Ao celebrar, pelo menos no Brasil onde somos muitas, o mês vocacional, é oportuno saber algo sobre a maneira de Clara e Francisco acolherem novos membros na irmandade.
“Se alguém, por inspiração divina, vier ter conosco, querendo abraçar esta vida, a abadessa deverá pedir o consentimento de todas as irmãs” (RSC 2,1). Assim como não tem dúvida de que seu modo de vida é coisa do coração de Deus – “…O Altíssimo Pai celestial, por sua misericórdia e graça se dignou iluminar meu coração para fazer penitência segundo o exemplo e ensino de nosso bem-aventurado pai Francisco…” (TestC 24), Clara tem certeza que o mesmo acontece com as que desejam partilhar o projeto.
E se o chamado vem da Fonte, a responsabilidade de manter o canal aberto é responsabilidade da irmandade toda. E ele se manterá aberto, sobretudo pelo exemplo que arrasta, como diziam nossas antigas. No seu testamento ela afirma esta certeza: “O próprio Senhor nos colocou não só como modelo, exemplo e espelho para os outros, mas também para nossas irmãs, que ele vai chamar para nossa vocação…”. Foi assim com ela. Francisco foi a faísca que acendeu a chama da sua vocação.
“Aqueles que quiserem assumir esta vida e vierem procurar nossos irmãos, estes os enviem aos seus ministros provinciais, aos quais unicamente, e não a outros, seja concedida a licença de receber irmãos. Os ministros, no entanto, examinem-nos diligentemente sobre a fé católica e sobre os sacramentos da Igreja” (RB 2,3).
Em Francisco, a responsabilidade da acolhida é delegada aos Provinciais que, por sua vez, devem zelar pela comunhão eclesial. Mas quem atraía eram os irmãos, seu jeito de viver, seu despojamento, sua cercania com os pobres.
No tempo de Clara e Francisco, o sinal era claro, a proposta respondia a uma busca, a um desejo da sociedade. Então, eram muitos os que chegavam. Nem Francisco, nem Clara faziam Animação Vocacional. O SAV (serviço de animação vocacional) de Francisco e Clara era seu testemunho, sua vivência alegre da pobreza, da irmandade.
Hoje, numa sociedade tão diversa, precisamos deste serviço. Mas será, com certeza, nosso testemunho, nossa presença e serviço na comunidade o que mais vai chamar para a nossa vocação. Que Santa Clara, cuja festa estamos perto de celebrar nos alumie neste caminho, nesta missão.
Irmã Maria Fachini