O testemunho dos Frades da Custódia da Terra Santa sobre as explosões em Beirute

666

“Encontrava-me numa sala de nosso convento, acima da igreja de Beirute, quando ouvi um estrondo muito forte, como de avião. Subi e saí, nisso veio um forte empurrão, causado pela explosão”. Com essas palavras Frei Roger Saad, frade libanês da Custódia da Terra Santa, há quatro anos a serviço em Beirute como ecônomo do convento, fala sobre a catástrofe que, no dia 4 de agosto, aconteceu na capital do Líbano. A igreja, fechada por causa das normas para impedir a difusão da Covid-19, é muito conhecida e constantemente visitada por turistas e fiéis. Ela se acha no quarteirão Gemmaize, apenas 800 metros do porto, onde aconteceu a dupla explosão.

“No momento da explosão tudo ficou branco, não vi mais nada e fui empurrado do lugar”, continua Frei Roger. “Corri logo procurar os outros frades e os encontrei bem como eu. Lá fora, as pessoas gritavam e ninguém sabia o que havia acontecido. Via pessoas feridas, porque muitos foram atingidos pelos cacos de vidro das janelas, explodidas pelo choque que destruiu tudo”. Por causa da explosão, algumas paredes do convento caíram, as portas saltaram, os vidros das janelas quebram e também o telhado foi gravemente danificado. No dia após à catástrofe, os frades franciscanos do convento vizinho, em Harissa, vieram examinar os danos consistentes, também os na igreja. A primeira coisa a fazer é remover os cacos dos vidros para poder caminhar nas salas e, depois, é preciso pensar nas sérias intervenções para restaurar.

“Quando saí à rua, vi as casas destruída se aquilo que me fez ainda mais mal: é que tudo isso aconteceu depois de uma crise econômica muito difícil para o Líbano”, afirma Frei Roger. “Nos últimos meses, tudo estava piorando e o custo da vida tornara-se muito alto. Muita gente já havia perdido o emprego. Senti-me mal ao pensar nos pobres. Eu sou religioso, mas a gente que tem família, crianças, como fará para concertar a própria casa?” O franciscano explicou ter passado a noite a vigiar na igreja, porque também as portas da igreja e do convento não existiam mais. No momento da explosão estavam com ele Frei Maroun Younan, vigário do convento, e Frei Angélico Pilla, responsável pela igreja. O guardião do convento de Beirute e o Ministro da Região São Paulo, Frei Firas Lutfi achavam-se, naquele momento, na Síria, a fim de certificar-se sobre as condições dos quatro frades atingidos pela Covid-19 em Damasco.

“Apenas acontecida a explosão, os frades contataram-me com uma chamada-vídeo e ouvi o grito de um frade que dizia que tudo havia ido pelos ares: o convento, as salas, tudo”, conta Fr. Firas. “Pensei logo numa explosão de automóvel ou míssil, mas os frades diziam somente que era algo gravíssimo e não sabiam o que havia acontecido. Seus rostos estavam cobertos de poeira, mas notei que estavam bem. O Frade mais idoso enviamos ao convento franciscano vizinho, em Harissa, a fim de passar ali a noite. Os outros dois frades permaneceram a fim de vigiar porque estavam preocupados que alguém invadisse”. O franciscano da Custódia da Terra Santa explicou que nessa situação vigora o caos e nos meses passados, em Beirute, houve manifestações e protestos por causa da fome, problema agravado ainda pela pandemia da Covid-19. “Por causa da explosão, muitas famílias estão sem casa e poderiam assaltar os negócios por causa da fome”, continua o frade. Deveremos pensar, depois, nas restaurações do convento e da igreja. Falamos de uma casa de grande valor artístico, já que, há duzentos anos, exatamente ali, aconteceu a primeira representação teatral, em Beirute. O convento é considerado patrimônio histórico de Beirute”. Frei Firas Lutfi apelou à solidariedade internacional: “A palavra solidariedade, creio, que resuma tudo: solidariedade espiritual com oração, solidariedade humana no socorro a milhares de feridos. Muitíssimas famílias ficaram sem casa e essa catástrofe se acrescenta a muitas outras situações que está vivendo o Líbano”.

O Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, de Jerusalém, enviou mensagem aos Frades para convidá-los à oração: “Convido a todos para rezar pelos falecidos, para os feridos e para suas famílias. Convido-vos para rezar a fim de que esse episódio permaneça um acidente e não degenere em outro conflito. O Príncipe da Paz, Nosso Senhor Jesus Cristo, dê paz ao Líbano, e Maria, Rainha do Líbano, proteja todos os seus filhos”.

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

DEIXE UM COMENTÁRIO

Deixe seu comentário
Coloque seu nome aqui