Papa: “Sempre haverá mártires entre nós”

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A catequese da Audiência Geral do Papa Francisco, nesta quarta-feira (11/12), na Sala Paulo VI, no Vaticano, teve como tema «Ainda um pouco, e você me convence a tornar-me cristão!» Paulo prisioneiro diante do Rei Agripa, extraído do Livro dos Atos dos Apóstolos.

Francisco continua a viagem do Evangelho no mundo narrado pelo Livro dos Atos dos Apóstolos, e o testemunho de Paulo é cada vez mais marcado pelo sigilo do sofrimento. “O capítulo 21 dos Atos dos Apóstolos narra a chegada de São Paulo a Jerusalém. Lá, como Jesus outrora, Paulo é acusado de ensinar contra a Lei de Moisés. É encarcerado e conduzido diante do Sinédrio, depois ao Procurador Romano e, finalmente, ouvido pelo Rei Agripa II. Na sua apologia diante do rei, Paulo não faz outra coisa senão testemunhar o senhorio de Cristo, mostrando que n’Ele se realizara, como tinham preanunciado Moisés e os profetas, a esperança da ressurreição, também partilhada pelos fariseus. Diante deste testemunho, o rei chega a afirmar que por pouco não o convencia fazer-se cristão, e Paulo é declarado inocente. Porém, não pode ser libertado, pois apelara para César. Assim, tem início a peregrinação do Apóstolo até Roma, como prisioneiro, visto aos olhos do mundo como um malfeitor. Contudo, Paulo enxerga as correntes que o aprisionam com os olhos da fé: são um sinal da sua fidelidade ao Evangelho e do seu testemunho ao Senhor Ressuscitado, ensinando-nos, assim, o que significa perseverar com fé no meio das provas da vida”.

“Paulo não é apenas um evangelizador cheio de ardor, missionário intrépido entre os pagãos que dá vida a novas comunidades, mas é também a testemunha sofredora do Ressuscitado”, disse o Papa.

A chegada do Apóstolo a Jerusalém, descrita no capítulo 21 dos Atos, desencadeia um ódio feroz contra ele e o censuram: “Mas, este era um perseguidor! Não confiem!” A cidade é hostil, assim como foi para Jesus. Tendo ido ao templo, Paulo foi reconhecido e levado para ser linchado. Foi salvo por um fio pelos soldados romanos. “Acusado de ensinar contra a Lei e o templo, ele foi preso e começa a sua peregrinação de encarcerado, primeiro diante do Sinédrio, depois diante do procurador romano em Cesareia e, por fim, diante do rei Agripa”, sublinhou Francisco, acrescentando: “Lucas destaca a semelhança entre Paulo e Jesus, ambos odiados pelos adversários. Jesus foi odiado pelos seus adversários e Paulo a mesma coisa, acusados publicamente e reconhecidos como inocentes pelas autoridades imperiais; e assim Paulo é associado à paixão de seu Mestre, e sua paixão se torna um evangelho vivo.”

A seguir, o Papa recordou o seu encontro, esta manhã, com os peregrinos ucranianos, de uma diocese na Ucrânia. “Quanto essas pessoas foram perseguidas; quanto sofreram pelo Evangelho! Mas não negociaram fé. É um exemplo. Hoje, no mundo, na Europa, muitos cristãos são perseguidos e dão a vida por sua fé, ou são perseguidos com luvas brancas, ou seja, deixados de lado, marginalizados… O martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade cristã. Sempre haverá mártires entre nós: este é o sinal de que estamos seguindo o caminho de Jesus. É uma bênção do Senhor que haja no povo de Deus, alguém que seja testemunho de martírio”, disse.

Paulo é chamado a defender-se das acusações e na presença do rei Agripa, a sua apologia se transforma num testemunho eficaz de fé. Mesmo quando fala de si, Paulo anuncia e manifesta o seu Senhor.

Depois, Paulo relata sua própria conversão: Cristo ressuscitado o tornou cristão e confiou-lhe a missão entre as nações, “para que se convertam das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus, e recebam o perdão dos pecados e a herança entre os santificados pela fé em Cristo”.

“Paulo obedeceu a essa tarefa e não fez nada além de mostrar como os profetas e Moisés prenunciaram o que agora anuncia: «que o Messias devia sofrer e que, ressuscitado por primeiro dentre os mortos, ele devia anunciar a luz ao povo e aos pagãos». O testemunho apaixonado de Paulo toca o coração do rei Agripa, que diz: «Ainda um pouco, e você me convence a tornar-me cristão! » Paulo é declarado inocente, mas ele não pode ser libertado porque apelou a César. Assim, continua a viagem irreversível da Palavra de Deus em direção a Roma.

A partir desse momento, o retrato de Paulo é o do prisioneiro cujas correntes são sinal de sua fidelidade ao Evangelho e do testemunho dado ao Ressuscitado.

As correntes são certamente uma provação teste humilhante para o apóstolo, que aparece aos olhos do mundo como um “malfeitor”. Mas seu amor por Cristo é tão forte que mesmo essas correntes são lidas com os olhos da fé; fé que para Paulo não é “uma teoria, uma opinião sobre Deus e o mundo”, mas é “o impacto do amor de Deus em seu coração, é o amor por Jesus Cristo”.

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

 

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