Uma afronta à dignidade humana: Igreja na Colômbia condena descriminalização do aborto

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“Perplexidade e dor profunda”, expressam os bispos colombianos diante da decisão do Tribunal Constitucional na segunda-feira, 21, que descriminaliza o aborto até a vigésima quarta (24) semana de gestação. Este prazo não será aplicado aos casos já contemplados na lei de 2006 sobre a interrupção voluntária da gravidez, ou seja, quando a saúde ou a vida da mãe estiver em risco; quando for resultado de estupro ou incesto, ou se houver malformação do feto.

Ao reconhecer que a realidade do aborto “responde a dramas humanos que causam dificuldades e angústias para a mãe e seu ambiente”, os bispos consideram que a maneira de lidar com todas as formas de “exclusão, abandono ou privação econômica” não é negar o direito à vida, mas sim criar um “sistema jurídico” que busque sua defesa e proteção.

“A reivindicação de um direito deixa de ser legítima se implicar negar ou atropelar os direitos de outrem. Não se pode ocultar ou minimizar o fato de que toda gravidez implica a existência de outro ser humano, diferente da mãe, em condições indefesas e de vulnerabilidade, que por sua vez tem o direito de fazer parte da família humana”, sublinha um comunicado da Conferência Episcopal Colombiana (CEC).

Ato imoral, prática violenta

Nesse contexto, o episcopado enfatiza que a Constituição protege os direitos à vida e a receber a proteção do Estado, porém, “sustentar” que estes não “os protegem desde o momento de sua concepção, é uma afronta à dignidade humana.”

“Tutelar o suposto direito de suprimir uma vida humana inocente coloca em risco o próprio fundamento de nossa ordem social e o estado de direito. O aborto direto é um ato imoral e uma prática violenta contrária à vida”, aponta a nota da CEC.

Criatividade em favor da vida

O episcopado insiste que o problema do aborto não pode limitar-se somente à mulher grávida, mas “exige a solidariedade de toda a sociedade”. Neste sentido, chama os colombianos a encontrarem caminhos que permitam salvaguardar a vida tanto da mãe como de seus filhos por nascer, pois se trata de um dever constitucional “agir de acordo com o princípio da solidariedade social, respondendo com ações humanitárias”.

“Recorramos todos a esta solidariedade criativa em favor da vida!”, expressam os bispos, assegurando que “ali onde o mal é a única opção, queremos ser os primeiros a ajudar a encontrar a boa opção quando o aborto parece ser a solução”.

Fazem-no, afirmam, em nome “d’Aquele que veio trazer vida em abundância”, mas também com a esperança de que o Estado e os cidadãos possam encontrar alternativas para proteger e promover a vida humana.

O comunicado da CEC foi precedido por uma declaração feita por Dom Luis José Rueda Aparicio, arcebispo de Bogotá e presidente do episcopado, que foi publicado na tarde de segunda-feira, 21 de fevereiro, no perfil do episcopado colombiano no Facebook.

Fonte: Vatican News

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