Francisco de Assis ama este Deus que nasceu num estábulo entre animais

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(FREI VITORIO MAZZUCO) – Ao apaixonar-se pelo Cristo do Presépio, do Altar e da Cruz, Francisco de Assis muda radicalmente a sua vida por perceber e viver uma fé dentro de uma realidade de libertação histórica na qual o próprio Deus se fez pobre. A fé para ele não é um sistema de crenças, mas tem que ser repensada como uma força libertadora de transformação.

A fé também não é lugar para a resignação dos vencidos da história, nem refúgio de derrotados e nem diminuição dos que creem. Mas a fé libertadora e transformadora é refazer a experiência de um Deus Encarnado em meio ao povo. Francisco de Assis ama este Deus que nasceu num estábulo entre animais, que não morreu entre lençóis de cetim, mas numa cruz, não tendo compromisso com a morte, mas com o Amor que dá vida em plenitude. Morreu porque pregou o Evangelho da Libertação, morreu por causa de sua mensagem e de sua prática. Não é o Deus das mitologias e nem das sumas teológicas, nem dos pregadores e dos cultos solenes; mas um Deus que se fez profundamente humano para fazer do humano importante demais.

Um Deus unicamente Amor que nos ensina amor. Francisco bradava: “É preciso amar muito o Amor daquele que muito nos amou” (2Cel 196). Santa Tereza dizia: “Na tarde da vida, seremos julgados não pela ortodoxia, mas pelo Amor!”.

Francisco de Assis traz novo alento para o conceito de Deus. Este Deus entra na história humana no ventre de uma mulher, numa aldeia escondida, num lar humilde, uma história humana e divina contada a partir de um presépio. Recolocou o Evangelho no coração de seus frades e nas mãos do povo, rezou o credo num cântico em harmonia com as criaturas. Ama a Eucaristia como a bela graça da vida pulsando forte em ações comunitárias. Francisco gerou fraternidades de compaixão, fé e compromisso, desafiadas pelo Evangelho da Libertação.

E falando da dimensão política do franciscanismo, vamos lembrar o verdadeiro significado da palavra grega politikein, politikós. Para o mundo grego, o significado desta palavra é: arranjo existencial para o bem comum. Não estamos afeiçoados a este significado, porque na história passada e sobretudo atual de nosso país, nunca tivemos esta verdade como prática. Vou partir de um texto que, nos anos 1986 a 1987, quando morei na cidade de Guaratinguetá, foi distribuído na Paróquia Nossa Senhora da Glória, no Bairro do Pedregulho; nesta época a paróquia estava sob os cuidados dos franciscanos. Eram anos de elaboração da nova constituição e houve uma certa participação popular. Eram anos de processo eleitoral, como este ano que estamos vivendo.

Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br/

 

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