Franciscanos propõem ações para evitar destruição do planeta

897

O Conselho Internacional de Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC) da Ordem dos Frades Menores (CIJPIC) se reuniu de 3 a 10 de junho de 2019, em Jerusalém, com o apoio da Custódia da Terra Santa. Organizado pelo Escritório da JPIC da Cúria Geral de, o encontro tratou de temas como as mudanças climáticas, proteção dos direitos humanos e atenção especial aos problemas e violações reais existentes nos 119 países onde a Ordem dos Frades Menores está presente. Segundo Frei Jaime Campos, diretor do Escritório Geral da JPIC, essa reunião permitiu avaliar o trabalho que foi feito e planejar, com nossas discussões, futuros trabalhos com atenção constante ao conteúdo da Encíclica Laudato Si’.

O encontro, que contou com a participação de representantes das diversas Conferências dos Frades Menores – Austrália, Brasil, Chile, Colômbia, Coréia, Eslovênia, EUA, Filipinas, França, Itália, México, Polônia e Reino Unido – encerrou-se com o Documento Final, que trata de questões relacionas à crise climática, crise sócio-ambiental, crise migratória, sempre com propostas concretas e partindo da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, numa perspectiva de conversão ecológica.

Declaração de Jerusalém

“Queremos sonhar e ao mesmo tempo ser profetas de esperança, capazes de anunciar o Evangelho para a construção de Reino, denunciando e combatendo as situações concretas de injustiça e violência do mundo atual. Esta atitude nos fará dar muitos frutos como pessoas consagrada nos …”(CPO 2018 177).

“Laudato si’”: Conversão ecológica integral

Inspirados pela encíclica papal Laudato Si’ acreditamos firmemente que “a sobriedade no estilo de vida e a sensibilidade pela solidariedade ecológica e social são expressões próprias do carisma franciscano, consciente de que o nosso compromisso com a ecologia é parte da conversão integral que nos torna irmãos e irmãs de todas as criaturas. Cada Fraternidade, em seu projeto de vida e missão, desenvolva um programa ecológico que promova estilos e opções concretas de vida que expressem respeito e cuidado para criação” (Cf. CPO /18 114-116)

Os desafios colocados pelo documento do CPO 2018 e pela Encíclica Laudato Si’, nos levam a propor o seguinte:

♦ Renovar a nossa presença profética no mundo de hoje, através de um processo radical de conversão ecológica individual e comunitária.
♦ Adotar a metodologia da não-violência ativa e da paz justa.
♦ Estar abertos a uma maior colaboração “ad intra” e “ad extra” na Igreja.
♦ Comprometer-se com a iniciativa “Catholic Nonviolence Initiave” de Pax Christi International.
♦ Integrar e celebrar ativamente Laudato Si’ na liturgia.
♦ Promover o estudo da Encíclica através dos “Círculos de animação e dos retiros Lautado Si’ do MovimentoCatólico Global pelo Clima.
♦ Fazer memória dos mártires do meio ambiente.
♦ Recolher e criar recursos (homiléticos, catequéticos, práticos…) e compartilhá-los.
♦ Melhorar a comunicação usando as redes sociais e serviços multimídia disponíveis

Crise climática

Nós, membros do CIJPIC, estamos profundamente preocupados com os desastres que ocorrem em todo o mundo e seu impacto negativo sobre os pobres e vulneráveis; e reconhecemos que a intervenção humana indiscriminada está destruindo o sistema climático do nosso planeta. Somos testemunhas da crise climática e constatamos que nos resta pouco tempo para que a humanidade mude sua trajetória e evite as piores consequências desta catástrofe climática mundial para o genro humano e o resto dos seres vivos na terra. Não podemos ficar indiferentes à voz dos jovens que exigem justice climática.

É por isso que propomos:

♦ Promover e celebrar o “Tempo de o Criação”, através da liturgia e atividades solidária.
♦ Colaborar com o Movimento Católico Mundial pelo Clima.
♦ Não fazer investimentos em indústrias de combustíveis fósseis e investir em energias renovável.
♦ Participar dos movimentos que trabalham pela justiça climática.
♦ Aumentar nossa tomada de consciência e aprofundar na compreensão esta problemática.
♦ Recolher experiências de boas práticas e compartilhá-las.
♦ Promover alternativas à cultura consumista (consumo responsável, decrescimento, consumir produtos locais, Km 0, etc.).
♦ Trabalhar pela transformação social com a sociedade civil, autoridades governamentais e empreendedores sociais.
♦ Promover um projeto de plantio ecológico de árvores

Crise socioambiental

Também estamos conscientes das muitas devastações no meio ambiente e na humanidade devido a várias práticas extrativistas, como a mineração e o fracking, ou a agricultura de monocultivos, etc. “Muitas vezes as técnicas de mineração, os despejos e a perda de poder de pessoas, a contaminação dos solos e da água, a corrupção e a prepotência das multinacionais de mineração, com sua distribuição injusta das riquezas que obtêm, nos impele a questionar seu verdadeiro valor.” (Declaração de Verona). Cremos que nós, os franciscanos, estamos chamados à ação solidária com as comunidades atingidas na Amazônia e em outros lugares. Pelo que reconhecemos e promovemos “um tipo diferente de economia: uma economia que é inclusiva e não exclusiva, humana e não desumanizante, que cuida do meio ambiente e não o espolie” (convite do Papa Francisco ao evento “Economia de Francisco” 2019). Concretamente nos esforçaremos para reduzir e reparar os danos sociais, ambientais e econômicos, que se produzem em nossa casa comum.

E por isso propomos:

♦ Recusar-se a fazer parte da cultura consumista de nossa sociedade
♦ Apoiar e solidarizar-se com as vítimas de extrativismo.
♦ Juntar-se à campanha “Direito de dizer não”.
♦ Desenvolver estratégias de “boicote” a determinados produtos.
♦ Não fazer investimentos em empresas que atacam os direitos humanos e ambientais e investirem projetos sustentáveis e éticos.
♦ Continuar colaborando com Franciscans International e com o Fórum Social sobre o Extrativismo.
♦ Incentivar as Entidades da Ordem a trabalhar com as ONGs de seu entorno nesse âmbito.
♦ Envolver as escolas de administração propondo modelos econômicos alternativos ao atual, que apoiem a Responsabilidade Social Corporativa, a conversão ecológica e a justiça climática.

Crise migratória

Vemos a migração como um fenômeno global causado por múltiplos fatores, entre eles a violência, a desigualdade social, a crise política e climática. Seu alcance cada vez maior em todo o mundo desafia nossa “Visão franciscana da vida que encontra seus fundamentos na revelação bíblica, que nos faz entender que um é nosso Pai e que somos todos irmãos e irmãs, e que estamos unidos por vínculos invisíveis, formando uma só família universal com todos os seres do universo. Por tanto nós podemos permanecer indiferentes ante à grave crise da mobilidade humana, e não podemos ser indiferentes à situação de nossos irmãos e irmãs imigrantes”(Cf. CPO / 18, 122 – 123).

Por isso propomos:

♦ Criar uma cultura humanista de hospitalidade; aceitando, acolhendo e cuidando dos imigrantes como irmãos e irmãs nossas.
♦ Abrir nossa casas e conventos para receber, escutar e dialogar com os imigrantes.
♦ Celebrar a Jornada Mundial pelos Refugiados e migrantes, e a Oração contra o Tráfico de Pessoas.
♦ Ajudar e colaborar com os Centros de Imigrantes existentes.
♦ Promover “experiências no terreno”, para os frades em formação inicial e permanente, nos Centros de Atendimento aos Imigrante.
♦ Organizar “campos de trabalho e conscientização” para jovens e frades.
♦ Promover campanhas para superar preconceitos contra imigrantes.
♦ Participar da Rede Franciscana para os Imigrantes na América.
♦ Divulgar ferramentas legais e recursos para migrantes.

Apesar da contínua violência e conflito na região fomos testemunhas e constatamos o trabalho e obras realizadas pelos nossos irmãos da Custódia da Terra Santa pela a paz e os direitos humanos. Também nos demos conta de que nós como Franciscanos, temos que “trabalhar para ser instrumentos de paz e reconciliação, permanecer presentes em lugares de guerra e violência e não abandonar os que sofrem” . (cf. CPO / 18, 168). Com profunda preocupação pela crise política e pelas inacreditáveis violações de direitos humanos em alguns países, expressamos nossa solidariedade com os oprimidos, os menores, os esquecidos e os últimos.

O Conselho Internacional de JPIC leu e discerniu os sinais dos tempos como um chamado, enquanto franciscanos, para responder às crises globais através de uma conversão ecológica integral radical; que inclui as dimensões espirituais, sociais, econômicas e políticas. Como fraternidade contemplativa em missão, nos comprometemos à ação através da contemplação e da oração, do compromisso de solidário com os pobres e a Terra; pedindo a todos os frades da Ordem que aprofundemos nossa vocação e conversão no século XXI.

Fonte: Província Franciscana

DEIXE UM COMENTÁRIO

Deixe seu comentário
Coloque seu nome aqui