Oração: “Ó Deus, que suscitastes São João Batista, a fim de preparar para o Senhor um povo perfeito, concedei à vossa Igreja as alegrias espirituais e dirigi nossos passos no caminho da salvação e da paz”.
- Primeira leitura: Is 49,1-6
Eu te farei luz das nações.
A segunda parte do livro do profeta Isaías (Is 40–56) foi escrita durante o exílio. O domínio do Império Babilônico chegava, então, ao seu fim e surgia um novo império, o de Ciro, rei dos persas. Neste contexto, alguns profetas, discípulos do profeta Isaías (séc. VIII a.C.) trazem novo ânimo aos exilados. Eles anunciavam o fim dos sofrimentos (Is 40,2) e o retorno próximo dos exilados à terra de Judá. Em meio a vários pronunciamentos dos profetas anônimos destacam-se quatro poemas, chamados “Cânticos do Servo de Javé”. O Servo do Senhor é uma figura misteriosa, identificada com Israel no trecho que ouvimos do 2º Cântico. Deus se dirige diretamente ao seu povo e lhe diz: “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado”. Israel dialoga com seu Deus e reclama que seus sofrimentos em Judá e no exílio foram em vão. Mesmo assim, confia em Deus que lhe fará justiça e dará uma recompensa. Reconhece que foi escolhido pelo Senhor desde o nascimento e lhe confia a missão de recuperar os descendentes de Jacó (= Israel) e reconduzi-los para seu Deus. O Senhor confirma esta missão do Servo em relação a Israel e lhe confere um novo alcance. Agora, a missão de Israel, Servo do Senhor, tem um alcance universal: ser luz das nações e levar a salvação até os confins da terra. Deus havia prometido a Abraão: “Com teu nome serão abençoadas todas as famílias da terra” (Gn 12,3). O plano do Senhor é fazer de Israel uma luz para as nações, a fim de que sua salvação atinja todos os povos. A luz que ilumina as nações é Jesus, o menino que Simão tomou em seus braços e louvou a Deus por ter visto o Salvador: “Meus olhos viram a salvação que preparaste diante de todos os povos: a luz para iluminação de todos os povos…” (Lc 2,30-32). João Batista, como os profetas antes dele, é aquele que prepara os caminhos do Senhor, convocando todos à conversão (Lc 3,3-9). João Batista não era a luz, mas apenas a testemunha da Luz que ilumina todas as pessoas que vêm a este mundo (Jo 1,6-9). Quando lhe perguntavam se ele era o Cristo, João respondia: “Eu não sou o Cristo… Eu sou a voz que clama no deserto: endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1,20-23). João se considerava indigno de desatar a correia das sandálias do Messias que viria depois dele. No entanto, ontem, Deus precisou de um João Batista para preparar a sua salvação de todos os povos. Hoje, Jesus Cristo precisa de você, precisa de cada um de nós, para ser a Luz que ilumina todos os povos (Mt 5,14-16).
Salmo responsorial: Sl 138
Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes.
- Segunda leitura: At 13,22-26
Antes que Jesus chegasse,
João pregou um batismo de conversão.
Paulo fazia, junto com Barnabé, sua primeira viagem missionária a Antioquia da Pisídia, no planalto central da atual Turquia. No sábado, os dois apóstolos entraram numa sinagoga, onde estavam presentes judeus de origem grega e pagãos simpatizantes do judaísmo, chamados “tementes a Deus”. Durante o culto, quando o chefe da sinagoga perguntou se alguém tinha alguma palavra de exortação para o povo, Paulo se apresentou para falar de Jesus Cristo. No texto que ouvimos, Paulo menciona a promessa que Deus fez a Davi de uma dinastia permanente e anuncia que a promessa já se cumpriu, pois “Deus fez sair para Israel um salvador, Jesus”. Lembra que a vinda do Messias prometido foi precedida por João Batista, precursor de Jesus. E concluiu, dizendo: “Essa mensagem de salvação (boa-nova) é enviada aos “filhos de Abraão, e a quem entre vós teme a Deus”. A mensagem de salvação foi acolhida foi acolhida com alegria pelos pagãos, tementes a Deus”, mas os judeus promoveram um motim e expulsaram os apóstolos. Certamente, rejeitariam também o batismo de conversão e perdão dos pecados anunciado por João Batista. A conversão e o perdão dos pecados abre as portas do coração para acolher a boa-nova do Reino de Deus, anunciado por Jesus Cristo.
Aclamação ao Evangelho: Lc 1,76
Serás chamado, ó menino, o profeta do Altíssimo:
irás diante do Senhor, preparando-lhe os caminhos.
- Evangelho: Lc 1,57-66.80
João é o seu nome.
Zacarias e Isabel formavam um casal piedoso, fiel observante dos mandamentos e preceitos do Senhor. Já eram idosos, mas não tinham filhos. Um dia, enquanto Zacarias oferecia incenso no santuário, apareceu-lhe o anjo Gabriel, dizendo: “Tua oração foi ouvida e Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João”. Zacarias, no entanto, duvidou da promessa e pediu um sinal. Como sinal, o anjo lhe disse: “Ficarás mudo até que tudo se cumpra” (Lc 1,1-20). O evangelho que acabamos de ouvir conta o que aconteceu desde que Zacarias ficou mudo até o menino tão esperado nascer. Isabel engravidou e durante alguns meses, ficou escondida, agradecia a Deus por ter atendido sua oração e lhe dado a graça de gerar um filho (1,23-25). Os vizinhos e parentes davam os parabéns para Isabel porque “o Senhor tinha mostrado sua grande misericórdia para com ela”. No oitavo dia do nascimento o menino devia ser circuncidado. Queriam dar ao menino o nome do pai, como era costume. Mas a mãe protestou: “De modo algum! Seu nome será João!” Por meio de sinais pediram, então, ao pai que se manifestasse. Deram-lhe uma tabuinha coberta de cera e Zacarias escreveu: “João é o seu nome”. “Imediatamente a sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus”. Todos ficaram espantados e se perguntavam: “Que será deste menino?” – Por que essa insistência no nome “João”? Qual é o significado deste nome? O nome João vem do hebraico Yo–hanan, Deus mostra misericórdia. Deus se compadece e dá um filho para Isabel na sua velhice. E Zacarias louva a Deus porque sempre salvou Israel e agora abriu seu coração misericordioso e decidiu preparar a vinda do Messias (Lc 1,68-79).
Frei Ludovico Garmus, OFM
Fonte: http://www.itf.org.br/joao-e-o-seu-nome.html