Organizações eclesiais e movimentos populares publicam manifesto por uma economia a serviço da justiça social e do cuidado da Casa Comum

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Catástrofe socioambiental provocada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG). Foto: Felipe Werneck/Ibama

De acordo com o apelo feito pelo Papa Francisco durante o IV Encontro Mundial dos Movimentos Populares, um grupo de entidades clama por uma economia “a serviço dos povos para construir uma paz duradoura baseada na justiça social e no cuidado da casa comum”. Durante seu discurso no domingo (16), o Papa pediu às empresas extrativistas que acabem com as violações dos direitos humanos e ambientais que envolvem suas atividades, como destruição do meio ambiente, poluição das águas, envenenamento de pessoas e alimentos.

“Este sistema, com sua implacável lógica de lucro, está escapando de todo controle humano. É hora de parar a locomotiva, uma locomotiva descontrolada que nos leva ao abismo”, convidou o Papa Francisco. “A mudança pessoal é necessária, mas também é essencial ajustar nossos modelos socioeconômicos para que tenham um rosto humano. Voltar aos velhos tempos seria verdadeiramente suicida e, se me permitem esticar um pouco as palavras, ecocida e genocida”, reforçou.

“Este sistema, com sua implacável lógica de lucro, está escapando de todo controle humano. É hora de parar a locomotiva, uma locomotiva descontrolada que nos leva ao abismo”.

O documento lançado em consonância com o discurso papal lembra o crime ocorrido em Brumadinho em 2019, que completou 1000 dias de impunidade, onde morreram mais de 270 pessoas soterradas pelo rompimento de uma barragem de rejeitos da empresa Vale. Em consonância com o trabalho realizado pelos signatários com as comunidades martirizadas pela mineração em grande escala, o documento reafirma o acompanhamento e denúncia da “injustiça sofrida por milhares de pessoas devido ao extrativismo e sensibilizamos sobre os impactos da mineração e outros projetos predatórios”.

As mais de 20 organizações que se unem por meio do manifesto clamam pela urgência do modelo de mineração transnacional que “se expande pela vasta geografia e sociobiodiversidade de Nossa América” e a declaram como uma “expressão contemporânea do colonialismo inerente ao desenvolvimento de o capitalismo como projeto civilizador”. O conjunto das organizações, em carta, assume a corresponsabilidade de promover uma economia que atue com propostas que contribuam para uma economia pós-extrativista.

Piquiá de Baixo é um dos primeiros bairros de Açailândia, Maranhão, Brasil. Desde 2004, os residentes têm denunciado a poluição excessiva proveniente da mineração. Foto: Marcelo Cruz

“O conjunto das organizações, em carta, assume a corresponsabilidade de promover uma economia que atue com propostas que contribuam para uma economia pós-extrativista”.

O Manifesto apresentado convida igrejas, movimentos populares e sociedade civil a se unirem na construção de uma estrutura social que “seja capaz de transformar o modelo econômico caracterizado pela voracidade cega de um tipo de exploração extrativista que não para de crescer e se expandir; que quanto mais extrai e quanto mais deprime, mais precisa continuar destruindo a natureza”.

Para as entidades que pretendam assinar o manifesto, por favor dirija o seu pedido aqui.

Faça o Download do manifesto AQUI

Fonte: Conselho Indígena Missionário

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