- A situação da EUCARISTIA no tempo de Francisco– séc.XIII – certa decadência, o povo não compreendia a missa, não participava da Comunhão e esta se tornou rara. Autoridade eclesial tenta restaurar seu valor em ambientes místicos, no Concílio de Latrão IV. Há também a questão das heresias na época, diziam que a Eucaristia celebrada por sacerdotes indignos era inválida.
Francisco manteve todo respeito, adoração e carinho à Eucaristia –
Ele traça um paralelo entre a Encarnação do Verbo no seio de Maria e sua vinda sobre os altares: ”Ele se humilha todos os dias, tal como na hora em que descendo de seu trono real para o seio da Virgem vem diariamente a nós sob a aparência humilde; todos os dias desce do seio do Pai sobre o altar, nas mãos do sacerdote”(Adm 1,16-18) – humildade – abaixamento.
- “Os irmãos e as irmãs participem do sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo e recebam seu Corpo e Sangue com grande humildade e veneração, recordando o que diz o Senhor:” Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna” ( RNB 20,7-8)
Os sacerdotes como ministros desta presença – Francisco tem respeito por eles, mesmo que pecadores. A presença de Cristo não depende da santidade do ministro. Necessita visão de fé.
- Na Carta a todos os clérigos 4-5: ”Todos os que administram os santos mistérios cuidem dos cálices…muitos o guardam em lugares bem comuns e o levam de modo lamentável pela rua e o recebem indignamente e o ministram indiscriminadamente”
- Aos frades de sua Ordem dizia com afeto: (CtOr 14-15;” Peço ainda no Senhor a todos os meus irmãos sacerdotes, os que são, os que vierem a ser ou desejarem ser sacerdotes do Altíssimo, que, ao celebrar a missa, ofereçam o verdadeiro sacrifício do santíssimo corpo e sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pessoalmente puros, com disposição sincera, jamais levados por qualquer interesse terreno, como quem procura agradar aos homens. Considerai a vossa dignidade, irmãos sacerdotes e “sede santos porque Ele é santo”
- Celano descreve a devoção de Francisco pela Eucaristia na ótica do amor divino.”Ficava estupefato diante de tão amável condescendência e de tão digna caridade… achava que era um desprezo muito grande não assistir pelo menos a uma missa cada dia, se pudesse… comungava muitas vezes…”(Cf. 2 Cel 201).
- Na Carta a toda Ordem 30-31, Francisco mostra-se extasiado: ”Pasme o homem todo, estremeça a terra inteira, rejubile o céu em altas vozes quando, sobre o altar, estiver nas mãos do sacerdote, o Cristo, Filho de Deus vivo! Ó grandeza maravilhosa, ó admirável condescendência, ó humildade sublime, ó humilde sublimidade! O Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilha a ponto de se esconder, para nosso bem, na modesta aparência de pão… Nada de vós retenhais para vós mesmos, para que totalmente vos receba quem totalmente se vos dá”! ( Carta a toda Ordem 26-28)
Na ótica da pobreza de Francisco: dar tudo a Cristo, já que Ele se dá inteiramente a nós. Ele se entregou totalmente; o gesto da paixão e morte é atualizado e vivenciado novamente na Eucaristia. Partilhar. Dar aos esfomeados tudo o que recebeu de Deus, inclusive o próprio eu, ir às raízes de si mesmo para descobrir tudo o que pode oferecer. Partilhar quando o outro pede, quando o outro não tem coragem de pedir – dar com alegria e simplicidade. Ser pobre como Jesus Cristo na Eucaristia.
Seguindo o costume originário da Ordem, Francisco nos exorta a termos cotidianamente como centro a celebração eucarística; não podemos reduzir esta exortação somente em receber o Corpo de Jesus. Seria uma compreensão muito pobre e superficial. Precisamos de uma dinâmica de incorporação= entrar no corpo e na alma de Cristo.
- Francisco era um homem do povo e não um teólogo. Sua linguagem não era das escolas teológicas. Seu linguajar era litúrgico, corrente. No Testamento 10 diz: ”E procedo assim porque do mesmo Altíssimo Filho de Deus nada enxergo corporalmente neste mundo senão seu santíssimo corpo e sangue” Francisco une a celebração eucarística ao culto ao sacramento.
- Na Eucaristia Francisco e depois dele seus filhos, vêem confluir a totalidade do mistério da fé, desde o mistério trinitário, passando pela encarnação e paixão redentora até a presença atual da palavra e da pessoa de Cristo para a santificação de todos e a edificação da Igreja.
- Uma comunidade não pode ter vida sem se alimentar da Palavra de Deus e da fração do pão (Atos 3,42
- O que significa concretamente agir sem cálculo e sem interesse?
- Quais as principais atitudes franciscanas diante da Eucaristia?
- Que lugar ocupa a Eucaristia em sua vida?
Fonte: Ir. Nelsi Hoffelder (retiro da CFFB/RS)
[…] https://cffb.org.br/sao-francisco-e-a-eucaristia/ […]