Somos uma ordem de irmãos! Frei Mark, “irmão leigo”, é eleito ministro provincial

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Entre os dias 22 e 26 de abril deste ano, mais de 70 frades se reuniram no Convento São Fidelis, em Victória, no estado do Kansas/EUA, para realização de seu Capítulo Provincial. O propósito de um capítulo é que os frades elejam novos líderes e reflitam sobre a integridade de sua vida de oração, fraternidade, pobreza e serviço aos pobres.

Em uma eleição histórica, a Província de São Conrado elegeu Frei Mark Schenk como ministro provincial. Esta é a primeira vez, na história recente da Ordem, que um “irmão leigo” é eleito para essa posição. Por esse, motivo foi necessário aguardar uma confirmação da Cúria Romana, que se deu no dia 31 de maio.

Além do papel de ministro provincial, os frades também elegeram quatro frades para servir como seus conselheiros: Frei Bill Kraus (Vigário Provincial), Frei Frank Grinko, Frei Curtis Carlson e Frei Sojan Parapilly. O Conselho Provincial define a direção e o foco desta província para os próximos três anos.

Frei Mark havia exercido anteriormente o cargo de Conselheiro Geral da Ordem, sendo também o primeiro “irmão leigo” nessa atividade. E a confirmação de sua eleição como ministro provincial traz novamente à tona uma antiga discussão da Ordem frente às exigências canônicas da Igreja: o desejo de que todos os serviços estejam disponíveis a todos os irmãos, independentemente de serem ordenados ou não.

Saiba mais:

A Ordem dos Frades Menores, como o próprio nome indica, é uma ordem de irmãos. Francisco de Assis desejava que seus irmãos vivessem modestamente, sem nada de próprio, em castidade e obediência sendo sempre menores.

Desde os primórdios da Ordem, se fizeram menores tanto os leigos quanto os presbíteros. Todos que desejassem fazer parte da fraternidade de Francisco deviam ser chamados de “irmão”, em outras palavras: “Frei”. Na Ordem de São Francisco, não se faz predileção dos irmãos por aquilo que eles exercem ou pelos ministérios que recebem, todos devem ser tratados igualmente.

Nesse sentido, no que compete a assumir cargos e serviços dentro da Ordem, qualquer irmão poderia assumir as diversas funções existentes em nossa vida de minoridade. Francisco não faz distinção dos irmãos por serem ou não ordenados. Tratando-se da eleição de um ministro geral, por exemplo, ele diz: “Todos os irmãos devem ter sempre um dos irmãos desta Religião como ministro geral e servo de toda a fraternidade”. Dizer “um dos irmãos” é um dos sinais de que, para Francisco de Assis, os membros da fraternidade, se considerados idôneos, podem assumir tais funções a serviço da Ordem.

Durante séculos, a Ordem vem passando por diversas transformações, seja na vivência do carisma ou mesmo nas questões constitucionais. O desejo de nunca se afastar do carisma originário conduziu diversos irmãos a uma reforma profunda e intensa. No decorrer da história, esse movimento de busca de fidelidade ao carisma deu origem a diversos ramos dentro da ordem. Hoje, ficaram três ramos principais: os Franciscanos Conventuais, os Franciscanos (anteriormente chamados de Observantes) e nós, os Franciscanos Capuchinhos.

Apesar de todos vivermos a mesma regra, cada ramo tem sua constituição particular. Em nossas constituições, a respeito da eleição para os diversos cargos da Ordem, pede-se que os frades votantes e os candidatos sejam de profissão perpétua. Apenas.

Por diversos séculos, alguns cargos da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos só poderiam ser assumidos por frades ordenados, ou seja, frades presbíteros. Hoje, os frades da Província de São Conrado, nos Estados Unidos, dão um grande salto no que compete sermos uma ordem de irmãos, elegendo um “irmão leigo” para o cargo de ministro provincial.

Por Frei Douglas Leandro de Oliveira (Cúria MG)

Fonte: Capuchinhos do Brasil /CCB

 

 

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