Carta de São Francisco a Santo Antônio

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A Santo Antônio, “Meu Bispo”
(Carta de São Francisco a Santo Antônio de Pádua)

Introdução
Desejo partilhar esta reflexão, partindo da pequena carta de São Francisco de Assis dirigida a Santo Antônio de Pádua. Carta esta dirigida em fins de 1223 ou inícios de 1224, na qual o Poverello de Assis concede a Frei Antônio a permissão de “ler”(= ensinar) a Sagrada Teologia aos irmãos, nos primórdios da Ordem Franciscana. Eis o teor da Carta:

Texto latino
Frati Antonio episcopo meo frater Franciscus salutem. Placet mihi quod sacram theologiam legas fratribus, dummodo inter huius studium orationis et devotionis spiritum non exstinguas, sicut in regula continetur.

Frei Francisco a Frei Antônio, meu bispo, saudações. Apraz-me que leias a Sagrada Teologia aos frades, contanto que dentro desse estudo não extinguás o espírito da santa oração e devoção, como está contido na Regra.

Aparentemente, esta carta se apresenta sóbria e simples. No entanto, esta simplicidade aparente nos pode enganar. Pois, quanto mais nela se mergulhar, tanto mais tesouros aí se escondem. Daí, a lapidação deste pequeno diamante nem sempre é tarefa fácil.

1. OS CONCEITOS-CHAVE DA CARTA
1.1 “Fratri Antonio, episcopo meo”
Santo Antônio aparece na história da Ordem Franciscana quase como elemento-surpresa. Ele revela de forma surpreendente seus dotes de grande pregador, fundado numa sólida preparação doutrinal, quando, em 1221, foi convidado a pregar numa ordenação sacerdotal, em Forli, na Itália. Daí em diante inicia realmente o seu oficio de pregador, confundindo os hereges (donde lhe vem o título “Martelo dos hereges”), e causando grande admiração por parte do papa Gregório IX quando este ouve uma pregação de Santo Antônio em 1228. O Papa chama-o de “Arca do Testamento” e “Armadura da Sagrada Escritura”.

Pelo fato de Santo Antônio estar ricamente ornado pela Sagrada Escritura, por sua sólida formação teológica e doutrinal, Francisco de Assis dá-lhe um titulo inusitado chamando-o de “episcopo meo” (= meu bispo). Sabemos que Frei Antônio jamais recebera uma mitra episcopal. Este titulo Francisco lhe dá para exprimir sua profunda veneração pelos verdadeiros teólogos e pregadores, enquanto dispensadores da Palavra de Deus. De Tomás de Celano, o primeiro Biógrafo de Francisco, podemos colher este depoimento: “Queria que os ministros da palavra se entregassem totalmente aos estudos espirituais… E afirmava: o pregador tem que haurir primeiro na oração, feita em segredo, aquilo que depois vai derramar em palavras sagradas. Tem que se afervorar primeiro por dentro, para não proferir palavras frias. Afirmava que este oficio devia ser respeitado e que todos deviam venerar os que o exercem. Dizia: eles são a vida do corpo, eles é que combatem os demônios, eles são a luz do mundo. Achava que os doutores em sagrada escritura mereciam honras ainda maiores. Certa ocasião fez escrever o seguinte como norma geral: devemos honrar e venerar todos os teólogos e os que nos administram as palavras de Deus como aqueles que nos administram espírito e vida” (2Cel 163). Esta “norma geral” encontramos no v. 13 do Testamento de São Francisco.

Portanto, este título: “episcopo meo”, é antes de tudo uma expressão de louvor e elogio que Frei Francisco presta a Frei Antônio pelo ofício específico que desempenha dentro da Ordem: o de Pregador e Teólogo. Sabemos que, na Idade Média, o ofício da pregação dogmática era um encargo reservado unicamente aos prelados (bispos) e, em alguns casos, também a determinados sacerdotes, desde que estes sacerdotes estivessem devidamente preparados e tivessem recebido uma autorização especial do bispo para esta pregação doutrinal. Nesse sentido, por Frei Antônio preencher estes requisitos, Francisco lhe presta esta homenagem carinhosa e fraterna.

Se de um lado temos a pregação dogmática, de cunho mais doutrinal, reservada unicamente aos que recebiam tal permissão, por outro lado temos a pregação penitencial, de cunho parenético, que todos os irmãos receberam no momento da aprovação oral da primeira forma de vida apresentada ao Papa Inocêncio III, em 1209: “Ide com o Senhor, irmãos, e conforme o Senhor dignar inspirar-vos, pregai a todos a penitência” (1CeI 33).

Aquilo que Santo Antônio agora deverá fazer (“ler a Sagrada Teologia”), servirá para que os irmãos melhor possam viver sua vida penitencial e para que, no viver esta vida, a pregação fosse eminentemente teológica.

1.2. “Placet mihi quod sacram theologiam legas fratribus”

Esta carta nos mostra um consentimento dado por Frei Francisco a Frei Antônio: “placet mihi”. Este “p1acet”, termo técnico usado no Direito, exprime a concordância de Francisco, seu estar de acordo, inclusive, seu agrado na decisão que toma frente à realidade nova dos estudos dentro da Ordem. Realidade esta que se manifesta na expressão “placet”: uma sensação de gozo e prazer por participar dessa decisão. Assim, creio que este “apraz-me” (placet mihi) vai muito além de um simples consentimento a um caso isolado, mas pode tratar-se de um alegre e amplo consentimento do Poverello de Assis para que os irmãos, aos quais o Senhor dá a graça de estudar a Sagrada Teologia; realmente fossem santos teólogos que “administrassem espírito e vida” (Test 13).

Sem dúvida, existe agora na Ordem Franciscana uma realidade nova que vai exigir uma resposta atualizada: o “mandatum” da pregação penitencial, conferido pela Igreja em 1209, com o passar dos anos requer uma nova resposta por parte da fraternidade minorítica. A Igreja passa a exigir algo a mais dessa pregação penitencial. Por isso, para melhor poderem desempenhar o oficio da pregação dentro da Igreja, conforme prevê a Regra (cf. RB 9,1-4), se faz necessário uma preparação mais sólida.

“Legas fratribus”: o verbo “legere” (= ler) tem no latim medieval o significado de ensinar. Conseqüentemente, o “legens” ou “lector” (= leitor) é aquele que ensina. Inclusive, no mundo monástico, o leitor era o mestre da formação dos monges. Também nas escolas o leitor era aquele que tinha como oficio ler e explicar a Sagrada Escritura aos alunos.

Portanto, este “placet”. para que Frei Antônio desempenhe na Ordem o oficio de “leitor”, demonstra ainda a catolicidade de Francisco, isto é, o espírito de abertura e a grande sensibilidade eclesial que sempre carregou no seu coração.

“Sacram theologiam”: não sei se esta era uma expressão usual. Seja como for, a Teologia. como tudo aquilo que está na esfera do divino, Francisco as cerca e reveste sacralmente: “santa Mãe do Senhor”, “santas Palavras”, “santa Cruz”, “santos cálices”, “Sagrada Teologia” etc. A Teologia não somente é sagrada pelo fato de ela ser um “discurso sobre Deus” (= teologia), mas também porque, a meu ver, aponta para um modo próprio de se fazer teologia. Assim, para o religioso, a teologia não é uma ciência especulativa, mas empenho sagrado através do qual se mergulha, de corpo e alma, no espírito do discurso divino. Os que se dedicam à Sagrada Teologia, especialmente os que por profissão religiosa já deveriam transpirar pela vida o discurso sagrado do divino, devem “afervorar-se por dentro” para poder “transmitir espírito e vida” (cf. 2Cel 163).

Olhando para uma das Admoestações de São Francisco, podemos perceber que existe um modo sagrado (“sacer”) e um modo “profano” (carnal) de se fazer teologia: “A letra mata. o espírito vivifica. São mortos pela letra aqueles religiosos que cobiçam só saber palavras … São mortos pela letra aqueles religiosos que não querem seguir o espírito da divina letra, porém só cobiçam saber palavras e interpretá-las aos outros. E são vivificados pelo espírito da divina letra os que não atribuem ao corpo toda a letra que sabem e cobiçam saber, mas pela palavra e pelo exemplo deixam-na ao Altíssimo Senhor Deus de que é todo o bem” (Adm 7).

Na seqüência da Carta a Santo Antônio isso também vem confirmado, quando aí se pede que, nesse estudo, não se deve extinguir o “espírito da santa oração e devoção”. Mesmo se o estudo da Sagrada Teologia apareça dentro da Ordem por exigências eclesiais, seja para protegê-la como também para dar aos irmãos uma sólida preparação doutrinal, a fim de melhor poderem reagir frente aos ataques dos missionários heréticos. Francisco não deixa de dar uma orientação precisa aos irmãos naquilo que consiste a verdadeira teologia: um empenho sagrado!

1.3. “Dummodo inter huius studium”

“Dummodo” (= contanto que, desde que): Esta conjunção é extremamente importante porque se trata de uma condição para que o “placet” tenha seu peso jurídico, e o “legas” se viabilize numa prática sagrada. Portanto, é uma conjunção que liga o “placet” e o “legas” da Sagrada Teologia com a orientação de se fazer uma teologia segundo o espírito.

“Inter”: (= dentro): não é apenas uma preposição que aponta para o estudo como tal (“huius studium”), mas fala de uma circunstância de tempo, ou seja, da ação do estudo no seu desenvolver pleno. Em outras palavras: sempre que se estuda a Sagrada Teologia (“huius studium”), esse estudo deverá ser feito dentro (“inter”) do espírito da santa oração e devoção.

“Huius studium” (= nesse estudo): nos seus Escritos, Francisco de Assis privilegia o verbo “studere”. Mas não se trata de estudar para acumular um determinado cabedal de conhecimentos. O “studere” do qual Francisco mais fala é aquele no qual se adquire a sabedoria do espírito. Como já temos visto na 7ª Admoestação, existe uma consciência de que o estudo pode ser uma tentação que fere o espírito da pobreza, principalmente quando se trata de um estudo segundo o espírito da carne (do “eu”). O “placet” que Frei Francisco dá a Frei Antônio é para que ele, no seu ensino aos irmãos, os faça crescer, “inter huius studium”, na sabedoria (“sapere” = sabor) do espírito.

1.4. “Orationis et devotionis non exstinguas spiritum” (= não extingas o espírito da oração e devoção)

O que deve mover sempre a vida do Religioso, bem como de todo Cristão, é a ação do “espírito da santa oração e devoção”. Assim esta vida se plenifica na medida em que ela se abre à ação gratuita do Espírito do Senhor: “Eis o meio de reconhecer se o servo de Deus tem o Espírito do Senhor: se Deus por meio dele operar alguma boa obra, e ele não o atribuir a si, pois o seu próprio eu (= carne) é sempre inimigo de todo bem … ” (cf. Adm 12).

Verificamos aqui, no contexto desta pequena carta, a contraposição sutil que Francisco faz entre “spiritum” e “exstinguas”: se por “espírito” entendermos o sopro ou o hálito vital de Deus no homem, segundo o próprio conceito bíblico, já o “extinguir” aponta para uma ação inversa. Assim, o “extinguir” não é meramente um fazer desaparecer, mas vem carregado da conotação de fazer morrer, matar, aniquilar o hálito vital. É o mesmo que dizer em grego “thánatos”, que significa a extinção e o apagamento da luz da vida.

Assim, ao dizer “não extinguir o espírito da oração e devoção”, trata-se de um pressuposto básico àquele que ensina e estuda a Sagrada Teologia e que, aliás, deve estar presente no religioso até antes do próprio estudo. E, se é anterior ao estudo, continua a ser uma admoestação àqueles que estudam, a fim de não caírem na tentação da carnalidade do saber teológico, pois este saber extingue e mata no religioso o discurso sapiencial das coisas divinas.

Portanto, o empenhar-se espiritualmente no estudo da Sagrada Teologia, com devoção e oração, exige o contínuo esforço para se manter vivo o sabor do espírito e, sem a posse desse espírito, não pode nem sequer acontecer a verdadeira teo-logia, e muito menos a Verdade Teológica. Pois, o “espírito da oração e devoção” é o que unge o coração do teólogo, assim como unge o coração do religioso nos mais diferentes ofícios que ele desempenha dentro da fraternidade: seja no trabalho, na oração, no estudo e na pregação. Em tudo e por tudo deve estar presente a unção vital do espírito para se poder transmitir retamente espírito e vida.

1.5. “Sicut in Regula continetur” (= como está contido (convoca) a Regra)

Em duas passagens da Regra Bulada se admoesta sobre a necessidade de não extinguir o espírito da oração e devoção: no capítulo V, quando fala do trabalho e no capítulo X, quando diz que “os que não têm estudos não procurem adquirir, mas cuidem que, antes de tudo, devem desejar o espírito do Senhor e o seu santo modo de operar” (RB 10.8).

Qualquer oficio dentro de uma fraternidade evangélica não pode e nem deve ser executado funcionalmente. O oficio não possui um fim último em si mesmo, mas sempre é meio para se buscar e viver “o único necessário”, isto é, o estar sempre na posse do “espírito do Senhor e seu santo modo de operar”.

Nos textos acima, RB 5.2 e 10.8, Francisco não faz uma admoestação no sentido de se posicionar contrário ao estudo. A exortação da Regra visa advertir o religioso para não cair na avidez do saber pelo saber que mata, no estudo da teologia, o espírito do Senhor, da mesma forma como o trabalho pelo trabalho também extingue o mesmo espírito. O trabalho e o estudo, bem como qualquer outro ofício, podem se interpor entre o religioso e o Senhor, impedindo assim o exercício da caridade e da humildade e, principalmente, impossibilitando no religioso o “rezar sempre a Deus de coração puro” (RB 10,10). Em outro texto Francisco faz a mesma advertência: “removam todos os obstáculos e rejeitem todos os cuidados e solicitudes, para, com o melhor de suas forças, servir, amar, adorar e honrar, de coração reto e mente pura, o Senhor nosso Deus, pois é isto o que Ele deseja sem medida. E preparemos-lhe sempre dentro de nós uma morada permanente … ” (cf. RnB 22.23-24).

Poderíamos dizer ainda, num sentido bem amplo, que a expressão “como está contido na Regra” vai além das duas citações explícitas acima mencionadas. O estudo da Sagrada Teologia recebe o “placet” de Francisco na medida em que este estudo estiver em conformidade com a totalidade das prescrições da Regra e, principalmente, se corresponder à premissa básica da mesma enquanto convocação para se viver em conformidade com o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo (cf. RB 1.1). Assim, uma teologia vivida e orientada a partir da Verdade do Evangelho (Cristo) só pode receber de Francisco um “placet” muito generoso e alegre.

2. Um modo franciscano de se estudar a Sagrada Teologia? (A título de conclusão)

Esta pequena Carta a Santo Antônio é extremamente provocativa naquilo que se refere ao estudo da Sagrada Teologia, segundo o pensamento de São Francisco de Assis. Existem, nas Fontes Franciscanas, diversas indicações preciosas que nos levam a crer que, da parte de São Francisco, não existia algum ressentimento ou aversão ao estudo como tal, desde que esse estudo favorecesse a “santidade interior do espírito” (RnB 17,12).

A própria vida penitencial, abraçada por Francisco, Antônio e Fraternidade, significa aprender a “sabedoria do alto, que vem de Deus” (2Cel 102), e esta sabedoria não se aprende sentado em cadeiras acadêmicas! O apoderar-se da ciência, dos talentos, das sabedorias, segundo a Carta aos Fiéis, leva o homem à dura experiência da morte, “perdendo, ainda neste mundo passageiro, a alma e o corpo” (2CtF 82-85).

Francisco não despreza e muito menos coloca em níveis inferiores a ciência das coisas santas. A verdadeira inteligência não passa pelo crescer da ciência no homem, mas por um amor a Deus. O Santo de Assis se preocupa com o futuro, especialmente quando a cobiça do saber poderia levar os irmãos a uma terrível presunção: “julgar-se-iam mais fervorosos e mais inflamados no amor de Deus por causa da inteligência das Escrituras; quando, precisamente com o crescer da ciência, ficariam, por dentro, frios e vazios, e assim, não podendo regressar à sua antiga vocação, porque teriam deixado passar o tempo que lhes fora concedido para nela viverem” (LP 70). E ainda, dentro do mesmo contexto da Legenda Perusina, se diz que ele, Francisco, dedicava o maior apreço aos doutos da Ordem e outros sábios. enquanto esses nos “comunicam espírito e vida”.

Esta mesma doutrina certamente Francisco não passou somente a Santo Antônio nesta carta, mas também a encontramos na vida dos outros irmãos. E um exemplo belíssimo encontramos nos assim chamados “Ditos de Frei Egídio”, onde este mestre contemplativo nos deixa esta sentença: “Não procures estudar muito para a utilidade dos outros, mas estudes e procures e empregues as coisas que sejam úteis a ti mesmo; porque, muitas vezes, queremos adquirir muita ciência para ajudar os outros, e pouca para ajudarmos a nós mesmos” (Ditos n. 13).

Assim, creio que Santo Antônio captou muito bem e em grande profundidade a doutrina de São Francisco para que, no Studium de Bolonha, pudesse realmente transmitir aos irmãos o gosto pela Sagrada Teologia, sempre em conformidade com o “espírito da santa oração e devoção”. São Francisco, com sua vida e pregação penitencial, e Santo Antônio, com sua vida penitencial e pregação doutrinal, ambos percorreram o mundo “não em eloquência persuasiva da sabedoria humana, mas na doutrina e na demonstração do Espírito” (1Cel 36). A vida interior de ambos se caracterizou, para usar uma expressão de São Boaventura, pela “total hospitalidade do Espírito do Senhor, sendo corretos intérpretes das Escrituras, e dóceis nos ensinamentos, a fim de conquistar a pérola preciosa de que fala o Evangelho” (LM 12. 2.14).

A Carta de São Francisco a Santo Antônio, portanto, vai muito além de um mero consentimento. Ela não estaria representando uma decisão significativa e derradeira de Francisco sobre a questão dos estudos na Ordem? Se assim o admitirmos, esta carta estaria deixando de ser uma carta confidencial e privativa e assumiria uma legislação definitiva para toda a Ordem no que se refere ao estudo da Sagrada Teologia, bem como uma atitude espiritual frente às demais ciências que, bem cedo, começaram a fazer parte da vida dos Irmãos Menores em Bolonha, Paris, Oxford e demais centros de estudo.

Frei Fidêncio Vanboemmel, Ofm

Texto publicado na Revista “Grande Sinal”, editada pelo Instituto Teológico Franciscano, 1995

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