Reflexão: Um caso de enamoramento

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Imagem de El Greco (fonte Wikimedia Commons, domínio público)

♦ Quando chega a primeira Sexta-feira de cada Mês somos convidados a nos colocar de maneira especial diante do Senhor Jesus. Seu peito dilacerado é casa com a porta aberta para ser nossa hospedaria. Em suma, louvamos o bem-querer de Jesus e queremos reparar nossa apatia e lentidão em nos jogarmos naquele que nos quer seduzir. Estamos às vésperas da solenidade de São Francisco de Assis, o enamorado de Cristo Jesus. Um verdadeiro caso de enamoramento. Os escritos de Francisco e seus biógrafos não cessam de falar de seu amor pelo Crucificado.

♦ Vejamos o relato de São Boaventura, feito pouco tempo depois da morte do Santo Pai. Depois que Francisco abraçou e beijou o leproso: “Cheio de admiração e alegria começou a cantar os louvores do Senhor e prometeu fazer coisas melhores ainda no futuro. A partir desse momento, frequentava os lugares solitários, propício às lágrimas, aos gemidos inefáveis, de tal forma que suas instantes preces foram ouvidas pelo Senhor. Um dia, ao rezar assim na solidão e totalmente absorto em Deus, apareceu-lhe o Cristo crucificado. Diante desta visão derreteu-se-lhe a alma e a recordação da paixão de Cristo gravou-se-lhe tão profundamente no coração, que a partir desse momento dificilmente podia conter o pranto e deixar de suspirar quando pensava no Crucificado” (Legenda Maior de São Boaventura I,5). Na paixão de Jesus transparecia o excesso do amor de Deus.

♦ “O que enche a alma de Francisco é o espanto perante a humildade de Deus, perante o amor que se fez humilde até se esconder num bocado de pão, que se entregou de tal maneira que se fez comida para o homem. No presépio eram os membros frágeis e ternos de uma criancinha; no Calvário, os tormentos de um Crucificado; na Eucaristia, umas pobres migalhas de pão. Mas o que está por detrás, nos três mistérios, é a inesperada e incompreensível Loucura de Amor. Os mistérios cristãos são, pois, na maneira de sentir de Francisco, iniciativas de amor da parte Deus antes que qualquer outra coisa” (Frei David Azevedo, OFM, São Francisco. Fé e Vida, p. 26).

♦ Concluamos com uma palavra do Papa Francisco: “Quem arrisca, o Senhor Jesus não o desilude; e quando se dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre-se que ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: “Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi de vosso amor. Mas aqui estou novamente para renovar minha aliança convosco. Preciso de vós. Resgatai-me de novo, Senhor: aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores”. Como nos faz bem voltar para ele quando nos perdemos” (Evangelli Gaudium, 3).

Por Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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