A Riqueza da Iconografia Franciscana – Lo Stemma Francescano

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Lo Stemma Francescano – O Brasão da Ordem

O Brasão da Ordem ou o Stemma é um ícone, dos mais antigos encontrado em todos os conventos, casas, obras, logradouros, nichos, oratórios e igrejas franciscanas. Uma presença muito significativa, até silenciosa, se o compararmos com os outros sinais iconográficos da tradição franciscana. Faz parte da heráldica medieval; vem da cultura militar cavaleiresca e surge na primeira metade do século XII, embora o Stemma Francescano seja do século posterior. A heráldica era a cultura de brasões familiares, de ostentação do nome, da nobreza, e trazia para os lugares, festas e torneios, as flâmulas, bandeiras, estandartes e anéis para mostrar a marca de uma pertença, o selo da soberania corporativa.

Os brasões revelavam a distinção de classes sociais e seu colorido modo de apresentar-se para definir em que lugar se estava na sociedade. No século XIII, os brasões entram no ambiente eclesiástico; mas somente vão ganhar uma força expressiva de família religiosa, no século XIV, onde aparecem nos mosteiros, ordens, abadias, priorados e casas religiosas para identificar, através de detalhes, o carisma e a fundação.

A Ordem Franciscana tem o seu brasão que mostra os braços e as mãos de Jesus Cristo e de São Francisco entrelaçados e fixados juntos num único prego. Surgiu inspirado no Brasão Episcopal de São Boaventura quando ele recebeu a púrpura cardinalícia em 1273. O Stemma Francescano significa um pacto indissolúvel com a vida de Jesus Cristo Crucificado. Em 1495 sofre uma leve modificação durante o generalato de Frei Francesco Sansone, OFM. No século XVI, o emblema começa a se desenvolver progressivamente na sua forma clássica ao ser publicado, em 1513, o Tratado “De conformitate vitae Beati Francisci ad vitam Domini Iesu Christi”, de Bartolomeu de Pisa, e passa a ser um dos ícones revelador e expressivo da alma franciscana.

O Brasão Franciscano faz parte da Espiritualidade da Conformitas. Podemos então perguntar: O que significa, realmente, o Brasão Franciscano? Este emblemático e histórico ícone mostra que há uma fusão de vidas que são oferendas de Amor, e o Amor deixa marcas. O Amor se faz concreto no dia a dia e constrói gestos de doação da vida, entrega e cuidado. É a fala do corpo ardente da caridade. Diz Celano: “Homem novo, Francisco tornou-se famoso por novo e estupendo milagre: por singular privilégio, jamais concedido nos séculos anteriores, apareceu assinalado, ou ornado com os sagrados estigmas, configurando o seu corpo mortal ao corpo do Crucificado” (3Cel 2,1).

As mãos de quem ama deixam marcas cravadas em atos e gestos de amor; e amar tem a sua glória e cruz, tem flor e dor, tem sangue, cravos, morte e ressurreição. As marcas deixadas pelo Amor não são o sofrimento pelo sofrimento, mas sobretudo reconhecimento. Despojamento, humildade, sacrifício e dimensão penitencial estão unidos nos braços; um braço nu revela o Senhor Crucificado, o braço com hábito evidencia Francisco de Assis que muitas vezes cruzou os braços neste modo para dar a bênção.

Os braços entrelaçados de Cristo e de Francisco mostram que é preciso por mãos à obra! Ser uma nova criatura que se reveste de inspiração e ação. As chagas mostram um caminho de radical mudança: se preciso for, sangrar pelo projeto de vida! As marcas de Cristo são, para toda a vida, trazer em si as marcas da Paixão. Vida evangélica, vida mística, vida fraterna, vida comprometida, deixam marcas do interior para o exterior. O Brasão Franciscano expressa a centralidade da busca: ser igual a Jesus Cristo! Pregar na carne, como uma tatuagem, a Palavra Encarnada e Inovadora. O Brasão da Ordem quer recordar constantemente que o Amor não tem sofrimento inútil. O Amor é uma fusão de vontades amantes.

Os braços entrelaçados de Cristo e Francisco moldam uma identidade: o Corpo tem importância eterna porque traz sinais e gestos de Amor. O Senhor em mim e eu Nele, sangue do meu sangue! Jesus, Francisco e o Amor tornam-se Um para abraçar, tocar e abençoar a vida.

Frei Vitorio Mazzuco

Fonte: Blog Frei Vitório

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