São Francisco e Dante na Carta Apostólica “Candor Lucis Aeternae” do Papa Francisco

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A Carta Apostólica “Candor lucis aeternae” do Santo Padre Francisco, publicada em 25 de março de 2021, no 700º aniversário da morte do poeta Dante Alighieri, dedica uma parte do texto a São Francisco de Assis.

O Pontífice dedica um parágrafo a São Francisco, que na obra dantesca é representado na “cândida rosa dos bem-aventurados”. Entre o Pobrezinho de Assis e o Sumo Poeta, o Papa entrevê “uma profunda sintonia”: ambos, com efeito, se dirigiram ao povo, o primeiro “foi para o meio do povo”, o segundo escolhendo não usar o latim, mas a vulgata, “a língua de todos”. Além disso, ambos se abrem “à beleza e ao valor” da Criação, espelho do seu Criador. Artista genial, cujo humanismo “ainda é válido e atual”, Alighieri também é “um precursor da nossa cultura multimediática”, porque na sua obra se fundem “palavras, símbolos e sons” que formam “uma única mensagem”.

Francisco, marido da Senhora Pobreza

Na cândida rosa do beato, em cujo centro brilha a figura de Maria, Dante coloca também numerosos santos, dos quais traça vida e missão, para os propor como figuras que, no concreto da sua existência e também através de muitas provações , eles alcançaram a meta de sua vida e sua vocação. Recordo apenas a de São Francisco de Assis, ilustrada no canto XI del Paraíso, onde se fala dos espíritos sábios.

Há uma harmonia profunda entre São Francisco e Dante. O primeiro saiu do claustro junto com o seu e caminhou entre o povo pelas estradas das aldeias e das cidades, pregando ao povo, hospedando-se nas casas; o segundo fez a escolha, incompreensível na época, de usar a linguagem de todos para o grande poema da vida após a morte, povoando sua narrativa com personagens conhecidos e menos conhecidos, mas todos iguais em dignidade aos poderosos da terra. Os dois personagens têm outro traço em comum: abertura à beleza e ao valor do mundo das criaturas, espelho e “vestígio” de seu Criador. Como não reconhecer naquele “louvado seja o teu nome e o teu poder / por todas as criaturas” da paráfrase dantesca do Pai Nosso (Purg. XI, 4-5) uma referência ao Cântico das Criaturas de São Francisco?

Essa consonância aparece na canção XI do Paraíso com um novo aspecto, que se assemelha ainda mais a eles. A santidade e a sabedoria de Francisco se destacam justamente porque Dante, olhando para a nossa terra desde o céu, percebe a mesquinhez de quem confia nos bens terrenos: “Ó tolos cuidados dos mortais! / Quão fracas são as razões / que te fazem voar para o chão! » (1-3). Toda a história ou, melhor, a «vida admirável» do santo assenta na sua relação privilegiada com a Senhora Pobreza: «Mas para não continuar numa linguagem demasiado hermética, / percebo que Francisco e Pobreza são estes amantes / a quem eu I significa no meu longo discurso »(73-75). O canto de São Francisco recorda os momentos mais importantes da sua vida, as suas provações e, por último, o acontecimento em que a sua configuração com Cristo pobre e crucificado encontra a confirmação máxima e divina na impressão dos estigmas: «encontrar aquelas pessoas muito relutante em se converter, / para não ficar ocioso / o fruto do jardim da Itália foi colhido novamente, / e na montanha áspera entre o Tibre e o Arno, / de Cristo ele recebeu o último selo / que seus membros o carregaram por dois anos »(103-108).

Para ver o texto completo da Carta Apostólica acesse AQUI

Fonte: Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil

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