Santa Clara: um projeto de vida que clareia e faz o caminho ser percebido – parte III

1687

Santa Clara, um projeto de vida.
Clara de Favarone nasceu em Assis/Itália no ano de 1193, de família nobre. Na infância recebeu uma boa formação religiosa por parte de sua mãe Hortolana. Contemporânea de São Francisco, pôde acompanhar as maravilhas que o Senhor realizava no pobrezinho de Assis e toda aquela inquietação que ela tinha no seu coração se revelou como sendo a vocação dada por Deus, a desposar Jesus Cristo, e Cristo crucificado. Aos 18 anos de idade foge de sua casa paterna e recebida por São Francisco e seus Irmãos na Porciúncula, ali diante do altar reveste-se do burel franciscano e tem seus cabelos tonsurados por Francisco a 12 de março de 1212. Assim nascia a 2ª Ordem Franciscana, hoje conhecida por Ordem de Santa Clara (Irmãs Clarissas).

Enquanto o pai São Francisco percorria o claustro do mundo, a mãe Clara percorria o claustro do mosteiro e espiritualmente inundava toda a Santa Mãe Igreja com suaves perfumes. Tinha um profundo amor a Jesus Cristo pobre, humilde e crucificado e se empenhava com todas as suas forças de viver o Santo Evangelho e revestir-se da santa e Altíssima Pobreza.

Santa Clara viveu no pequeno Mosteiro de São Damião por mais de 40 anos e ali recebeu a forma de vida dada por São Francisco; em 1216 recebeu do Papa Inocêncio III a aprovação do Privilégio da Pobreza, já que o Concílio de Latrão proibira a existências de novas ordens religiosas. Durante toda sua vida lutou para vivenciar a fraternidade em clausura e sem nada de próprio, ideal apoiado pelo pai São Francisco. Foi a primeira mulher na história da Igreja a redigir uma Regra que foi aprovada aos 16 de setembro de 1252, pelo Papa Inocêncio IV, com uma bula “Solet annuere” aos 9 de agosto de 1253. Clara recebeu-a no dia 10 e morreu no dia 11.

Era o ponto de chegada de uma longa experiência de vida, feita na devesa da pobreza e da fraternidade. A Idade Média contou com um grupo destacado de mulheres muito capazes e muito santas, mas nenhuma ousou escrever uma regra, como Clara, e nenhuma teve sobre seus contemporâneos e pósteros toda a influência que ela teve.

O documento escrito por Clara prova que ela conhecia muito bem e soube usar com precisão tanto a regra de São Francisco como a de São Bento, tanto a de Hugolino como a de Inocêncio IV e ainda enriqueceu o conjunto com seu conhecimento da Bíblia, dos autores sacros do seu tempo e de uma experiência toda original.

Na época da morte da mãe Santa Clara já havia mais de 150 mosteiros espalhados pelo mundo até então conhecido. No Brasil as Clarissas chegaram em 1677 na Bahia, mas com a perseguição religiosa que fechou todos os noviciados, a Ordem de extinguiu em 1915 com a morte da última Clarissa. Somente em 1928 é que o antigo tronco refloresceu, com a chegada das Irmãs Clarissas vindas de Düsseldorf, Alemanha. Assim nascia o Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos da Gávea, que por sua vez foi fecunda e fundou outros mosteiros. Em 1984 fundou-se o Mosteiro de Caicó/RN e este por sua vez fundou o nosso Mosteiro Maria Imaculada de Marília/SP no ano de 1999 a pedido do então custódio Frei Irineu Andreassa.

O Mosteiro de Marília conta hoje com 15 Irmãs entre professas e formandas que vivem a Regra de Santa Clara, na alegria franciscana, no convívio fraterno, na oração contemplativa e comunitária, ofertando a Deus suas vidas para o bem de toda humanidade. Em unidade e santa pobreza, vivemos da providência divina e do trabalho de nossas próprias mãos, dedicando-nos a trabalhos artesanais como velas e imagens, confecção de alfaias… Também fazemos todos os trabalhos internos do Mosteiro.

Podemos sintetizar hoje nossa vida, nas palavras de São João Paulo II proferida às Clarissas do Protomosteiro de Assis: “Porque a moça, a jovem, a mulher contemporânea deve se encontrar neste esplêndido carisma, certamente escondido, realmente privado de exterioridades aparentes, mas quão profundo, quão feminino! Uma verdadeira esposa! Não sabeis vós, escondidas, desconhecidas, quanto sois importantes para a vida da Igreja: quantos problemas e quantas coisas dependem de vós. É necessária uma redescoberta daquele carisma, daquela vocação. Faz-se mister a redescoberta da legenda divina de Francisco e Clara”.

Em louvor de Cristo. Amém!

Ir. Maria Virginia do Espírito Santo, OSC

Disponível em: http://www.ofmscj.com.br/?p=10508

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