisco como mais um pobre, a mais pobre entre os pobres. Nós os que recebemos o encargo de te cuidar te exploramos insana e impiedosamente. Perdoa-nos, piedosa irmã e mãe.
Criatura humana, irmã, irmão, o planeta é nossa casa comum. E nesta casa tudo está bem organizado, tudo interligado. Sejamos jardineiros/jardineiras que cuidam amorosamente! Não destruamos a harmonia original deste sistema de que somos parte. Assim ele saiu da mão criadora de Deus Pai/Mãe.
Irmão, Irmã, ferido/ferida, maltratado/maltratada, ofendido/ofendida que bênção conseguir perdoar, ser perdoado, receber consolo e força, conseguir levantar depois de uma caída! Que bênção poder estender a mão reconciliada! Que graça poder abraçar de coração. Que grandeza poder tecer e guardar a paz.
É dádiva preciosa ter a alma leve e poder correr alegre para o abraço de Deus quando a irmã Morte nos abrir a porta para a vida plena! Então, será fulgurante o brilho dos sorrisos, será eterno o abraço de tantos seres queridos e inspiradores que nos esperam! E que forte pode ressoar nossa voz no coro celestial, onde cada fibra de nosso ser cantará: Santo! Santo! Santo!
E viveremos felizes na comunhão eterna com a Trindade! Amém! Eternamente amém!
Por: Irmã Maria Fachini – Catequista Franciscana
Fonte: CICAF