Como parte da celebração dos 115 anos da presença do Frades Capuchinhos pelos estados do Amazonas e Roraima, nessa sexta-feita (18/10), uma programação especial foi realizada para celebrar a data de missão na capital amazonense.
Exposição Capuchinhos na Amazônia
A abertura da exposição ‘Capuchinhos na Amazônia no Palácio da Justiça, no Centro da capital, apresentou cerca de 60 telas com fotografias que contam um pouco da vida missionária e do carisma Franciscano.
De acordo com Selma Carvalho, fotógrafa e curadora da exposição, destacou a missão que acompanhou no bairro Colônia Oliveira Machado: “Foi uma experiência única onde eu pude entrar na casa das pessoas acompanhando os freis e foi lindo ver. É uma missão linda porque eles abdicam da própria vida em prol da necessidade do próximo. E o que fui observando em cada uma é que não existia tanto a necessidade do bem material, os freis até ofereceram ajuda perguntando se eles precisam de remédio, alimentação, mas o que mais percebi e me emocionou foi que eles precisavam de carinho, de atenção e de um ‘ouvido’. Então, ouvindo a palavra ele se emocionavam. É o momento que sai a dor juntamente com o choro, mas fui para fotografar, só que em vários momentos eu chorei junto com eles e foi uma experiência incrível. A mensagem que deixo é de quanto nos falta gratidão já pelo que temos porque esse aprendizado foi ímpar e eu fiquei muito feliz e honrada com essa oportunidade”, concluiu a fotógrafa e curadora da exposição.
Frei Mário Ivon Ribeiro, Frade Menor Capuchinho, é o custódio superior dos capuchinhos Amazonas e Roraima. Para ele 2024 é o ano de fazer memória dos 115 anos de missão na Amazônia: “Memória dos frades que chegaram aqui há 115 anos é um presente para nós pois estamos olhando sempre para o futuro, mas não podemos esquecer o passado. Então as fotos nos trazem isso porque o nosso lema desse ano é ‘115 anos de missão’ e nós continuamos. Eles foram os primeiros a chegarem aqui, agora nós continuamos a missão. Os quadros retratam um pouco isso, a história, em ‘preto e branco’ e a história de hoje que é a continuação da missão dos Frades Capuchinhos nesta realidade na Amazônia”, explicou Frei Mário Ivon Ribeiro.
A missão dos capuchinhos hoje é continuar, através do espírito carismático da ordem, a missão de estar com o povo. E eles são conhecidos por estarem sempre inseridos na sociedade nas suas diversas realidades que não se resume somente a espiritualidade, mas também na sua dimensão social e do ser humano como um todo.
A exposição segue até o dia 30 de outubro no Palácio da Justiça com entrada gratuita.
Missa de Posse do Custódio e Conselho
Às 18h, iniciou a celebração de ‘Posse do Custódio e Conselho dos Frades’ (OFM Cap Am/Ro) que aconteceu na paróquia São Sebastião, Centro de Manaus e foi conduzida pelo Vigário Geral da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, Frei Silvio Almeida.
Frei Mário Ivon Ribeiro, que permanece como Custódio Amazonas e Roraima, Frei Carlos Acácio – 1° Conselheiro, Frei Sebastião Fernandes – 2° Conselheiro, Frei Jomeson Aparício – 3° Conselheiro e Frei Marco Darlan – 4° Conselheiro.
Durante sua homilia, Frei Silvio Almeida destacou que a vocação é um dom, uma graça dada por Deus de forma gratuita e que é possível pedir a Ele esse dom: “Ele conhece a ‘Messe’, conhece seus operários e sabe da necessidade da sua igreja e do mundo, Ele ensina-nos a pedir mais operários para sua ‘Messe’. Não é simplesmente rezar pelas vocações para que tenhamos mais sacerdotes, mais religiosos e mais frades capuchinhos. Quando pedimos operários significa pessoas comprometidas com o Reino de Deus. São pessoa que procuram viver, de fato, uma vida cristã autêntica e que são discípulos cada um ao seu modo, cada um ao estilo de vida que assumiu. São anunciadores da Graça de Deus. A missão é comunicar ao mundo aquilo que nós vemos, presenciamos e experimentamos. É isso que significa pedir mais operários, não é simplesmente quantidade de frades ou padres.”
E continuou, o vigário geral a destacar que, atualmente, o Cristianismo ainda sofre perseguição e restrições, o que torna um grande desafio ser cristão: “A segunda causa importante é que Jesus enviou discípulos como ovelhas no meio de lobos. Não é apenas em algumas partes do mundo, mas em todo lugar. Lembro, nesse momento, a situação de Nicarágua, onde a igreja sofre perseguição de modo explícito por parte do estado. Mas pensemos, também na Turquia, onde nós Capuchinhos não podemos usar o nosso hábito. Podemos participar da missa, mas publicamente não podemos usar nosso hábito. Ou ainda nos Emirados Árabes ou na China que os Capuchinhos não podem nem ao menos ser reconhecidos como frades. Na Índia, os três únicos Capuchinhos celebram a missa somente para eles mesmos e alguns familiares que eles têm a plena certeza de que não serão denunciados para o estado. Nós estamos diante de realidades em que ser cristão e discípulos é estar no meio de lobos claramente, na essa é a nossa missão”, destacou Frei Silvio Almeida.
A celebração também apresentou o rito de transladação dos restos mortais de Frei Assilvio Sabino, Frei Henrique Sanpalmiere e Frei Miguel Arcanjo que agora se juntaram aos demais missionários na Cripta dos Capuchinhos da capela São Francisco, área especialmente prepara dentro da igreja.
Museu da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos Amazonas e Roraima
Após a celebração, todos foram convidados a se dirigir para o prédio do museu que fica localizado atrás da igreja para acompanhar a cerimônia de abertura. Houve a bênção do espaço e logo em seguida o descerramento da placa de inauguração.
O Museu dos Capuchinhos Amazonas e Roraima, reúne um acervo histórico com mais de 2.000 peças que passaram pelas etapas de análise e pesquisa, inventariação e catalogação do acervo. O tesouro de história, cultura e fé, apresentou a herança do carisma franciscano para o público presente. As peças expostas são dos mais diversos seguimentos que compõe a vida cristã como: Registros fotográficos, vestimenta, quadros, instrumentos utilizados pelos frades, cálices, missais, entre outros.
O espaço que foi dividido em três grandes salões, ainda conta com peças expostas entre os corredores do prédio. O público presente pôde mergulhar na memória franciscana sobre os costumes e feitos extraordinários na Amazônia.
Frei Raul Gustavo é um dos responsáveis pelo acervo da fé. Para ele a inauguração do museu vem somar com a história da nossa região: “O sentimento é realmente de gratidão por tudo isso e claro que essa inauguração é apenas o começo de uma iniciativa. Nós pretendemos ampliar e montar novas exposições. A inauguração foi o ‘ponta pé’ inicial para que nós possamos montar um complexo de conhecimento, cultura, arte e de objetos que contam a história do nosso povo e principalmente na história dos Capuchinhos que passaram aqui pela região e ainda ficam. O nosso lema é ‘Nós continuamos’ e queremos mostrar o que passamos e ainda estamos fazendo nosso trabalho aqui, tanto de comunicação quanto de fé para todas as pessoas”, destacou Frei Raul Gustavo.
Fonte: arquidiocesedemanaus.org.br