Reflexão: A Irmã Morte

1047

Por que umas pessoas e não outras?

“Isso só vamos saber no fim dos tempos, na plenitude do Reino de Deus”…

Esse ano a celebração dos fiéis falecidos é sentida de forma mais dolorosa. Foram milhares de pessoas mortas no mundo inteiro pela pandemia do Covid 19. A morte, sempre um mistério que traz muitas interrogações para nós, esse ano provocou ainda mais incertezas e angústias. Por que umas pessoas e não outras? Claro que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, mas isso não impede a pergunta: Por que umas pessoas e não outras?

Parece que há perguntas para as quais não teremos respostas aqui nessa vida. Frei Carlos Mesters, grande biblista, não se embaraça diante de algumas perguntas. Diz com toda simplicidade e humildade, mais ou menos assim: “Isso só vamos saber no fim dos tempos, na plenitude do Reino de Deus”. É nossa condição humana. Não temos respostas para tudo.

Em tudo, e também diante da morte, olhamos para Jesus de Nazaré. Como Jesus reage diante da morte? Ele chora a morte de um amigo, como todo ser humano (cf.Jo 11,35). Ele se compadece de uma mãe viúva que vê morto seu único filho (cf.7,13). Por fim, Ele é vencedor da morte (cf.Lc24,34). Ressuscitado não morre mais e nos garante que também nós vamos ressuscitar (cf.Jo 11,25).

A morte é passagem para a vida eterna. Essa certeza não nos imuniza da dor de nos separarmos daquelas pessoas que amamos, sobretudo nessa situação de pandemia, quando não podemos nos despedir conforme nosso costume. No entanto, a fé na ressurreição nos dá a esperança certa de que a morte não tem a última palavra. Um dia nos reencontraremos todas (as) naquele lugar que Jesus já nos preparou (Jo 14, 20).

A morte nos faz pensar na vida. Ela nos mostra que é preciso viver de tal maneira que, ao chegar nossa hora, possamos nos sentir serenos (as) por termos cumprido nossa missão. São Francisco de Assis a chamou de Irmã. Santa Clara de Assis assim recebeu a irmã morte:

“Vá segura, ó minha alma, pois você tem uma boa escolta para o caminho. Vá, porque aquele que a criou também a santificou; e guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com terno amor. E bendito sejais Vós, Senhor, que me criastes!”(LSC46)

Que esse exemplo de Santa Clara de Assis nos inspire em nosso dia a dia.

Que São Francisco nos ensine a acolhê-la como Irmã.

Por: Irmã Ana Claudia Rocha

Fonte: CICAF

DEIXE UM COMENTÁRIO

Deixe seu comentário
Coloque seu nome aqui