Por Frei Gustavo Medella
“Senhor, gostaríamos de ver Jesus” (Jo 12,21b). Este foi o pedido que um grupo de gregos dirigiu ao Apóstolo Filipe em Jerusalém. Este é anseio de muitas pessoas de fé: ver Jesus, percebê-lo em seu dia a dia, caminhar em sua companhia. Filipe combina com André, seu companheiro no Apostolado, e os dois levam a questão a Jesus. Em sua resposta, o Filho do Homem oferece valiosas instruções para aqueles que, de verdade, desejam estar com Ele. São elas:
1) Disposição para morrer – Jesus se utiliza da metáfora do grão de trigo para ilustrar a fecundidade de uma morte que gera vida: “Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (Jo 12,24). O martírio e a entrega de Jesus vieram coroar a disposição que ele manifestou durante toda a sua vida. Com sua prática, o Mestre revela o quão libertador é ao ser humano quando ele consegue morrer para o egoísmo, a ganância, o ódio e a indiferença para produzir, com seu próprio testemunho, preciosos frutos de partilha e solidariedade.
2) Desapego – A capacidade de perceber que as pessoas são sempre mais importantes do que as coisas, certamente preservaria a humanidade de muitos sofrimentos. Desapegar-se da própria vida não significa adotar, em relação a si próprio, uma postura de desleixo e falta de cuidado com a saúde, mas cultivar em si a empatia, ou seja, a capacidade de perceber e se comprometer com as necessidades e os sentimentos do outro como se fossem seus. “Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,25).
3) Espírito de serviço – Jesus joga com o significado dos verbos “seguir” e “servir”, revelando o quanto estas ações caminham juntas quando o assunto é o discipulado. O seguidor de Cristo deve necessariamente ser também um servidor da humanidade. São termos inseparáveis que qualificam e distinguem a fidelidade e a dedicação do discípulo. Não existe, portanto, seguimento sem serviço, especialmente aos mais pobres e desprotegidos da humanidade.
4) Coerência entre ensinar e viver – Chama a atenção a profunda e total coerência de Jesus entre aquilo que Ele ensinou e viveu. Olhando para o Mestre, percebe-se o grau de exigência deste desafio.
5) Perseverança na angústia – Jesus sentiu-se angustiado diante dos sofrimentos que teria pela frente (Cf. 12,27). No entanto, consegue enxergar o significado de sua entrega e assim torna-se capaz de seguir adiante em sua destemida missão. Para adquirir esta força, Cristo lançou mão de um profundo espírito de oração e diálogo interior, no profundo de sua consciência, para ouvir a voz do Pai.
Aproximando-se o final do Tempo da Quaresma, mais uma vez Jesus espera de seus seguidores uma disposição renovada para acompanha-lo até as últimas consequências em seu projeto de construção do Reino de Deus.
Fonte: http://franciscanos.org.br/?p=154219