Pe. Ezequiel, o mártir: inspiração renovada em época de pandemia em favor dos indígenas e vulneráveis

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Nesta sexta-feira, 24 de julho, uma missa de ação de graças pela vida e missão de Pe. Ezequiel Ramin foi transmitida direto da Comunidade do Caxingui, em São Paulo, pelo aniversário de 35 anos da morte do “mártir da terra e do sonho de Deus”. Em época de pandemia, a programação da romaria está sendo reinventada, em modalidade on-line pelas plataformas oficiais dos Combonianos no Brasil: começou há mais de 10 dias com a divulgação de vídeos, clipes musicais e rodas de conversa sobre o missionário comboniano, vigília vocacional e tríduo em memória a Pe. Ezequiel realizados a partir de várias partes do país.

Nos 35 anos do martírio do Servo de Deus, o testemunho de Pe. Ezequiel em defesa dos povos indígenas e das famílias pobres é ainda mais atual pelo contexto da pandemia da Covid-19. As causas que moveram o missionário na década de 80 na região de Cacoal, em Rondônia, hoje ganham força para continuar inspirando a sociedade e a Igreja na proteção aos mais vulneráveis – aqueles que mais sofrem com as consequências da crise econômica e sanitária.

Pe. Ezequiel e o Sínodo Amazônico

Pe. Dario Bossi, coordenador provincial dos Missionários Combonianos no Brasil, em vídeo para divulgar a #romariadeEzequiel deste ano, lembra da importância que foi levar a conhecimento do mundo a história do missionário através do Sínodo Amazônico do ano passado, no Vaticano. Na oportunidade, o Papa Francisco trouxe a figura de Pe. Ezequiel como testemunha da luta pelas causas dos povos da Amazônia, já que a assembleia pretendia escutar o grito da terra, dos pobres e das vítimas, numa voz também silenciosa pela “construção teimosa e resistente da vida das comunidades”, disse Pe. Dario.
Neste dia 24 de julho, então, torna-se essencial vincular a figura de Padre Ezequiel ao Sínodo da Amazônia, porque “foi um momento histórico na caminhada de Deus e da Igreja na Amazônia”:

“Caminhava à nossa frente, na abertura do Sínodo da Amazônia: a imagem de Ezequiel misturada com aquela de Papa Francisco com as pessoas que tinham construído toda a caminhada do Sínodo, padres, religiosos, leigos e leigas que abriam a Assembleia Sinodal, atrás dos rostos dos Mártires da Amazônia. E, depois, a imagem dele e de muitos outros mártires ficou lá, aos pés de Papa Francisco na assembleia enquanto nós debatíamos e construímos o processo sinodal. O Sínodo depois se concluiu com uma frase que eu quero citar: uma das páginas mais gloriosas da Amazônia foi escrito pelos mártires. A participação dos seguidores de Jesus em sua Paixão, Morte e Ressurreição gloriosa acompanhou a Igreja especialmente nos momentos e lugares em que, por causa do Evangelho, ela viveu em favor da ecologia integral na Amazônia.”

A fé de mãos dadas com a vida

O coordenador dos Leigos Missionários Combonianos, Flávio Schmidt, lembrou que o próprio João Paulo II se referiu ao Pe. Ezequiel – amigo dos camponeses, dos mais pobres e dos indígenas que foi assassinado com apenas 32 anos de idade – como uma “testemunha da caridade de Cristo” pela doação da vida em missão. Durante pouco mais de um ano de presença missionária no Brasil antes do seu martírio, recorda Flávio, o jovem italiano “esquecia de si mesmo pelos outros”:

“Não se conformava com essa realidade e a opressão do povo sofrida. Reforçava sempre a ideia da necessidade de a fé andar de mãos dadas com a vida. Era consciente dos riscos que corria pelos seus posicionamentos aponte de, numa homilia, declarar: se a minha vida pertence a vocês também irá pertencer a minha morte.”

Em memória a Pe. Ezequiel e vítimas da Covid-19

Assim, Pe. Dario disse que não é possível “dissociar o aniversário da morte de Ezequiel neste momento trágico de memória das tantas vítimas da Covid-19”, especialmente, daquelas dos povos indígenas e das comunidades ameaçadas. Então, citou nomes como de Dionito e vovó Bernardina Macuxi e de Zé Aparecido, que “cantou a vida” de Ezequiel.

Enfim, finalizou Pe. Dario, celebrar a memória de Ezequiel hoje também significa pelo menos 4 compromissos:

1. solidarizar-se com os indígenas, ao dizer “basta ao genocídio que se dá por uma deliberada omissão de socorro e por uma falta de obras de prevenção”;

2. defender a Amazônia, “que nunca como hoje está ameaçada e se encontra em perigo”;

3. renovar o compromisso Sínodo;

4. animar o protagonismo da Igreja na Amazônia, “a inculturação do Evangelho, a força das comunidades eclesiais de base, a formação de leigos e leigas”.

Fonte: Vatican News

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