A Amazônia hoje é um grande território em disputa entre o Capital e os que lutam pelo Bem Viver. São cerca de 30 milhões de moradores, entre os quais mais de cem povos originários, quilombolas, ribeirinhos, moradores de periferias de cidades. Sem falar nos invasores locais e forasteiros que chegam para explorar as riquezas, sem respeitar os locais e o meio ambiente.
A disputa na Amazônia acontece também na comunicação. Neste campo se incluem as grandes redes de televisão, com geração no sul do país, mas com grande incidência na região; se incluem também as emissoras de rádio locais e as redes sociais que hoje marcam presença intensiva, mesmo com mais limitações por conta da ausência da internet em vários locais.
O rádio na Amazônia ainda é o mais abrangente meio de comunicação, por vários motivos, entre os quais o raio de abrangência, o uso do receptor à bateria e inclusive, o celular com capacidade receptiva. Se de um lado, boa parte das emissoras de rádio são em geral, pobres em comunicação educativa, por dificuldades financeiras e mentalidades egocêntricas dos donos, por outro lado, têm surgido as rádios comunitárias. Estas, mesmo enfrentando suas limitações, são outra forma de comunicação a partir de dentro da comunidade, o que lhe dá condição de resgatar os valores culturais e mensagens mais próximas dentro da comunidade. Para se ter uma ideia dessa riqueza, só na região do Baixo Amazonas há 15 rádios comunitárias funcionando.
A partir do ano 2008, surgiu na Amazônia uma experiência de comunicação em rede de emissoras de rádio. São 21 emissoras em sete dos nove estados amazônicos, funcionando há 15 anos, com sede em Santarém. Dois programas radiofônicos são produzidos e transmitidos em rede. Um noticiário de 30 minutos com notícias produzidas pelas emissoras sócias da Rede de Notícias da Amazônia, RNA, enviadas à cabeça de rede em Santarém, organizados os 30 minutos de notícias e enviados a todas as 21 emissora da Amazônia; e um programa de educação ambiental, rádio revista de 30 minutos uma vez por semana transmitido da mesma forma coletiva.
Assim, com essa novidade em rede, existe uma alternativa de comunicação radiofônica onde a Amazônia comunica com a Amazônia e seus lutadores sociais. Desta forma se tenta dar outro rumo à comunicação numa grande região em disputa entre os exploradores das riquezas da região e os que lutam pelo bem viver.
Por: Pe. Edilberto Sena
Fonte: franciscanosamazonia.org.br