“O Racismo está na Estrutura Social, Política e Econômica da Sociedade Brasileira” Silvio de Almeida
O Brasil foi invadido, pelos europeus que encontraram milhões de homens e mulheres sábios que viviam em paz totalmente livres de cercas, com liberdade, cheios de vida na terra, no ar, nas águas dos rios, lagos e no mar.
Porém com a invasão e tráfico do povo negro, para trabalhar nos engenhos e fazendas, alimentou-se a ganância, matança e destruição das florestas. Este foi um dos motivos que ajudou o Brasil a ter a maior população negra fora da África.
Os castigos dados aos negros durante o período colonial escravocrata foram cruéis. Havia um tipo de castigo para cada ação, considerada negativa.
A história não contada de mais de 300 anos, nos diz que o país utilizou mão de obra escrava. Portanto o racismo estrutural foi reforçado com a escravidão durante o período da colonização. Os relatos históricos revelam que o racismo estrutural foi sendo construído com métodos violentos, cruéis , desumanos, sangrentos, mortais, e que este modelo, foi utilizado pelos donos de engenhos e fazendas, senhores de escravos.
O Brasil foi o último país do ocidente a permanecer com trabalho escravo. A mobilização e o processo pelo fim da escravidão foram intensos, longos, sofridos, lentos e difíceis. A pressão realizada pelos escravos e movimentos da sociedade civil foi tão grande, que o império foi obrigado a aprovar e a Princesa Izabel assinar a lei áurea em 13 de 1888. É bom lembrar que ela não assinou a lei por humanismo e misericórdia.
O “fim da escravidão” foi fruto da luta, derramamento de sangue e envolvimento de muitos grupos da sociedade. Os próprios negros se serviram de várias formas de libertação: fugas em massa, denúncias através de cartas, revoltas, compras de alforrias, construção e vivência nos quilombos. Diversos grupos e pessoas que se solidarizaram com esta causa: Luiza Mahin, Dandara, Adelina Charuteira, Maria Fiomina dos Reis, Mariana Criolo, Anastácia. Sabe-se que muitos homens e mulheres negras organizaram quilombos como o líder Zumbi dos Palmares, assassinado dia 20 de novembro de 1695, em Alagoas, na Serra da Barrica.
Com a abolição da escravidão, os negros que trabalharam com afinco nas propriedades dos donos da fazendas, saíram sem terra, sem casa, sem dinheiro, sem estudo. Foram deixados vagando na vulnerabilidade. A violência que afeta os negros no Brasil, é reflexo direto da escravidão. Desde esta situação, a fome se tornou permanente na vida do povo negro que hoje disputa ossos, na “pátria amada”.
Na passagem dos século XVI para o século XXI, o racismo instalou-se no Brasil com força total. A população negra brasileira na grande maioria, vive na extrema pobreza, sendo responsabilizados pelos males sociais. As estatísticas provam isto quando mostram que são assassinados por ano, 49 mil jovens negros pobres, periféricos.
Alguns passos foram dados no enfrentamento ao racismo estrutural e inclusão social, como: instituído 20 de novembro dia da consciência negra em homenagem a Zumbi dos Palmares, no dia de sua morte. Nesta data se comemora com encontros, manifestações, rodas de conversa, visibilização de artesanatos afro, cotas raciais e sociais, onde muitos negros puderam entrar na universidade de cabeça erguida, para estudar e se profissionalizar.
No entanto, a superação de preconceitos e avanços no combate às desigualdades raciais demandam muitas lutas, porque o Brasil, ainda é um país racista.
A partir da Campanha da Fraternidade em 1988, boa parte do povo negro começou a ter consciência com o engajamento no grupo dos Agentes de Pastoral Negro-APNs- abrindo a mente, olhos e ouvidos, coletivamente.
Com mais consciência, empoderados e resilientes, hoje estão nas equipes dos Direitos Humanos, na Gerência de Promoção de Igualdade Racial do Estado do Piauí, ativistas na equipe do Enfrentamento ao Racismo Institucional, e suplência no conselho de Promoção e Igualdade Racial, do Estado do Piauí. Com planejamento anual, atuam a partir do conhecimento da realidade. É permanente o trabalho de conscientização nos quilombos, a luta pelo título da terra quilombola, escolas e comunidades negras.
A luta continua com esperança do fim das práticas raciais porque um dos sonhos que nos move, é viver em um país sem racismo, injurias raciais, apesar da desigualdade social ser sistêmica e só pode ser resolvido por meio das políticas públicas voltadas para a valorização daqueles/as que foram sistematicamente escravizados, marginalizados e excluídos da sociedade.
Por Irmã Maria Arli Sousa Nojosa
Fonte: Cicaf