Todos aprendemos a apreciar e admirar o Papa Paulo VI, homem que teve a missão de implementar as grandes decisões e inspirações do Vaticano II. Homem de coragem, e íntimo de Deus. Dele é esta Oração a São Francisco, escrita em 1958, quando era o cardeal João Batista Montini de Milão e não o Bispo de Roma.
Francisco, ajuda-nos a extirpar dos bens econômicos seu triste poder de fazer com que percamos a Deus, nossa alma e a estima de nossos concidadãos.
Não podemos deixar de levar em consideração a vida econômica. Ela é fonte de nosso pão e dos demais. A vocação de nosso povo está na linha de trabalhar os bens da terra que são obra de Deus, lei iniludível de nosso mundo e de nossa história.
Francisco, é possível manejar os bens econômicos sem que eles nos tornem vítimas ou prisioneiros seus? É possível conciliar nossa necessidade e ânsia dos bens econômicos com o cuidado da vida do espírito e do amor? Será possível certa amizade entre a “senhora economia” e a “senhora pobreza”?
Ou estamos inexoravelmente condenados, em razão das terríveis palavras de Cristo: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus?
Santo Ambrósio já nos havia dito aquelas palavras terríveis: “Ó rico, tu não sabes quão pobres és!”. Não as evocamos mais e na verdade nunca chegamos a bem compreendê-las.
Tu mesmo, Francisco, não ensinaste a teus frades a trabalhar, mendigar e assim buscar os bens econômicos dos quais a vida humana não pode ser privada?
Diante de ti, Francisco, pedimos um raio de luz, mesmo que seja um breve relâmpago, que incida sobre a questão da riqueza pela qual somos apaixonados, uma claridade que nos permita ver, serenamente, os grandes perigos que os bens econômicos podem consistir para nossas nossas vidas: avareza e o egoísmo. Disso nos lembremos e tenhamos a coragem de denuncia-los.
Francisco, que tua pobreza venha a ser nossa amiga e nossa mestra; isso deve ser lembrado aos que colocam nos bens materiais sua máxima esperança. Que uns e outros nos desapeguemos do exagero amor aos bens terrestres. Os bens econômicos são bons quando são meios para os caminhos do espírito, quando são espelhos que refletem a beleza, a bondade e a providência de Deus, assim como tu, Francisco, a decantaste no Cântico das Criaturas.
Fonte: http://www.franciscanos.org.br/?p=142352