Francisco de Assis: esposo da pobreza

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Faz parte da tradição cristã e franciscana unir Francisco de Assis a Senhora Dama Pobreza. Não é um tema fácil de se compreender enquanto não nos desvencilharmos de categorias sócio-econômicas. Por outro lado, pobres temos entre nós, e eles mexem com nossas consciências com sua angustiosa e extrema pobreza. Em nosso país, pátria do paradoxo, a opulência do alto da montanha domina a planície da miséria. Sonhos de grandeza e o pesadelo do não ter nada. Serviços cada vez mais caros e o luto dos que velam os mortos de uma vida que é banalizada.

Francisco de Assis experimentou os dois lados. Teve muito e se despojou de tudo. Sua pobreza foi opcional: ser pobre por amor para ser livre. Desapropriou-se para estar de um modo melhor com os que não tinham nada de próprio. De pai rico ele passou a ser irmão dos pobres. Ele mudou de lugar social para construir uma coerência espiritual incontestável. Sua família tinha uma rica tradição. Filho de Pedro Bernardone, Francisco tinha por nascença a linhagem de seu avô, Bernardo Mariconi, que era de Lucca, na Toscana, homem de comércio, com relações mercantis dentro e fora da Itália. Bernardo deixou a Toscana e veio morar na Úmbria e deixou para seu único filho, Pedro Bernardone, seu patrimônio, o atrativo pelos negócios, pelo lucro, o fascínio da riqueza e a força do poder. Tudo isto Pedro herdou de Bernardo, depois passou para Francisco que renunciou esta história de ser rico.

Adiantaria ter muito e ter um pai fora de casa, que por causa dos negócios era um mercador ausente do lar? Francisco quer a riqueza do Pai que traz tudo para perto e não deixa ninguém no isolamento. Seu pai biológico deu todos os bens materiais que ele podia sonhar como jovem. Seu Pai do Céu deu-lhe a felicidade que preenchia o seu coração mais do que dinheiro, roupa, cavalo e festas. Seu pai, Pedro Bernardone, deu-lhe sonho de pai, Francisco queria um sonho de Amor Maior além das fronteiras de uma loja e tinturaria, marca registrada de sua família em Assis.

Francisco descobriu um tesouro inestimável: o Evangelho. Descobriu ali as pérolas preciosas da Palavra. Pérolas não são apenas uso, mas são contemplação e identificação. Francisco buscou a pérola rara do Reino. Ao ler a Boa Nova descobriu a Identidade Pobre do Deus Encarnado. Viu que em Jesus Cristo a Pobreza era uma opção sagrada. Não ter nada e ser tudo. Apaixonou-se por esta proposta e casou com ela. Desposou a Senhora Dama Pobreza, a alma do Deus Humilde. Aprendeu com ela que um Deus não retém nada para si, mas tudo dá. Casou com o sonho de Deus, com a presença de Deus, com o Amor de Deus. E este jeito de Deus era de total renúncia de apegos. A questão de Francisco não era material, mas espiritual. Fez uma opção pela Identidade Sagrada de um Deus que se apresentou ao mundo no total despojamento. Depois, no decorrer de sua vida, não ter nada de próprio foi apenas a liberdade de viver e identificar-se com o modo como Deus ama.

FREI VITÓRIO MAZZUCO

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

 

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