A solidariedade tem se manifestado também na Amazônia, onde além da ajuda material, vários missionários e missionárias tem dedicado seu tempo a ajudar o povo, tradicionalmente sofrido, ainda mais neste tempo de pandemia.
Enviadas pela Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, com o apoio de suas congregações, as irmãs Marilde Inês Guarnieri e Lucisnei Rojas Dorado, ajudaram durante três meses na cidade de São Paulo de Olivença, diocese de Alto Solimões. Elas mesmas definem este tempo como “uma experiência missionária como voluntárias para a vida”.
Segundo o seu próprio relato, “há três meses ouvimos o chamado repentino vindo através dos superiores de nossa Congregação e da CRB. Chamado este que ecoou em nosso coração como um grito de socorro para estender nossa mão solidária aos nossos irmãos e irmãs de uma certa região no Amazonas, que estavam sofrendo consequências graves da pandemia da Covid-19”.
Quando chegaram a São Paulo de Olivença, o Estado do Amazonas passava por uma situação muito grave, com um número alto e crescente de pessoas infectadas e um alto índice de internações hospitalares, mortes e de pessoas com sequelas. As religiosas contam que naquele tempo, tinha “famílias inteiras comprometidas com este mal”. Elas dizem que “nos sentimos na obrigação em responder, e mesmo sem saber ao certo para onde, e o que deveríamos fazer e sem muito tempo para nos organizar, num ‘Seja o que Deus quiser’ nos colocamos à disposição e a caminho rumo ao encontro desta realidade”.
As irmãs contam: “no dia 13 de fevereiro chegamos a Tabatinga-AM, no aeroporto fomos recebidas por dom Adolfo que de longe nos acenava e com alegria veio ao nosso encontro, nos abençoando com o sinal da Cruz da cabeça aos pés, não com água benta, mas, com um frasco de álcool em gel em suas mãos, demonstrando a necessidade do cuidado e alegria: exigências fundamentais para o ser missionária neste tempo”.
De Tabatinga, sede da diocese de Alto Solimões, as religiosas se deslocaram, no dia 14 de fevereiro, para São Paulo de Olivença, onde foram acolhidas, debaixo de chuva, como elas dizem, pelo padre Marcelo, sendo conduzidas até a casa das irmãs Cordimarianas, “que nos acolheram com carinho”. Segundo as religiosas, “tudo estava organizado, e convivemos fraternalmente durante esse período”.
Aos poucos, junto com o padre Marcelo, foram conhecendo a cidade e a realidade do município, onde vivem os povos indígenas Tikuna, Cambeba e Kokama, além de manauaras, peruanos e colombianos. Também conheceram as comunidades da Paróquia. Tudo isso fez com que “aos poucos fossemos conhecendo e nos inserindo nesta realidade de dor e sofrimento que o mundo inteiro está enfrentando”, afirmam as irmãs.
Este tempo coincidiu com o tempo litúrgico da Quaresma, Semana Santa, Paixão, Morte e Ressureição de Jesus, contam as religiosas, “onde vivenciamos mais forte o sofrimento de Cristo encarnado neste chão, evidenciado ao contexto de pandemia e o descaso político social bem conhecido por todos”. Em seu relato, elas destacam que “o silêncio imposto pelo isolamento social era notável em qualquer espaço desta cidade. Sentia-se um grito abafado de dor e medo diante das perdas de pessoas próximas e queridas, e o medo do desconhecido que poderia chegar a qualquer momento, para qualquer pessoa”.
As religiosas dizem que “atuamos diretamente na linha de frente no combate do coronavírus, na assistência hospitalar e na equipe de monitoramento domiciliar do município, auxiliando as equipes que estavam desgastadas pela sobrecarga no cumprimento de horários e funções. Muitos deles foram contaminados pelo vírus da Covid-19, foram internados, uma colega enfermeira que estava na luta contra a Covid-19 veio a óbito, e muitos deles perderam seus familiares”. Mesmo assim, elas destacam que se trata de “uma equipe incansável no combate deste mal, junto a eles compartilhamos momentos de dor e morte, mas também a alegria pelas vidas estabilizadas e recuperadas”.
Neste tempo de missão, as irmãs insistem em que “sentimos forte a presença de Deus vindo ao encontro de suas ovelhas cansadas e doentes. Deus que na sua misericórdia e graça se manifestou e nos acompanhou todos estes dias”. Tem sido um tempo para agradecer por tantos gestos bonitos de solidariedade, “de pessoas e instituições sensíveis e que tomaram a iniciativa e decisão de ajudar, fazendo campanha para adquirir materiais e equipamentos de proteção individual e tornar viável as ações necessárias”.
A experiência vivida pelas religiosas, mostrou que “juntos podemos contribuir concretamente para o Reino no cuidado com a vida”. Elas relatam que “as vacinas foram chegando e graças ao empenho de todos, hoje estamos com números bem reduzidos de infectados”. Isso tem feito com que aos poucos, as atividades no município de São Paulo de Olivença estejam recomeçando.
Finalmente, a irmã Marilde e a irmã Lucisnei dizem: “gratas a Deus por termos sido escolhidas e poder contribuir com este projeto”. Por isso ela agradecem, “nosso muito obrigada às nossas Congregações: Irmãzinhas da Imaculada Conceição e Irmãs Franciscanas de Cristo Rei, CRB, REPAM, a dom Adolfo, padre Marcelo e irmãs Cordimarianas. Gratidão. Paz e Bem”.
Fonte: Vatican News